Depois do Embaixador de Israel em Portugal, Ehud Gol, ter vindo a terreiro usar do "Direito de resposta" para protestar grosseiramente contra a publicação, no DN de 1 de Agosto p.p., de um cartoon assinado por André Carrilho, (vide meu post "Embaixador de Israel em Portugal deveria ser considerado persona non grata" de 13 de Agosto), surge agora novo protesto, desta feita da Comunidade Israelita de Lisboa.
Porque entendo que esta situação é do interesse geral aqui fica para memória futura, a republicação do referido cartoon, a nota de protesto da CIL e o meu comentário.
DIREITO DE RESPOSTA in Diário de Notícias de 14 de Agosto de 2010
Em nome da Comunidade Israelita de Lisboa, venho por este meio protestar contra a publicação no dia 1 de Agosto do cartoon do DN da autoria de André Carrilho. O referido cartoon é ofensivo para todos os judeus, ao tentar estabelecer uma relação entre o nazismo e o comportamento do exército israelita. Do mesmo modo, ao colocar os soldados israelitas como carrascos e os palestiníanos como vítimas o cartoonista está simplesmente a falsear totalmente a realidade.
Na verdade, o cartoon alude aos judeus no seu todo, e não apenas ao Estado de Israel fundado em 1948 e consequentemente posterior à barbárie nazi.
Não basta saber desenhar, é necessário alguma decência e um conhecimento dos factos ...
Exmo. Senhor Director, solicito a publicação deste meu protesto ao abrigo do direito de resposta
José Oulman Carp Presidente da CIL - Comunidade Israelita de Lisboa
O MEU COMENTÀRIO
A Comunidade Israelita de Lisboa (CIL) sentiu-se ofendida com o cartoon que acima novamente publico, de António Carrilho, e pretendeu estender esse seu estado-de-alma a todos os judeus, mesmo àqueles que não representa. (Como a CIL muito bem sabe há muitos judeus por esse mundo fora, até mesmo em Israel, que não reconhecem o Estado de Israel enquanto tal.)
Afirma que é ofensivo porque tenta "... estabelecer uma relação entre o nazismo e o comportamento do exército israelita."
Eu não diviso tal relação... talvez por não ter a consciência pesada.
Para mim a ilustração que representa a violência nazi sobre o povo judeu, não pretende ser um ponto de partida para estabelecer uma relação, mas antes apenas marcar um tempo e uma dada circunstância - a do povo judeu como vitima do nazismo - fazendo o contraponto com o tempo e a circunstância actual - a de opressor de um outro povo: o palestino.
É espantoso como um povo que tanto sofreu em razão da sua etnia, que se levantou para construir uma Nação – e dou de barato a forma como o fez, para encurtar razões - hoje, passados tantos anos, continua a ocupar as terras de outro povo, o palestino, procurando colonizá-las pelo esbulho de terras, águas e casas, usando de violência, da repressão e de políticas de apartheid, para tentar calar (matar) a sua revolta e sede de justiça.
De facto, por muito que continuem a querer esconder o Sol com a peneira, a luz da verdade, toca cada vez mais judeus por esse mundo fora, que hoje já não apoiam cegamente o Estado de Israel, e exigem a Paz, na base de uma solução de dois Estados, sobre as fronteiras de 1967, com os ajustes territoriais necessários e onde Jerusalém será a capital de ambos os Estados.
Parece que por cá ainda não é o tempo de caírem na realidade de que o caminho que tão estrenuamente apoiam é o caminho da guerra, da insegurança, da destruição dos valores morais e éticos de uma Nação, que hoje já começa a ser um "fardo" para os seus aliados, que mais cedo do que tarde será por eles alijado.
Para mim a ilustração que representa a violência nazi sobre o povo judeu, não pretende ser um ponto de partida para estabelecer uma relação, mas antes apenas marcar um tempo e uma dada circunstância - a do povo judeu como vitima do nazismo - fazendo o contraponto com o tempo e a circunstância actual - a de opressor de um outro povo: o palestino.
É espantoso como um povo que tanto sofreu em razão da sua etnia, que se levantou para construir uma Nação – e dou de barato a forma como o fez, para encurtar razões - hoje, passados tantos anos, continua a ocupar as terras de outro povo, o palestino, procurando colonizá-las pelo esbulho de terras, águas e casas, usando de violência, da repressão e de políticas de apartheid, para tentar calar (matar) a sua revolta e sede de justiça.
De facto, por muito que continuem a querer esconder o Sol com a peneira, a luz da verdade, toca cada vez mais judeus por esse mundo fora, que hoje já não apoiam cegamente o Estado de Israel, e exigem a Paz, na base de uma solução de dois Estados, sobre as fronteiras de 1967, com os ajustes territoriais necessários e onde Jerusalém será a capital de ambos os Estados.
