30 dezembro, 2008

Gaza: «choque e pavor»

"Gaza: «choque e pavor»", é um artigo inédito de Alain Gresh, publicado no site do "Le Monde Diplomatique", que vos recomendo vivamente e que passo a transcrever:

Sábado, dia 27 de Dezembro, a aviação israelita fez raides assassinos contra Gaza. De acordo com as autoridades israelitas, os lugares visados eram centros de comando do Hamas e das suas forças armadas. O balanço deste dia eleva-se a mais de 270 mortos e várias centenas de feridos. Numerosos civis foram atingidos, como relata o correspondente do The New York Times em Gaza, Taghreed El-Khodary («Israeli Attack Kills Scores Across Gaza»):

«No hospital de Shifa, numerosos corpos jaziam na morgue, esperando que a sua família os viesse identificar. Muitos estavam desmembrados. No interior, a família de um bebé de cinco meses que tinha sido gravemente ferido na cabeça por um rebentamento de obus. Com o hospital sobrelotado, o seu pessoal parecia incapaz de prestar ajudar. Na esquadra de polícia de Gaza, pelo menos quinze agentes de trânsito que estavam a treinar foram mortos. Tamer Kahruf, 24 anos, um civil que trabalhava numa obra de construção civil em Jabaliya, no Norte de Gaza, explica que os seus dois irmãos e o seu tio foram mortos sob os seus olhos quando a aviação israelita bombardeou um posto de segurança nos arredores. Kahruf está ferido e sangra da cabeça.»

Vítima desde há várias semanas de um bloqueio total, Gaza (e os seus médicos, evidentemente) está impossibilitada de cuidar dos feridos em condições normais.

O sítio Internet Free Gaza recolheu numerosos testemunhos de estrangeiros e de palestinianos no terreno que dão uma ideia da dimensão dos ataques.

O Hamas ripostou disparando várias dezenas de mísseis sobre Israel. Um israelita foi morto e vários foram feridos em Netivot e Ashkelon.

No domingo, dia 28, de manhã, as agências de imprensa anunciavam que o exército israelita estava a concentrar as suas tropas terrestres à volta de Gaza. Os bombardeamentos tinham sido retomados, tendo os raides israelitas atingido desta vez, designadamente, uma mesquita e uma estação de televisão. De acordo com o ministro da Defesa Ehud Barack, em caso algum punham a hipótese de um cessar-fogo: «É necessário mudar as regras do jogo» (« Israel resumes Gaza bombardment », Al-Jazeera English, 28 de Dezembro).

Na sexta-feira, Israel tinha excepcionalmente reaberto três pontos de passagem e deixado passar várias dezenas de camiões. Segundo um comentador israelita que defende o ponto de vista do seu governo, esta abertura fazia parte de actos de «diversão e de camuflagem adoptados pelo governo nos últimos dias» para apanhar o Hamas de surpresa. A escolha de um dia de sabat também. O mesmo comentador, Ron Ben-Yishal, explicou a 27 de Dezembro no sítio Internet a estratégia israelita: «Shock Tretment in Gaza».

«O que começou em Gaza no sábado de manhã é aparentemente uma acção limitada, visando obter um cessar-fogo a longo prazo entre o Hamas e Israel, em termos favoráveis a Israel. Estes termos incluiriam o fim dos ataques com morteiros e mísseis; o fim dos ataques terroristas através da fronteira de Gaza; negociações séria para a libertação de Gilad Shalit; e a suspensão do reforço militar do Hamas. O meio para garantir os objectivos mencionados é, literalmente, um “tratamento de choque”. Assim, o Hamas já não será capaz de tomar a iniciativa, e será Israel que tomará a iniciativa e mostrará ao Hamas que vai responder de forma “desproporcionada” de cada vez que os habitantes do Negev Ocidental forem bombardeados. Nesta fase, não falaremos do derrube do regime do Hamas, mas sobretudo da formulação de novas regras do jogo e de um esforço para pressionar o Hamas a aceitar um novo cessar-fogo.»

No sítio Internet do diário Haaretz, Amos Harel assinou um comentário intitulado «IAF strike on Gaza is Israel’s version of ‘shock and awe’».

