10 fevereiro, 2011

MOÇÃO DE APOIO AO POVO EGÍPCIO

Enviaram-me ontem uma moção de apoio ao povo egípcio.
Apesar de não estar perfeita e totalmente de acordo com a sua redacção, essas diferenças são menores, quando comparadas com o dever de solidariedade que tenho como ser humano e como cidadão perante os meus irmãos egípcios na sua luta pela dignidade, liberdade e democracia, e perante os proponentes da moção que desta forma dão testemunho, mais uma vez, da sua solidariedade e  pretendem mobilizar , também desta forma, o nosso apoio.

(Aliás estas palavras não pretendem marcar diferenças mas antes conclamar outros que como eu as possam ter, a afastá-las perante um Bem Maior, que é sermos solidários com quem se pretende erguer e libertar da opressão.)

Solidariedade essa já recusado na Assembleia da República, no passado dia 4 de Fevereiro, pelo eixo PS-PSD, que contou ainda com a abstenção do PP.

Quatro deputados socialistas - Vera Jardim, Jamila Madeira, Defensor Moura e Manuel Mota, também se abstiveram desconhecendo eu a razão da sua posição..

A favor votaram o Bloco de Esquerda, que tinha apresentado o projecto "Voto de Solidariedade com a luta pela democracia no Egipto", o Partido Comunista Português e o Partido Ecologista "Os Verdes".

E pergunto-me, depois de ler o texto deste voto de solidariedade o que terá ele de errado para que um qualquer conservador e/ou liberal, desde que tenha como seus os valores da dignidade humana, das liberdades, da democracia e dos direitos humanos, o não possa subscrever de boa fé?

À arreata de que interesses estrangeiros andarão estes deputad@s para recusarem um voto de mera solidariedade ?

Ao serviço dos interesses nacionais claramente plasmados na Constituição da República, nomeadamente ao  longo do seu artigo 7.º , pelo que se verifica... não estarão certamente!.

(Só uma breve transcrição, entre outras aplicáveis desse mesmo artigo: "Portugal reconhece  o direito dos povos... à insurreição contra todas as formas de opressão" -n.º 3.)


Não me é possível transcrever o debate das razões adiantadas pelos que recusaram solidariedade, pois o Diário da AR referente à sessão do dia 4 ainda não está disponível. Mas entre acusações de "voto oportunista" feitas ao BE, por Francisco Assis, passando pela pusilâme argumentação de Calos Gonçalves pelo PSD, de que "não faz sentido aprovar o voto do BE num momento de ainda grande incerteza"; até à "leitura" de Nuno Magalhães do PP de que o voto é "extemporâneo" e de que a revolta do povo egípcio estaria sujeita a "infiltrações", tudo neste campo do "Centrão", confluiu na recusa de um voto de solidariedade com os que procuram recuperar a dignidade e a liberdade contra uma tirania ignóbil.

Assim aqui fica moção para que a subscrevam e a difundam.

(Como não indicaram um email para onde possamos dar conta da nossa solidariedade sugiro que utilizemos o email do primeiro subscritor a Associação Abril - associabril@gmail.com ).


MOÇÃO DE APOIO AO POVO EGÍPCIO
Há mais de duas semanas que, consecutivamente, centenas de milhares de pessoas se manifestam nas principais cidades do Egipto exigindo o fim do regime de Hosni Mubarak. O apoio internacional é importante para que os direitos do povo egípcio sejam atendidos. Nesse sentido, convidamo-lo a subscrever e a divulgar a seguinte moção:

Apoio ao povo egípcio

Desde 25 de Janeiro, a revolta popular no Egipto exige o fim do regime liderado por Hosni Mubarak. Mais de 300 pessoas foram, entretanto, mortas pelas forças repressivas.

Mas, longe de perder força, a revolta continua e ganha mais adeptos. 
No sétimo dia de protestos, mais de um milhão de pessoas manifestaram-se no Cairo e muitas mais centenas de milhares concentraram-se nas principais cidades do Egipto.

As suas exigências são as mesmas por todo o país: demissão do presidente Hosni Mubarak, fim do regime instaurado há 30 anos, liberdade, melhores condições de vida.

A resposta do regime resume-se a procurar ganhar tempo, a lançar provocadores contra os manifestantes, a fomentar a insegurança – tentando com isso desmoralizar e desmobilizar os protestos.

Juntando-se às acções de solidariedade que decorrem por todo o mundo, os cidadãos e as organizações abaixo-assinados

Manifestam o seu completo apoio à luta e às exigências do povo egípcio;

Reclamam das autoridades portuguesas, designadamente, do Presidente da República, do Governo e da Assembleia da República,

- que reconheçam publicamente a justeza dessas mesmas exigências;
- que desenvolvam a acção diplomática necessária para que as autoridades egípcias respondam cabalmente às reivindicações populares abdicando sem mais demora do poder e abstendo-se de reprimir os manifestantes.

Lisboa, 1 de Fevereiro de 2011

Associação Abril
Bloco de Esquerda
Colectivo Casa Viva, Porto
Colectivo Mudar de Vida
Colectivo Mumia Abu-Jamal
Colectivo Política Operária
Comité de Solidariedade com a Palestina
Fórum Pela Liberdade e Direitos Humanos
Pagan/Plataforma anti-Nato anti-guerra
Resistir.info
SOS Racismo
Terra Viva (Porto)
Tribunal-Iraque (Audiência Portuguesa do Tribunal Mundial sobre o Iraque)

Alfredo Martins (Porto)
Ana Ribeiro (membro da mesa da assembleia geral da Associação José Afonso)
António Cunha (membro do colectivo Casa Viva, Porto)
António Pedro Valente (membro do colectivo Casa Viva, Porto)
António Sequeira (membro da Direcção da Associação José Afonso)
Domingues Rebelo (técnico oficial de contas, Porto)
Fernando Lacerda (presidente da direcção da Tane Timor – associação Amparar Timor)
Francisco Silvério de Almeida Fernandes (membro do núcleo do norte da Associação José Afonso)
Joana Afonso (membro do núcleo do norte da Associação José Afonso)
Judite Almeida (membro da direcção do Sindicato dos Professores do Norte)
Lígia Cardoso (membro da direcção da Tane Timor – associação Amparar Timor)
Maria José Ribeiro (dirigente do Sindicato Nacional dos Profissionais de Seguros e Afins)
Paulo Esperança (membro da Direcção da Associação José Afonso)

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