Pouco antes das 09:00 desta manhã, o exército israelita tomou à força o navio de ajuda humanitária de pavilhão irlandês, o MV Rachel Corrie, impedindo-o de entregar mais de 1.000 toneladas de suprimentos médicos e de materiais de construção a Gaza sitiada.
Pela segunda vez em menos de uma semana, forças especiais de Israel invadiram um navio desarmado, tomando brutalmente os seus passageiros como reféns e rebocando o navio para porto de Ashdod no sul de Israel. Não se sabe ainda se qualquer um dos passageiros do MV Rachel Corrie foram mortos ou feridos durante o ataque, mas acredita-se que estejam a salvo.
O MV Rachel Corrie transportava 11 passageiros e 9 tripulantes, de 5 distintas nacionalidades, mas principalmente irlandeses e malaios.
Entre os passageiros contam-se a Prémio Nobel da Paz Mairead Maguire, um membro do Parlamento da Malásia Mohd Nizar Zakaria, e o ex-Secretário-Geral Adjunto da ONU, Denis Halliday.
Recorda-se que nove activistas de direitos humanos internacionais foram mortos na passada segunda-feira, quando comandos israelitas invadiram violentamente o navio turco, Marmara Mavi e outras cinco embarcações desarmadas, que transportavam ajuda humanitária para Gaza. Então antes de ser feito refém pelas forças israelenses, Derek Graham, irlandês, coordenador do movimento Free Gaza, declarou: "Apesar do que aconteceu no Marmara Mavi no início desta semana, não temos medo.
O navio de carga 1.200 toneladas foi comprado através de um fundo especial criado pelo ex-primeiro-ministro da Malásia e presidente da Perdana Global Peace Organisation (Organização pela Paz Global Perdana (PGPO), Tun Mahathir Mohamad.
O navio recebeu o nome de uma activista dos direitos humanos americana, assassinada em 2003, esmagada por um bulldozer militar israelita na Faixa de Gaza. A carga incluía centenas de toneladas de equipamentos médicos e de cimento, bem como papel doado pelo povo da Noruega, às escolas da ONU em Gaza.
De acordo com Denis Halliday: "Nós somos o único navio de ajuda humanitária a Gaza que resta. Estamos decididos a entregar nossa carga." O MV Rachel Corrie fazia parte da Freedom Flotilla, um esforço para romper o bloqueio ilegal de Israel a Gaza, antes de ser forçado a parar, na semana passada, devido a suspeitos de problemas mecânicos.
O ataque ao MV Rachel Corrie pode significar problemas para o relacionamento entre Israel e a Irlanda. O governo irlandês tinha solicitado formalmente a Israel que permitisse que o navio chegasse a Gaza. A 1 de Junho, o parlamento irlandês também aprovou uma moção de todos os partidos condenando Israel pelo uso de força militar contra navios civis de ajuda humanitária e exigindo "o fim do bloqueio ilegal israelita a Gaza."
A Prémio Nobel Mairead Maguire resumiu as esperanças desse esforço conjunto irlandês e malaio para superar o bloqueio cruel de Israel, dizendo: "Nós somos inspirados pelo povo de Gaza, cuja coragem, amor e alegria em receber-nos, mesmo no meio de tanto sofrimento dá a todos nós esperança. Eles representam o melhor da humanidade, e todos nós somos privilegiados em ter a oportunidade de apoiá-los na sua luta pacífica pela dignidade humana e pela liberdade. Esta viagem destacará novamente o criminoso bloqueio e ocupação ilegal de Israel. Numa demonstração do poder de acção da cidadania global, esperamos despertar a consciência de todos. "
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Dos passageiros a bordo da MV Rachel Corrie fazem parte:
Ahmed Faizal bin Azumu, activista dos direitos humanos, da Malásia; Matthias Chang, advogado, escritor e activista dos direitos humanos, da Malásia; Derek Graham, activista do Free Gaza, da Irlanda; Jenny Graham, do Free Gaza, da Irlanda; Denis Halliday, ex-Secretário-Geral Adjunto da ONU, da Irlanda; Mohd Jufri Bin Mohd Judin, jornalista, da Malásia; Shamsul Akmar Musa Kamal, representante PGPO (Perdana Global Peace Organisation), da Malásia, Mairead Maguire, Prémio Nobel da Paz, da Irlanda; Abdul Halim Bin Mohamed, jornalista, da Malásia; Fiona Thompson, cineasta, da Irlanda; Mohd Nizar Zakaria, Membro do Parlamento, Malásia.
A notícia no Público às 11:00
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