O Hamas classificou neste sábado de "inaceitável" a recomendação feita na sexta-feira pela ONU para que a ajuda à Faixa de Gaza seja enviada por via terrestre, e não marítima, por temor a novas operações israelitas.
"Existem rotas estabelecidas para que a ajuda entre por via terrestre. É desta forma que a ajuda deveria ser enviada aos habitantes de Gaza", declarou na sexta-feira o porta-voz das Nações Unidas, Martin Nesirky, destacando ser "este um período sensível de diálogo indirecto entre palestinos e israelitas".
"O pedido da ONU às organizações internacionais em favor da utilização de estradas para Gaza em vez do mar é inaceitável e ilegal", afirmou o porta-voz do Hamas, Sami Abu Zahri.
Para este porta-voz, a posição da ONU pode ser considerada "uma colaboração com o ocupante israelita".
"A maior parte dos moradores (da Faixa de Gaza) ainda não pode deixar o território. É por isso que este apelo representa uma contribuição ao bloqueio", acrescentou, pedindo que as organizações internacionais ignorem as recomendações das Nações Unidas.
Por sua vez o ministro israelita da Defesa, Ehud Barak, advertiu na sexta-feira que Israel interceptará qualquer barco que deixar o Líbano em direcção à Faixa de Gaza.
É normal que a ONU esteja preocupada com as ameaças de Israel sobre qualquer ajuda humanitária que tente chegar à Faixa de Gaza por via marítima, pois foi provado na abordagem do Mavi Marmara que para Israel a vida humana nada vale.
Mas entendo que as declarações da ONU deveriam ir antes no sentido da exigência do levantamento imediato e sem restrições do bloqueio a Gaza e não no aceitar a infamante chantagem de Israel.
Aliás basta analisar o gráfico acima, produzido pela UN OCHA e publicado no seu relatório semanal, para concluir que a via terrestre não tem capacidade, actualmente, para escoar as mercadorias necessárias à subsistência da população de Gaza, ao nível de Jan-Jun 2007. Isto sem contar com o acréscimo necessário para dar resposta à reconstrução de infra-estruturas básicas, de hospitais e centros médicos, de escolas e de creches, e de outros edifícios públicos e ainda de habitações destruídas, como de alvos militares se tratassem, por Israel ao longo do tempo.
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