Abril não desarma
Há 38 anos, os
Militares de Abril pegaram em armas para libertar o Povo da ditadura e
da opressão e criar condições para a superação da crise que então se
vivia.
Fizeram-no na convicta certeza de que assumiam o papel que os Portugueses esperavam de si.
Cumpridos
os compromissos assumidos e finda a sua intervenção directa nos
assuntos políticos da nação, a esmagadora maioria integrou-se na
Associação 25 de Abril, dela fazendo depositária primeira do seu
espírito libertador.
Hoje, não abdicando da nossa condição
de cidadãos livres, conscientes das obrigações patrióticas que a nossa
condição de Militares de Abril nos impõe, sentimos o dever de tomar uma
posição cívica e política no quadro da Constituição da República
Portuguesa, face à actual crise nacional.
A nossa ética e a moral que muito prezamos, assim no-lo impõem!
Fazemo-lo
como cidadãos de corpo inteiro, integrados na associação cívica e
cultural que fundámos e que, felizmente, seguiu o seu caminho de
integração plena na sociedade portuguesa.
Porque consideramos que:
- Portugal não tem sido respeitado entre iguais, na construção institucional comum, a União Europeia.
- Portugal é tratado com arrogância por poderes externos, o que os nossos governantes aceitam sem protesto e com a auto-satisfação dos subservientes.
- O nosso estatuto real é hoje o de um “protectorado”, com dirigentes sem capacidade autónoma de decisão nos nossos destinos.
- O contrato social estabelecido na Constituição da República Portuguesa foi rompido pelo poder. As medidas e sacrifícios impostos aos cidadãos portugueses ultrapassaram os limites do suportável. Condições inaceitáveis de segurança e bem-estar social atingem a dignidade da pessoa humana.
- Sem uma justiça capaz, com dirigentes políticos para quem a ética é palavra vã, Portugal é já o país da União Europeia com maiores desigualdades sociais.
- O rumo político seguido protege os privilégios, agrava a pobreza e a exclusão social, desvaloriza o trabalho.
Entendemos
ser oportuno tomar uma posição clara contra a iniquidade, o medo e o
conformismo que se estão a instalar na nossa sociedade e proclamar bem
alto, perante os Portugueses, que:
- A linha política seguida pelo actual
poder político deixou de reflectir o regime democrático herdeiro do 25
de Abril configurado na Constituição da República Portuguesa;
-
O poder político que actualmente governa Portugal, configura um outro
ciclo político que está contra o 25 de Abril, os seus ideais e os seus
valores;
Em conformidade, a A25A anuncia que:
- Não participará nos actos oficiais nacionais evocativos do 38.º aniversário do 25 de Abril;
- Participará nas Comemorações Populares e outros actos locais de celebração do 25 de Abril;
-
Continuará a evocar e a comemorar o 25 de Abril numa perspectiva de
festa pela acção libertadora e numa perspectiva de luta pela realização
dos seus ideais, tendo em consideração a autonomia de decisão e escolha
dos cidadãos, nas suas múltiplas expressões.
Porque
continuamos a acreditar na democracia, porque continuamos a considerar
que os problemas da democracia se resolvem com mais democracia,
esclarecemos que a nossa atitude não visa as Instituições de soberania
democráticas, não pretendendo confundi-las com os que são seus titulares
e exercem o poder.
Também por isso, a Associação 25 de
Abril e, especificamente, os Militares de Abril, proclamam que, hoje
como ontem, não pretendem assumir qualquer protagonismo político, que só
cabe ao Povo português na sua diversidade e múltiplas formas de
expressão.
Nesse mesmo sentido, declaramos ter plena
consciência da importância da instituição militar, como recurso
derradeiro nas encruzilhadas decisivas da História do nosso Portugal.
Por isso, declaramos a nossa confiança em que a mesma saberá manter-se
firme, em defesa do seu País e do seu Povo. Por isso, aqui manifestamos
também o nosso respeito pela instituição militar e o nosso empenhamento
pela sua dignificação e prestígio público da sua missão patriótica.
Neste momento difícil para Portugal, queremos, pois:
1.
Reafirmar a nossa convicção quanto à vitória futura, mesmo que sofrida,
dos valores de Abril no quadro de uma alternativa política, económica,
social e cultural que corresponda aos anseios profundos do Povo
português e à consolidação e perenidade da Pátria portuguesa.
2.
Apelar ao Povo português e a todas as suas expressões organizadas para
que se mobilizem e ajam, em unidade patriótica, para salvar Portugal, a
liberdade, a democracia.
Viva Portugal!
In: https://www.facebook.com/note.php?note_id=377707942271148
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