Recebi esta carta ontem, por e-mail, de Mohammed Khatib, de Bil'in, em nome do Popular Struggle Coordination Committee, onde informa da condenação a um ano de prisão do coordenador do Comité Popular de Bil'in Contra o Muro e os Colonatos, Abdallah Abu Rahmah e nos pede para que convidemos a OCDE a não realizar a sua Conferência de Turismo em Jerusalém, a partir de 20 de Outubro.
Para quem não teve pejo de admitir Israel como seu membro, apesar da confessada trapalhada e falsificação do dossier de candidatura onde Israel incluiu informação estatística sobre a sua economia agregando a informação dos territórios palestinos ilegalmente ocupados e quando nenhum dos membros da UE, incluindo Portugal, em contradição com a lei europeia que proíbe os membros da UE de reconhecerem a legitimidade da ocupação israelita dos territórios da Palestina, vetou a sua admissão - e para tal bastava apenas um voto - será difícil ter esperança, ainda por cima tão em cima do acontecimento que a nossa acção faça demover a OCDE de realizar o seu duplamente triste evento em Jerusalém.
Mas mesmo que pareça que estamos a quebrar as nossas lanças contra moinhos de ventos feitos Don Quixotes, vale a pena fazê-lo, por solidariedade com o Povo Palestino e para escárnio dos mandarins da OCDE.
Aqui fica a carta, que traduzi, do meu amigo Mohammed Khatib, com os links necessários à vossa informação e acção.
Caro amigo,
Estes são dias difíceis, mas importantes para nós na Palestina. Ainda ontem, o meu amigo e coordenador do Comité Popular de Bil'in Contra o Muro e os Colonatos, Abdallah Abu Rahmah, foi condenado a um ano de prisão por um tribunal militar israelita. O seu único “crime” era ser uma parte fundamental na campanha das nossas aldeias contra a construção do muro nas nossas terras.
No entanto, não devemos permitir que a nossa tristeza sobre o encarceramento de Abdallah pare o nosso trabalho. Enquanto Abdallah trabalhou para denunciar a expansão dos colonatos na Cisjordânia, Israel também constrói infra-estruturas ilegais em Jerusalém Oriental.
Entre os dias 20 e 22 de Outubro, quase uma semana a partir de hoje, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) vai realizar a sua conferência bi-anual sobre turismo em Jerusalém - uma cidade cujos naturais palestinos aí residentes são vítimas de discriminação sistemática e de expulsão.Não há um momento a perder se queremos mudar esta decisão.
Apesar das persistentes violações de Israel aos direitos humanos e do seu desrespeito pela lei internacional, a OCDE - cujos países membros incluem a maioria dos países mais ricos do mundo – admitiu Israel como seu membro em 27 de Maio deste ano.
O turismo desempenha um papel importante na colonização por Israel da ocupada Jerusalém Oriental. O Estado e as organizações de colonos cooperam na expulsão de moradores dos bairros palestinos de Jerusalém Oriental, como Silwan e Sheikh Jarrah para criação de colónias e de parques temáticos bíblicos para os turistas.
Junte-se a nós convidando a OCDE a cancelar a sua conferência de turismo em Jerusalém.
Siga este link para enviar um e-mail para Angel Gurría, secretário-geral da OCDE, exigindo que a sua organização respeite o direito internacional, cancelando a planeada conferência de turismo da OCDE, em Jerusalém. [Veja a tradução do e-mail em (1)]
Ajude-nos a denunciar esta injustiça e expresse a sua preocupação.
Em solidariedade,
Mohammed Khatib
Popular Struggle Coordination Committee
Bil'in
(1)
Caro Sr. Angel Gurria,
Presidente da OCDE,
Escrevo a apelar para que cancele a conferência de turismo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) em Jerusalém. Israel comporta-se em total desrespeito do direito internacional e de uma infinidade de resoluções da ONU, o Estado de Israel:
• Anexou de facto, de forma ilegal e unilateral este território em 1967, expandindo os limites municipais de "Jerusalém Ocidental" para incluir a cidade velha de Jerusalém e os seus arredores;
• Anunciou em 1980 que "Jerusalém completa e unida é a capital do estado de Israel";
• Sistematicamente pratica a discriminação institucionalizada contra os palestinos de Jerusalém. Os palestinos não podem votar nas eleições nacionais e, ao contrário dos judeus israelitas, os seus direitos de residência são muitas vezes revogados, se saírem temporariamente da cidade;
• Está "desenvolvendo" locais turísticos na Jerusalém Oriental ocupada através do estabelecimento de colónias judaicas nesses locais e fazendo uma campanha de terror e de expulsão contra os palestinos;
• Nega o acesso a Jerusalém aos palestinos dos restantes territórios ocupados
Como sabe, a Resolução 465 do Conselho de Segurança das Nações Unidas dispõe:
"O Conselho de Segurança [...] Determina que todas as medidas tomadas por Israel para mudar o carácter físico, a composição demográfica, a estrutura institucional ou o status dos territórios palestinos e de outros territórios árabes ocupados desde 1967, incluindo Jerusalém, ou qualquer das suas partes, não têm validade jurídica e que a política e as práticas de Israel de instalar parte da sua população e de novos imigrantes nesses territórios constitui uma violação flagrante da Quarta Convenção de Genebra relativa à Protecção das Pessoas Civis em Tempo de Guerra e também um obstáculo sério para alcançar uma paz global, justa e duradoura no Médio Oriente. "
Apesar desta e de muitas outras resoluções as políticas ilegais israelitas em Jerusalém e nos territórios ocupados continuam a ser intensificadas.