«Os acontecimentos ao longo da frente Sul que começaram sábado de manhã, às 11h30, parecem-se muito com uma guerra entre Israel e o Hamas. É difícil dizer onde (geograficamente) e por quanto tempo vai prosseguir a violência antes de uma intervenção da comunidade internacional com vista à suspensão das hostilidades. Todavia, a salva de abertura israelita não é uma operação “cirúrgica” ou um ataque limitado. É o assalto mais violente a Gaza desde que este território foi conquistado em 1967.»

Esta ofensiva coloca-se também no quadro, se assim se pode dizer, da campanha eleitoral israelita. No dia 10 de Fevereiro de 2009 terão lugar eleições gerais e cada um dos candidatos faz apostas ousadas. Mesmo o partido de esquerda Meretz apelou, antes do desencadeamento do ataque israelita, a uma acção armada [1]. Em contrapartida, o Gush Shalom, a organização de Uri Avnery, condenou firmemente a acção israelita e os ditos apoiantes da paz, como Amos Oz, que a apoiam. Lembremos que em Fevereiro de 1996, o primeiro-ministro de então, Shimon Peres, tinha lançado uma ofensiva contra o Líbano («Uvas da cólera») – que ficou célebre pelo massacre de Cana, com uma centena de refugiados mortos – na esperança de ganhar as eleições que se preparavam. Resultado: Benyamin Netanyahu ganhou e tornou-se primeiro-ministro. No sábado à noite, um milhar de pessoas manifestou-se em Telavive contra os ataques israelitas.

É interessante notar que os comentadores israelitas, como a maior parte dos comentadores da imprensa ocidental, não assinalam a razão mais importante do falhanço do cessar-fogo de seis meses, que durou de 19 de Junho até 19 de Dezembro. Como nos confirmou Khaled Mechaal, chefe da comissão política do Hamas na semana passada, o acordo compreendia, para além do cessar-fogo, o levantamento do bloqueio de Gaza e um compromisso do Egipto em abrir a passagem de Rafah. Ora, não só Israel violou o acordo de cessar-fogo lançando um ataque que matou várias pessoas no dia 4 de Novembro, como os pontos de passagem não foram reabertos senão parcialmente, e o bloqueio foi mesmo reforçado nas últimas semanas. A população, que era largamente favorável ao acordo em Junho, exige hoje uma clarificação: ou a guerra ou a abertura incondicional dos pontos de passagem e o fim da chantagem permanente que permite a Israel matar lentamente à fome (e privar de cuidados de saúde) a população. Esta está certa quando acusa Israel, como relata o sítio Internet da Al-Jazeera em inglês: «Gazans: Israel violated the truce» (Mohammed Ali).

O presidente Nicolas Sarkozy reagiu com um comunicado. «O presidente da República exprime a sua mais viva preocupação perante a escalada da violência no Sul de Israel e na Faixa de Gaza. Condena firmemente as provocações irresponsáveis que conduziram a esta situação, assim como o uso desproporcionado da força. O presidente da República deplora as importantes perdas civis e exprime as suas condolências às vítimas inocentes e às suas famílias. Pede a paragem imediata dos lançamentos de mísseis sobre Israel, assim como dos bombardeamentos israelitas sobre Gaza, e apela à moderação de ambas as partes. Lembra que não existe solução militar em Gaza e pede a instauração de uma trégua duradoura.»

Num comunicado publicado na sequência do seu encontro com Abul Gheit, ministro egípcio dos Negócios Estrangeiros, Bernard Kouchner reiterou as mesmas posições, acrescentando todavia que a França pedia «a reabertura dos pontos de passagem», um ponto ignorado por Sarkozy.

A senadora Nathalie Goulet, da UMP (União para um Movimento Popular), pertencente à Comissão dos Negócios Estrangeiros, publicou a declaração seguinte: «Como sempre, Israel faz um uso excessivo da força perante a indiferença da comunidade internacional, que deixa degradar-se a situação em Gaza há meses e meses. Não há que culpar nem o Irão nem o Hamas, mas a inércia da comunidade internacional, o apoio sistemático da política americana a Israel e a intolerável “atitude dupla” das organizações internacionais. Israel viola desde há quarenta anos dezenas de resoluções da ONU, sem embargo, sem sanções e com toda a impunidade. A situação é insuportável para os habitantes civis de Gaza desde há anos. A situação tem vindo a degradar-se, com o seu cortejo de humilhações e uma sede de vingança. Olho por olho tornará o mundo cego, disse Gandi. Há já demasiado, demasiado tempo que estamos cegos e surdos em relação ao sofrimento do povo palestiniano.»

