24 maio, 2010

Grupo de padres argentinos defendem casamento homossexual

In Opera Mundi, assinado por Daniella Cambaúva .
 

Um dia depois de centenas de pessoas realizarem uma manifestação na cidade argentina de Córdoba pedindo que os senadores não aprovem a lei que autoriza casamento entre pessoas do mesmo sexo, um grupo de sacerdotes decide fazer o oposto.

Segundo o padre Nicholas Alessio, integrante do movimento, o objetivo é "mostrar que dentro da Igreja há outras vozes para a diversidade”, citado pelo jornal local La Voz del Interior.

Por isso, decidiram "contribuir para o debate sobre as alterações na legislação referente ao casamento civil", pois acreditam que apoiar e acompanhar o debate pode colocar os fiéis "no caminho do Evangelho de Jesus." O grupo afirma também que há um “fundamentalismo anacrônico" naqueles que citam a Bíblia para "justificar seus próprios preconceitos".

Alguns hierarcas da igreja, disse Alessio, citado pelo site do diário argentino Página 12, "têm se considerado porta-vozes de Deus, então não discutem com ninguém, pois eles supõem que Deus não muda de opinião".

Alessio e onze colegas do Grupo de Sacerdotes Enrique Angelelli, percorre diariamente as cidades da província de Córdoba para ensinar catequese introduzindo novos temas."Lutamos pela inclusão, pela justiça e contra a pobreza", disse. “É muito natural encontrar casais homossexuais”, afirmou o padre, da Igreja San Cayetano, no bairro de Altamira.

O grupo de sacerdotes afirma que o que a igreja defende não necessariamente corresponde ao que está no Evangelho. "Este é um dos casos". Afirmam num documento elaborado para defender a aprovação do casamento homossexual. Nele, afirmam acreditar que "Jesus nunca definiu uma doutrina para casamento, mas apenas seguir os costumes do seu tempo,num contexto social machista e patriarcal”.

Após as primeiras notícias na imprensa local, começaram as reacções de quem discorda dos sacerdotes. Na capital, pessoas que são contra a mudança na legislação têm convocado protestos e pregado cartazes com frases como: "Não aos caprichos de pervertidos! "e "A família morre".

A reacção do bispo de Córdoba foi imediata. Segundo a agência de notícias estatal argentina, Télam, ele divulgou um comunicado afirmando que as declarações de Alessio e dos outros onze "não representa de forma alguma o sentimento da Igreja Católica" e pediu que os senadores de Córdoba se oponham "para o bem do país e das suas futuras gerações."

Para Alessio, “nem os bispos nem o Papa aceitam a realidade, de que hoje vivemos em um mundo plural”.

Em Córdoba, segundo pesquisas realizadas por institutos privados, 53,4 % da população é contra a lei que estende o casamento civil para homossexuais. Alessio tem disso consciência. "A Córdoba tradicional é conservadora, por isso nos castigam por todos os lados e nos repudiam. Mas é preciso saber que há outra Córdoba, de uma sociedade com pessoas abertas".

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