Parece que por cá ainda não é o tempo de caírem na realidade de que o caminho que tão estrenuamente apoiam é o caminho da guerra, da insegurança, da destruição dos valores morais e éticos de uma Nação, que hoje já começa a ser um "fardo" para os seus aliados, que mais cedo do que tarde será por eles alijado.
As Forças Armadas israelitas, de Forças de Defesa, constituídas por cidadãos e cidadãs, de um Estado que se pretendia “Democrático e Justo”, transformaram-se no braço armado de um Estado que cada vez mais se fundamenta, não em princípios democráticos mas numa doutrina racista centrada no etnicismo religioso e no purismo (kosher) da linhagem.
Hoje as Forças de Defesa de Israel são no fundamental forças de ocupação colonial e de repressão.
Escreveu Uri Avnery numa sua crónica de Julho de 2009, intitulada “Bananas”
“…/…
Desde o início da ocupação em 1967, o carácter do exército mudou completamente. O exército, que foi fundado, a fim de proteger o estado de perigos externos tornou-se um exército de ocupação, cuja tarefa é a de oprimir outro povo, esmagar sua resistência, desapropriar terras, proteger ladrões de terras chamados colonos, bloquear passagens, humilhar seres humanos, todos os dias. Evidentemente, não é só o exército que mudou, mas também o Estado que dá ao exército as suas ordens, bem como a contínua lavagem cerebral.
Num tal exército, ocorre um processo de selecção natural. Pessoas diferentes, com elevados padrões morais, que detestam estas acções, saem mais cedo ou mais tarde. O seu lugar é tomado por outros tipos, pessoas com diferentes valores, ou sem valores de todo, "soldados profissionais" que "apenas seguem ordens".
Evidentemente, tem que se ter cuidado ao generalizar. No exército de hoje ainda existem algumas pessoas que acreditam que estão cumprindo uma missão, para quem o Código Ético é mais do que apenas uma compilação de frases hipócritas.
…/…”
O autor do cartoon, André Carrilho, por ocasião do grosseiro, deselegante e despropositado comentário do Embaixador de Israel em Portugal, Ehud Gol, teve ocasião de esclarecer que a substância do cartoon era tão somente ilustrar como "... as atrocidades do passado podem ser instrumentalizadas demagogicamente para justificarem abusos do presente."
Eu, pessoalmente, tenho uma visão mais carregada e quando olho para o que se passa nos territórios ocupados da Palestina e até em Israel, diviso o "ovo da serpente".
Se José Oulman Bensaúde Carp e seus correligionários tivessem analisado mais cuidadosamente o cartoon teriam verificado que na última ilustração uma das figuras apresenta uma braçadeira com o escudo de David. Esse símbolo é o que surge na bandeira do Estado de Israel, e também noutras bandeiras israelitas, nomeadamente na das IDF. Sendo o “Magen David” um símbolo judaico ele não é o símbolo do Judaísmo, que tanto quanto eu saiba, é o "Menorah" (o candelabro dos sete braços). Até por isso entendo como abusiva a tentativa canhestra de jogar este cartoon no caldeirão sem fundo do anti-judaísmo/anti-semitismo.
Já agora aproveito a ocasião e convido-os a juntarem-se ao Ta'anit Tzedek - Jewish Fast for Gaza que se realizará na próxima quinta-feira, dia 19.
O autor do cartoon, André Carrilho, por ocasião do grosseiro, deselegante e despropositado comentário do Embaixador de Israel em Portugal, Ehud Gol, teve ocasião de esclarecer que a substância do cartoon era tão somente ilustrar como "... as atrocidades do passado podem ser instrumentalizadas demagogicamente para justificarem abusos do presente."
Eu, pessoalmente, tenho uma visão mais carregada e quando olho para o que se passa nos territórios ocupados da Palestina e até em Israel, diviso o "ovo da serpente".
Se José Oulman Bensaúde Carp e seus correligionários tivessem analisado mais cuidadosamente o cartoon teriam verificado que na última ilustração uma das figuras apresenta uma braçadeira com o escudo de David. Esse símbolo é o que surge na bandeira do Estado de Israel, e também noutras bandeiras israelitas, nomeadamente na das IDF. Sendo o “Magen David” um símbolo judaico ele não é o símbolo do Judaísmo, que tanto quanto eu saiba, é o "Menorah" (o candelabro dos sete braços). Até por isso entendo como abusiva a tentativa canhestra de jogar este cartoon no caldeirão sem fundo do anti-judaísmo/anti-semitismo.
Já agora aproveito a ocasião e convido-os a juntarem-se ao Ta'anit Tzedek - Jewish Fast for Gaza que se realizará na próxima quinta-feira, dia 19.
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