Os ataques também suscitaram as condenações habituais dos países árabes. Uma reunião de emergência da Liga Árabe terá tido lugar no domingo. O Egipto declarou que acusava Israel como responsável; esta afirmação é talvez uma resposta a informações da imprensa israelita que afirmam que o Cairo teria dado luz verde a uma operação limitada a Gaza visando derrubar o Hamas («Report: Egypt won’t object to short IDF offensive in Gaza», por Avi Issacharoff, Haaretz, 25 de Dezembro). Um outro artigo do Haaretz publicado no dia 28 de Dezembro, e que descreve a campanha de desinformação do governo israelita antes da ofensiva de Gaza, explica que Tzipi Livni, a ministra dos Negócios Estrangeiros, tinha informado o presidente Mubarak do ataque («Disinformation, secrecy and lies: How the Gaza offensive came about», por Barak Ravid). A cumplicidade do Cairo é confirmada por um relatório da Y-net, «Egypt lays blame on Hamas», por Yitzhak Benhorin (27 de Dezembro), que retoma as declarações do ministro egípcio dos Negócios Estrangeiros Abul Gheit, explicando que o seu governo tinha prevenido o Hamas e que os que não tinham escutado estes avisos assumiam a responsabilidade da situação (sobre as razões da política egípcia, ler esta entrevista com Khaled Mechaal).

Nestas condições, é duvidoso que estas condenações árabes conduzam a resultados. A única iniciativa espectacular e eficaz que o Cairo poderia tomar seria reabrir a ponte de passagem de Rafah, o que não quer fazer de modo nenhum – até agora, limitou-se a abrir a passagem aos feridos palestinianos. E, de acordo com a agência de imprensa Maan, nenhum ferido se apresentou, afirmando os médicos palestinianos que o transporte dos feridos graves é impossível, a menos que o Egipto envie helicópteros («Not one Gazan at Rafah crossing despite Egyptian promise to treat wounded, country to send medical supplies instead», 27 de Dezembro).

Para lá do bloqueio, é necessário lembrar que:


  • a recusa da comunidade internacional em reconhecer o resultado das eleições legislativas de Janeiro de 2006, que deram a vitória aos candidatos do Hamas, contribuiu para a escalada israelita; assim como a recusa de admitir realmente o acordo de Meca entre a Fatah e o Hamas;


  • a União Europeia e a França em particular, quaisquer que sejam a suas tomadas de posição, encorajam concretamente a política israelita, designadamente recompensando Israel pela melhoria das relações entre Israel e a União Europeia, apesar das violações repetidas por Israel de todos os compromissos (diminuição do número de check-points, desmantelamento dos colonatos «ilegais», etc.);


  • finalmente, lembremos esta verdade, cuja evidência é demasiadas vezes ocultada: a Cisjordânia, Gaza e Jerusalém Oriental estão ocupadas desde há mais de quarenta anos. É esta ocupação que é a fonte de toda a violência no Médio Oriente.
Notas:
[
1] «Leftist Meretz issues rare call for military action against Hamas», por Roni Singer-Heruti, Haaretz, 25 de Dezembro.

Navio com ajuda humanitária abalroado por vedeta israelita

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Aqui fica o link para a notícia da Reuters publicada pelo meio de comunicação israelita Haaretz.com.
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Está em Inglês. (A propósito. Tradutor@s pro bono inscrevam-se).
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Transcrevo a versão do "Free Gaza" (Gaza Livre) Movement, também em Inglês, que me foi enviada por mail esta manhã.
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(Mais tarde será publicado o resumo possível em Português).
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O "Free Gaza" promoveu esta acção humanitária, na continuidade do seu trabalho humanitário, (Ver o post em Romperam o bloqueio de um “gueto” chamado Gaza. (24.08.2008), que envolvia o envio de três toneladas de material médico e medicamentoso e o transporte de 3 médicos voluntários, num total de 15 acivistas de diversas nacionalidades.


(Larnaca, Cyprus, 10:00 am)

On Tuesday, December 30, at 5 a.m., several Israeli gunboats intercepted the Dignity as she was heading on a mission of mercy to Gaza.

