21 junho, 2009

Os dirigentes de Israel falam do Irão como se tivessem as mãos limpas e o coração puro.

Reparem no que eles disseram:

O Presidente Shimon Peres elogiou neste domingo os protestos pós-eleitorais no Irão e disse que esperava que o governo da República Islâmica desaparecesse.

"Deixem os jovens levantarem a voz da liberdade para uma política positiva. Deixem as mulheres iranianas, que são um grupo de pessoas muito corajosas, manifestarem a sua sede de igualdade e liberdade."

"Eu realmente não sei o que irá desaparecer em primeiro lugar, o seu urânio enriquecido, ou o seu mau governo", disse Peres, cuja posição é no fundamental cerimonial. "Esperemos que este governo medíocre desapareça."

Por seu lado, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, saudou os "actos de incrível coragem" dos manifestantes iranianos que mostraram a "verdadeira natureza do regime" de Teerão.

À cadeia televisiva norte-americana NBC, o governante referiu ser um regime que "reprime o seu próprio povo e que espalha o terror".

Para quem oprime todo um Povo – o palestino – e trata da maneira que trata os seus nacionais – os israelitas – como veremos de seguida, estas declarações não são uma questão de descaramento, mas antes de certezas, de experiência feita, de que a esmagadora maioria da comunicação social correrá a dar a conhecer as suas palavras, de forma acéfala, elevando-os assim à condição de impolutos campeões das liberdades, da democracia e dos direitos humanos, aos olhos do público desinformado e desprevenido.

Nem sequer preciso de falar dos palestinos, - milhões de seres humanos - esbulhados das suas terras, dos seus olivais até das suas casas, da sua liberdade, da sua dignidade, da sua esperança, quase também do seu futuro, se se dessem por vencidos.

Assim falemos dos israelitas. Três casos bastam:

O caso do artista israelita Samieh Jabarrin, que continua a aguardar julgamento, já por diversas vezes adiado e agora marcado para 22 de Junho, em prisão domiciliária, desde há cerca de de cinco meses, por ter participado numa … manifestação;

O caso da associação de direitos humanos “Novo Perfil”, acusados de incitamento para evitar o serviço militar. [Ver” A caça às bruxas começou em Israel”] e a denúncia desta situação pela Coligação das Mulheres para a Paz, de Israel, denuncia ataques às liberdades democráticas;

E o caso do activista pelos direitos humanos Erza Nawi processado por se ter oposto à demolição de casas de palestinos.

Quanto à graçola de Shimon Peres sobre o urânio enriquecido é bom ter presente que Israel é “uma potência nuclear” e que desde 1981 se recusa a dar cumprimento à resolução 487 de 19 de Junho, do Conselho de Segurança, em que se exige que Israel abra as suas instalações nucleares à inspecção da Agência Internacional de Energia Atómica (International Atomic Energy Agency - IAEA).

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