[Pela importância significativa desta posição unânime do Bundestag aqui fica a tradução do artigo na íntegra. Esta é uma posição histórica, quer pela singularidade da unanimidade quer por significar uma alteração qualitativa expressa da política da Alemanha face a Israel, no tocante ao Bloqueio de Gaza, que sem dúvidas se irá repercutir na posição dos restantes membros da União Europeia. Mas não deitemos foguetes, que da palavra à acção.... resta a persistência da luta do Povo Palestino pelos seus direitos inalienáveis.]
O governo alemão apelou sexta-feira para o fim imediato do bloqueio à Faixa de Gaza após uma votação por unanimidade no parlamento (Bundestag) condenando a política de Israel sobre a Faixa de Gaza.
"Temos repetidamente deixado claro que Israel tem de permitir o acesso à Faixa de Gaza por razões humanitárias e pelas necessidades de reconstrução", disse Ulrich Wilhelm, porta-voz do governo alemão.
O Bundestag declarou na sexta-feira que o bloqueio de Israel à Faixa de Gaza é contraproducente e uma violação do direito internacional. O elevado nível de acordo multipartidário visto no Bundestag é raro, e a decisão destina-se a fortalecer o governo de Angela Merkel, na sua política em relação ao bloqueio.
Enquanto o apelo do governo alemão provocou uma certa irritação em Israel, em Berlim, Rainer Stinner, do FDP (Freie Demokratische Partei) e membro do Parlamento Europeu congratulou-se com a unidade do Bundestag. "O que estamos vivenciando aqui é, na verdade, uma nova qualidade de articulação política externa e de segurança", afirmou.
"Isso significa que, pela primeira vez nas nossas discussões sobre o Médio Oriente, todos os partidos do parlamento partilham a mesma posição."
Wolfgang Gehrcke, deputado pelo Partido da Esquerda (Die Linke), disse, acrescentando: "O Médio Oriente irá certamente tomar nota deste sinal também."
Uma questão de motivação
Gehrcke salientou que a decisão não foi nem anti-Israel ou anti-Palestina, mas que as suas preocupações eram com ambos os povos, israelita e palestino. Stinner concordou com esta afirmação, acrescentando que a denúncia do bloqueio no Bundestag não foi de modo nenhum uma quebra no consenso existente no Bundestag sobre a sua relação histórica especial com Israel.
O única voz contra, na unidade no Parlamento, foi a de Thomas Silberhorn, do Partido da União Social Cristã da Baviera. Silberhorn acusou o Partido de Esquerda de apoiar as forças islâmicas, apoiando a participação de dois dos seus membros no parlamento na flotilha de ajuda humanitária a Gaza interceptada pelas forças de defesa israelitas no final de Maio.
"Eles estavam menos preocupados com o povo de Gaza do que com o confronto com Israel", alegou.
Um bloqueio "desumano"
À excepção das declarações de Silberhorn, a flotilha de Gaza e a missão mortal de Israel contra os navios não teve qualquer outra referência durante o debate.
Na verdade, não houve quase debate, desta vez, o sentimento de acordo em condenar o bloqueio dominava.
O Bundestag refere o bloqueio como "desumano" e "contraproducente".
Segundo Kerstin Mueller, deputada pelo Partido dos Verdes, "...o bloqueio só beneficia a organização terrorista islamita Hamas".
"É um absurdo que este bloqueio seja de facto um bloqueio às Nações Unidas", disse Mueller, explicando que, em conformidade com o bloqueio, a ONU se recusou a comprar materiais de construção para novas escolas.
Com as escolas existentes sobrelotadas, disse Mueller, ficam 40 mil crianças sem escola. "Essas crianças irão então frequentar as Escolas Corânicas do Hamas", acrescentando que o bloqueio pode, portanto, fomentar o islamismo radical.
O deputado social-democrata Rolf Muetzenich apoia as críticas de Mueller do bloqueio. Muetzenich apelou para que a ajuda não seja apenas ajuda humanitária a Gaza, mas o apoio para ajudar a região a se reconstruir economicamente e terminar o seu isolamento político.
O fim do isolamento
"Temos de promover a mensagem entre os partidos palestinos que só um governo de unidade nacional permitirá uma solução justa e um futuro de paz na Palestina - e então um benefício para Israel", afirmou.
Todas os partidos do Bundestag concordaram que o fim do bloqueio de facto beneficia Israel. "Mas não devemos perder de vista as necessidades de segurança de Israel precisa", afirmou o democrata-cristão Philipp Missfelder - recebendo aplausos da assembleia.
Fonte: Deutsche Welle
Autora: Bettina Marx /dl (dpa)
Editor: Andreas Illmer
Tradução: Pedro de Azevedo Peres
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