One gunboat rammed into the boat on the port bow side, heavily damaging her.
The reports from the passengers and journalists on board is that she is taking on water and appears to have engine problems.

When attacked, the Dignity was clearly in international waters, 90 miles off the coast of Gaza.

The gunboats also fired their machine guns into the water in an attempt to stop the mercy ship from getting to Gaza.

As the boat limps toward Lebanon, passengers have been in contact with the Lebanese government who have said the captain has permission to dock and are willing lend assistance if needed.

Cyprus sea rescue has also been in touch, and has offered assistance as well.

The Dignity clearly flies the flag of Gibraltar, is piloted by an English captain and has a passenger manifest that includes Representative Cynthia McKinney from the U.S.

The attack was filmed by the journalists, and the crew and passengers will report on Israel's crime at sea once they arrive in Lebanon.

On board the boat are doctors traveling to this impoverished slice of the Mediterranean to provide badly-needed relief at the hospitals there.

The crew and passengers were also hoping to take wounded out for treatment, since the hospitals are not coping.

In addition, the Dignity was carrying 3 tons of medical supplies at the request of the doctors in Gaza.

The three physicans on board who were sailing to Gaza are:



  • Dr. Halpin (UK), an experienced orthopaedic surgeon, medical professor, and ship's captain. He has organized humanitarian relief efforts in Gaza on several occasions with the Dove and Dolphin. He is traveling to Gaza to volunteer in hospitals and clinics.
  • Dr. Mohamed Issa (Germany), a pediatric surgeon from Germany is traveling to Gaza to volunteer in hospitals and clinics.


  • Dr. Elena Theoharous (Cyprus), MP Dr. Theoharous is a surgeon and a Member of the Cypriot Parliament. She is traveling to Gaza to assess the ongoing conflict, assist with humanitarian relief efforts, and volunteer in hospitals.
Yet Israel thumbs its nose in the face of maritime law by attacking a human rights boat in international waters and has put all of these human rights observers at risk. At no time was the Dignity ever close to Israeli waters. They clearly identified themselves and the Israeli attack was willful and criminal.

The Dignity is still in international waters, 40 miles off Haifa. Everybody on board is safe at the moment as the boat slowly makes its way to safety in Lebanon.
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(Entretanto veja a última posição do MNE no Público. Para mim é positiva mas não basta. O que é preciso é cumprir e fazer cumprir as resoluções das Nações Unidas e finalmente estabelecer o Estado da Palestina. Sem este pressuposto não haverá Paz)

29 dezembro, 2008

A posição da União Europeia sobre a situação em Gaza

São 19:36 do dia 29 de Dezembro de 2008 e a Presidência da União Europeias continua silenciosa sobre a tragédia humanitária em curso em Gaza, Palestina.

Pode confirmar em: http://europa.eu/press_room/index_fr.htm

ACTUALIZAÇÃO (20:55)

De acordo com notícia veiculada pelo Público às 19:46 a Presidência francesa da União Europeia resolveu convocar uma reunião de âmbito ministerial, que terá lugar amanhã em Paris para debater a crise no Médio Oriente.

A posição da CGTP sobre a situação em Gaza

De acordo com o Público a central sindical CGTP repudiou também hoje a ofensiva israelita, que classifica como "um autêntico genocídio" e um "hediondo crime de guerra".

"Nada pode justificar esta ofensiva sem precedentes contra um povo de um minúsculo território, um povo que ao longo de décadas vê as suas terras ocupadas ilegalmente e ao qual são negados os mais elementares direitos humanos, bem como o direito reconhecido pela ONU à constituição de uma pátria livre e soberana", defende a central sindical em comunicado.
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Para a CGTP, que exige uma tomada de posição pelo Executivo português e pela União Europeia, a acção israelita "só irá agravar as deploráveis condições de vida de milhões de palestinianos, em Gaza, na Cisjordânia" e "provocará consequências de uma dimensão imprevisível na conturbada região do Médio Oriente".

A posição do Partido Comunista Português sobre a situação em Gaza

O Partido Comunista Português já tomou posição num comunicado intitulado, Sobre o massacre israelita na Faixa de Gaza, onde afirma nomeadamente:
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O PCP condena o massacre israelita contra a população da Faixa de Gaza, desencadeado na sequência da escalada de violência premeditada por Israel e sustentada nas últimas semanas por várias acções provocatórias, assassinatos de activistas palestinianos e pelo bloqueio humanitário a Gaza e reclama do Governo português uma enérgica e inequívoca condenação dos ataques militares contra os territórios e o povo palestiniano.

