O presidente dos EUA, Barack Obama, “alertou” ontem, segunda-feira, 16, o primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, de que a posição política de Ancara sobre Israel e o Irão poderão reduzir as possibilidades do país obter armamentos americanos, de acordo com reportagem do jornal britânico Financial Times (FT).
Erdogan quer comprar aviões não tripulados e teleguiados "drone" para atacar os separatistas curdos, após os EUA retirarem totalmente as suas tropas do Iraque até ao fim de 2011, segundo o FT.
O Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK, na sigla em curdo) tem bases nas montanhas no norte do Iraque, na região semi-autónoma do Curdistão iraquiano, perto da fronteira com a Turquia.
"O presidente disse a Erdogan que algumas das acções que a Turquia tomou provocaram dúvidas que foram levantadas no Congresso (dos EUA) ", disse um funcionário superior americano ao FT.
Essas dúvidas centram-se sobre a questão "será que podemos ter confiança na Turquia como um aliado", afirmou o funcionário americano. "Isso significa que será difícil apresentar ao Congresso alguns dos pedidos que a Turquia nos fez, nomeadamente quanto à compra de certo tipo de armamento que a Turquia gostaria de comprar para lutar contra o PKK."
Os EUA já manifestaram “desapontamento” com a Turquia, por ter votado contra a quarta ronda de sanções ao Irão no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), em Junho.
Ancara afirma que o Irão deveria ter a oportunidade de levar em frente o acordo de troca de urânio por combustível nuclear, avalizado pela Turquia e pelo Brasil.
As relações entre a Turquia e Israel deterioraram-se muito após Israel ter atacado a flotilha de ajuda humanitária que se dirigia à Faixa de Gaza, em 31 de Maio. Nove activistas turcos foram mortos no ataque realizado por forças especiais israelitas.
Obama pediu à Turquia que moderasse a retórica que está usando sobre o incidente quando teve uma reunião, em Junho, com Erdogan durante a Cimeira do G-20, em Toronto, informou o FT.
Esta posição de Obama em nada abona a sua credibilidade. Um Prémio Nobel da Paz disponibiliza-se a vender armamento sofisticado que servirá para matar guerrilheiros autonomistas curdos – e civis como está largamente demonstrado no Afeganistão, no Iraque e em Gaza – tendo como única condição, que o promitente-comprador não afronte as suas imperiais decisões?
Em quê que serão os autonomistas curdos distintos dos kossovares? A quem os EUA forçaram o reconhecimento pelos países seus aliados, enredando os países da União Europeia, numa teia, em que mais cedo do que tarde irão ter que pagar o preço das suas próprias autonomias, enfraquecendo ainda mais o fraco cimento da União.
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