Lembramos-lhe que a Resolução 465 do Conselho de Segurança também "[...] Exorta todos os Estados a não prestarem qualquer apoio a Israel para ser usado especificamente em conexão com colonatos nos territórios ocupados [...]"
À luz do facto de todas as principais atracções turísticas de Jerusalém estarem localizadas nos territórios palestinos ocupados, a realização de uma conferência de turismo da OCDE em Jerusalém constitui uma assistência concreta aos colonatos nos territórios ocupados e solidifica o controlo de Israel sobre os locais sagrados em Jerusalém. Esse apoio ao crime de Israel é contrário ao direito internacional.
Infelizmente, este apoio às violações do direito internacional por Israel tem sido a posição da OCDE, desde que Israel foi aceite como membro.
As estatísticas fornecidas pelo governo israelita à OCDE incluiu dados acerca dos colonos israelitas nos territórios palestinos ocupados, mas não os dados relacionados com os residentes palestinos naquelas mesmas áreas. Isso reforça ainda mais a suposição de que a OCDE está a tratar intencionalmente com indiferença as violações de Israel ao direito internacional, ao invés de confrontá-lo.
Por conseguinte, exorto-vos a respeitar e a defender o direito internacional, cancelando a conferência de turismo planeada para Jerusalém e revogando o estatuto de membro da OCDE a Israel.
Atenciosamente,
(1)
Caro Sr. Angel Gurria,
Presidente da OCDE,
Escrevo a apelar para que cancele a conferência de turismo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) em Jerusalém. Israel comporta-se em total desrespeito do direito internacional e de uma infinidade de resoluções da ONU, o Estado de Israel:
• Anexou de facto, de forma ilegal e unilateral este território em 1967, expandindo os limites municipais de "Jerusalém Ocidental" para incluir a cidade velha de Jerusalém e os seus arredores;
• Anunciou em 1980 que "Jerusalém completa e unida é a capital do estado de Israel";
• Sistematicamente pratica a discriminação institucionalizada contra os palestinos de Jerusalém. Os palestinos não podem votar nas eleições nacionais e, ao contrário dos judeus israelitas, os seus direitos de residência são muitas vezes revogados, se saírem temporariamente da cidade;
• Está "desenvolvendo" locais turísticos na Jerusalém Oriental ocupada através do estabelecimento de colónias judaicas nesses locais e fazendo uma campanha de terror e de expulsão contra os palestinos;
• Nega o acesso a Jerusalém aos palestinos dos restantes territórios ocupados
Como sabe, a Resolução 465 do Conselho de Segurança das Nações Unidas dispõe:
"O Conselho de Segurança [...] Determina que todas as medidas tomadas por Israel para mudar o carácter físico, a composição demográfica, a estrutura institucional ou o status dos territórios palestinos e de outros territórios árabes ocupados desde 1967, incluindo Jerusalém, ou qualquer das suas partes, não têm validade jurídica e que a política e as práticas de Israel de instalar parte da sua população e de novos imigrantes nesses territórios constitui uma violação flagrante da Quarta Convenção de Genebra relativa à Protecção das Pessoas Civis em Tempo de Guerra e também um obstáculo sério para alcançar uma paz global, justa e duradoura no Médio Oriente. "
Apesar desta e de muitas outras resoluções as políticas ilegais israelitas em Jerusalém e nos territórios ocupados continuam a ser intensificadas.
Lembramos-lhe que a Resolução 465 do Conselho de Segurança também "[...] Exorta todos os Estados a não prestarem qualquer apoio a Israel para ser usado especificamente em conexão com colonatos nos territórios ocupados [...]"
À luz do facto de todas as principais atracções turísticas de Jerusalém estarem localizadas nos territórios palestinos ocupados, a realização de uma conferência de turismo da OCDE em Jerusalém constitui uma assistência concreta aos colonatos nos territórios ocupados e solidifica o controlo de Israel sobre os locais sagrados em Jerusalém. Esse apoio ao crime de Israel é contrário ao direito internacional.
Infelizmente, este apoio às violações do direito internacional por Israel tem sido a posição da OCDE, desde que Israel foi aceite como membro.
As estatísticas fornecidas pelo governo israelita à OCDE incluiu dados acerca dos colonos israelitas nos territórios palestinos ocupados, mas não os dados relacionados com os residentes palestinos naquelas mesmas áreas. Isso reforça ainda mais a suposição de que a OCDE está a tratar intencionalmente com indiferença as violações de Israel ao direito internacional, ao invés de confrontá-lo.
Por conseguinte, exorto-vos a respeitar e a defender o direito internacional, cancelando a conferência de turismo planeada para Jerusalém e revogando o estatuto de membro da OCDE a Israel.
Atenciosamente,
Ainda sobre este tema pode consultar:
2010 Jun 25
Gaza: Quase 3 anos de "preocupação", enquanto isso... milhão e meio de seres humanos sofrem
2010 Mai 31
Protesto da Comissão Nacional de Apoio ao Tribunal Russell sobre a Palestina sobre a admissão de Israel na OCDE
2010 Mai 16
2010 Mai 10
2010 Mai 07
Países da OCDE tentam ratificar ilegalmente a ocupação israelita dos territórios da Palestina e da Síria
2010 Mai 07
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