05 agosto, 2010

1.500 dias de cativeiro do militar israelita Gilad Shalit

"Prova de vida" de Gilad Shalit em Setembro de 2009 


Perfez ontem 1.500 dias de cativeiro o jovem militar israelita Gilad Shalit.

Os seus pais e família, assinalando a data, deram uma conferência de imprensa para através dela chamar, mais uma vez, à responsabilidade o governo israelita, aproveitando para ao mesmo tempo apelar para que os habitantes de Gaza pressionem o Hamas para que chegue a um acordo sobre a necessária troca de prisioneiros.

Mas se Gilad Shalit está prisioneiro do Hamas, e se é o Hamas que tem a chave da sua prisão, será o Hamas que tem a chave para a resolução do problema, ou esta questão é como os cofres dos bancos onde são necessárias duas chaves para o abrir.

A questão é se o governo de Israel está disposto a libertar os prisioneiros palestinos que o Hamas reclama.

Não sei ao certo quantos prisioneiros palestinos detém neste momento Israel, mas são muitos milhares. Homens, mulheres e crianças. Destas sei o número exacto. No final de Junho eram 291, das quais 23 com idades compreendidas entre os 12 e os 16 anos.

A libertação do soldado Gilad Shalit está determinantemente nas mãos do governo de Israel.

A questão de que alguns dos prisioneiros palestinos a libertar tem as “mãos sujas de sangue” e após serem libertados voltariam a “por em risco centenas de vidas de civis israelitas” não é nova.

Já no governo de Ehud Olmert, de Tzipi Livni e de Ehud Barack se tinha colocado.

Por essa altura, a 19 de Janeiro de 2009 comentava um judeu, “ex-terrorista” do Irgun, herói de 48 com sangue vertido, e um homem que se bate pela paz e pelos direitos humanos, Uri Avnery de seu nome:

“O argumento hipócrita do “sangue nas mãos”, levantado contra este tipo de acordo, deve ser removido dos vocabulários de uma vez por todas.

Pelo menos metade dos 1.300 palestinos mortos pelo Estado de Israel nas últimas semanas eram civis desarmados, incluindo centenas de crianças. [Está-se a referir à agressão de Israel à Faixa de Gaza].

De agora em diante, a expressão “sangue nas mãos” na boca de um político ou militar israelita será uma triste zombaria ou simples descaramento.”

Desde há um mês, depois de realizarem uma marcha nacional para chamarem à atenção para a situação do seu filho decidiram acampar frente à residência oficial do primeiro-ministro Benjamim Netanyahu, em Jerusalém, onde prometem permanecer até à sua libertação.

Que a sua porfia tenha sucesso são os meus votos. Pelo jovem Gilad e por todos os prisioneiros palestinos que possam vir a ser libertados.

Mas infelizmente parece-me que a crónica de Uri Avnery "Uma história de traição", publicada a 3 de Outubro de 2009, continua a manter toda a sua actualidade. Mudaram os governantes, não mudou a peçonha.

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