Catherine Ashton, Alta Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, a porta-voz da diplomacia da União Europeia, visita Gaza, neste domingo, para pressionar o levantamento do bloqueio de Israel sobre o território palestino governado de facto pelo Hamas.
Na sua segunda viagem ao empobrecido enclave palestino em quatro meses, Ashton foi avaliar os resultados do levantamento parcial do bloqueio, na sequência do ataque mortal de 31 de Maio a uma frota de ajuda humanitária a Gaza e que dura há já quatro anos.
"Tornámos claro que queremos ver o povo de Gaza viver uma vida normal", declarou Ashton à comunicação social na cidade de Ramallah, na Cisjordânia, antes daquela visita.
“É preciso haver uma abertura dos pontos de passagem para que pessoas e mercadorias fluam em ambos os sentidos."
Afirmou ainda que a União Europeia está disposta a enviar observadores para ajudar a operar os pontos de passagem, mas eles teriam que ter um papel claro e trabalhar com a Autoridade Palestiniana.
"Mas neste momento não é algo que esteja em discussão", declarou.
Israel comprometeu-se a permitir a entrada de todas as mercadorias em Gaza, excepto armas e itens de dupla utilização, militar e civil, perante o clamor internacional que se seguiu ao ataque sangrento da flotilha de ajuda humanitária e ao assassinato de nove activistas turcos.
Também afirmou que iria permitir a entrada de materiais de construção no território, mas apenas para projectos fiscalizados internacionalmente, e que o bloqueio naval permaneceria para impedir que o movimento islâmico Hamas importasse mísseis e outras armas.
A União Europeia congratulou-se com as alterações, mas tem pressionado Israel para permitir maior liberdade à deslocação de pessoas e à exportação de bens fabricados em Gaza, onde o quase colapso do sector privado gerou 40 por cento de desemprego.
"O que temos hoje é 75 por cento menos (em volume de tráfego) do que tivemos no primeiro semestre de 2007... Não é isso que queremos", declarou o primeiro-ministro palestino Salam Fayyad, neste sábado.
"A economia de Gaza não pode ser sustentado apenas por importações. É preciso haver exportações", afirmou Fayyad numa conferência de imprensa conjunta com Ashton.
Catherine Ashton irá acentuar estas preocupações durante os seus três dias de viagem pelo Médio Oriente, a qual inclui ainda reuniões com o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu, com o mediador americano George Mitchell e outros funcionários.
Ashton não tinha planos para se encontrar com representantes do Hamas, que está ainda categorizado como um grupo terrorista pelos EUA e seus aliados, entre eles a UE, devido à sua recusa em reconhecer Israel e ao seu compromisso com a luta armada.
Em Gaza, Catherine Ashton irá visitar um acampamento de verão e uma escola administrada por uma agência de Socorro aos Refugiados da Palestina das Nações Unidas (UNRWA).
Visitará ainda empresas locais co-financiadas pela União Europeia através do seu programa de reconstrução do sector privado de Gaza.
Esta visita tem lugar no momento em que George Mitchell inicia a sexta ronda de negociações de paz indirectas entre Israel e a Autoridade Palestina, numa tentativa de relançar as negociações directas suspensas depois da guerra de Gaza ter eclodido em Dezembro de 2008.
Fonte: AFP
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