Para conhecer a Nota do Gabinete de Imprensa do PCP sobre o massacre israelita na Faixa de Gaza

A posição do Bloco de Esquerda sobre a situação em Gaza

O Bloco de Esquerda já tomou posição num comunicado intitulado, Massacre em Gaza é "escalada num longo crime de guerra", onde afirma nomeadamente:

O cerco e a agressão a Gaza são um reiterado crime de guerra, cometido pelo Estado de Israel desde há mais de um ano. Esse crime entrou agora num novo patamar de brutalidade, suscitando ampla condenação no plano global. O Bloco de Esquerda acompanha a rejeição destes ataques, motivados pelo calendário eleitoral e pelo desprezo profundo que a elite israelita nutre pela vida dos palestinianos.
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A posição do PPD/PSD sobre a situação em Gaza

São 18:45 do dia 29 de Dezembro de 2008 e o PPD/PSD continua silencioso sobre a tragédia humanitária em curso em Gaza, Palestina.

Pode confirmar em: http://www.psd.pt/

A posição do Partido Socialista sobre a situação em Gaza

São 18:41 do dia 29 de Dezembro de 2008 e o Partido Socialista continua silencioso sobre a tragédia humanitária em curso em Gaza, Palestina.

Pode confirmar em: http://www.ps.pt/

A posição do Presidente da República sobre a situação em Gaza

São 18:37 do dia 29 de Dezembro de 2008 e o Presidente da República continua silencioso sobre a tragédia humanitária em curso em Gaza, Palestina.

ACTUALIZAÇÃO (2009.01.13):

Palavras do Presidente da República a 12 de Janeiro de 2009 por ocasião da Cerimónia de Apresentação de Cumprimentos de Ano Novo pelo Corpo Diplomático acreditado em Portugal.

"...
Mas o combate ao extremismo implica, também, a aposta no diálogo entre povos e civilizações, na diplomacia preventiva e na resolução de conflitos.

Neste contexto, não posso deixar de exprimir a minha forte preocupação com a situação que se vive na Faixa de Gaza e com as suas graves implicações humanitárias. É absolutamente necessário, neste momento, que o conflito dê lugar a um cessar-fogo permanente, que permita prestar auxílio aos que dele carecem e criar condições para um diálogo político frutuoso. É fundamental que as partes tenham a coragem de tomar as decisões capazes de garantir, a israelitas e palestinianos, o futuro de paz e de desenvolvimento económico e social a que têm direito.
..."

A posição do Governo Português sobre a situação em Gaza

São 18:29 do dia 29 de Dezembro de 2008 e o Governo Português continua silencioso sobre a tragédia humanitária em curso em Gaza, Palestina.

Pode confirmar no Portal do Governo: http://www.governo.gov.pt/Portal/PT/Comunicacao/

e no site do Ministério dos Negócios Estrangeiros (http://www.mne.gov.pt/mne/pt/)

ACTUALIZAÇÃO (20:35)

De acordo com noticía veiculada pelo Público às 19:46 o Governo Português tomou finalmente a seguinte posição:

"Portugal não pode deixar de lamentar os actos violentos que têm levado à perda de inúmeras vidas e condena o lançamento de 'rockets' a partir de Gaza e as operações militares em larga escala desencadeadas por Israel".
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Para o Executivo "importa estabelecer de imediato um cessar-fogo, retomando a via do diálogo e possibilitando a prestação de auxílio humanitário às populações atingidas".
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Ainda na mesma nota, o Governo apela ao regresso de todas as partes, com o apoio da comunidade internacional e dos principais parceiros do processo de paz, aos princípios e objectivos da Conferência de Annapolis, sublinhando a importância decisiva de uma paz duradoura no Médio Oriente, assente na convivência pacífica de Israel e da Palestina, para a estabilidade regional e mundial.
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Ainda segundo o Público 0 ministro dos Negócios Estrangeiros participará, amanhã, em Paris, numa reunião de âmbito ministerial, convocada pela Presidência francesa da UE para debater a crise no Médio Oriente.