Este artigo no Público vem demonstrar mais uma vez o que se passa no "Mais moral dos Exércitos do Mundo". A expressão não é minha, é dos políticos israelitas e dos comandantes das forças armadas israelitas. Aliás vem citada, por exemplo, numa crónica de Uri Avnery, intitulada "Um documento jurídico" e datada de 23 de Março de 2009.
Este artigo do Público, não assinado e de que não se revela a fonte, é no geral equilibrado mas induz o leitor em erro sobre dois aspectos.
O primeiro ao intercalar, a dado passo, a seguinte expressão "mesmo sem darem sinais de qualquer espécie de abuso evidente dos prisioneiros ".
Ora a privação sensorial - utilização de vendas - é já em si um abuso!
Tal como de resto a publicação de fotografias de prisioneiros de guerra, dado que de prisioneiros de guerra se trata à luz do que em tempo os advogados do Ministério da Justiça Israelita já proclamaram junto do Supremo Tribunal de Israel, que Uri Avnery refere naquela crónica e que todos nós sabíamos há muito tempo:
"O Estado de Israel está em guerra com o povo palestiniano, pessoas contra as pessoas, colectivo contra colectivo."
De resto faço minha a apreciação do judeu Yishai Menuchim, director do Comité Israelita contra a Tortura e referida no artigo do Público, de que as fotografias “reflectem uma atitude que se tem tornado norma e que consiste em tratar os palestinianos como objectos, não como seres humanos”.
Aliás só assim se explica, em meu entendimento a morte de tantos civis palestinos, numa periodicidade semanal, ou os resultados da agressão a Gaza ou o ataque ao Mavi Marmara.
Recordam-se do escândalo das t-shirts, dos soldados israelitas após a agressão conhecida por "Cast Lead" à Faixa de Gaza, onde inscreviam por exemplo "Um tiro, mato dois" sobre a figura de uma mulher grávida árabe com a reticula de uma mira de espingarda sobreposta na sua barriga?
Foi um sinal evidente da corrupção moral e ética dos valores das Forças Armadas Israelitas, que grassa desde há muito, e que se agravou quando o seu papel principal passou a ser de um exército de expansão colonial, de ocupação, sustentáculo de políticas de apartheid e de limpeza étnica, numa sociedade colonial e racista, centrada num etnicismo religioso.
Estes sinais também foram notícia no Público em Março de 2009, e no Haaretz, cuja corajosa reportagem de Uri Blau traduzi parcialmente e publiquei sobre o título "Imagens de cadáveres de bebés palestinos e de mesquitas bombardeadas viram moda"
De facto Ghassan Khatib, porta-voz da ANP, também tem razão quando afirma: “A ocupação é injusta, imoral e como estas imagens mostram também corrompe”.
Aliás esta mesma ideia foi plasmada num artigo de Uri Avnery, um judeu sionista e pacifista, intitulado "BANANAS" ou como um exército de cidadãos se transforma numa máquina de opressão" e onde se destaca a influência de uma CERTA interpretação da religião judaica no comportamento dos soldados israelitas.
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