06 outubro, 2010

10 anos desde Outubro de 2000 e os assassinos continuam livres



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Em 29 de Setembro de 2000, Ariel Sharon, então líder da oposição, fez uma visita provocativa ao disputado Haram al-Sharif [Esplanada das Mesquitas], em Jerusalém Oriental, [também conhecida como Nobre Santuário pelos muçulmanos e Monte do Templo por judeus e cristãos] ladeado por dezenas de agentes de segurança, a despeito de estarem a decorrer negociações de paz em Camp David.

Esta visita levou milhares de palestinos da Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, a saírem para as ruas em manifestações de protesto em que dezenas foram mortos e feridos pelas balas das forças de segurança israelitas.

Em solidariedade com os seus irmãos palestinos dos territórios palestinos ocupados desde 1967 [por Israel], a Alta-Comissão de Acompanhamento dos Cidadãos Árabes em Israel, convocou uma greve geral para 1 de Outubro de 2000, que foi acompanhado por manifestações de protesto em grande escala na maioria das cidades e aldeias árabes de Israel. Os protestos foram recebidos com uma reacção violenta da polícia israelita, que abriu fogo sobre os manifestantes com balas de aço revestidas de borracha e balas de tiro real, assim como bombas de gás lacrimogéneo. Também utilizaram franco-atiradores em diversos locais.

Como resultado, treze homens árabes [12 cidadãos de Israel e um paçestino] perderam as suas vidas e milhares de outros foram feridos pela polícia israelita. Centenas de cidadãos árabes foram presos e detidos sob diversas acusações associadas com os eventos.

Passados 10 anos em que comandantes, oficiais e polícias nunca foram responsabilizados por tais crimes e dado o fracasso total e deliberado de todos os órgãos policiais competentes para investigar os factos, a fim de identificar os responsáveis e levá-los à justiça, no décimo aniversário dos acontecimentos de Outubro de 2000, a Adalah convidou o novo procurador-geral para abrir :

1. Uma investigação sobre as provas - que a Comissão Or [de Theodore Or, juiz do Supremo Tribunal de Israel, nomeado para conduzir estas investigações] entendeu serem suficientes [1] para identificar os arguidos - contra os polícias e o seu indiciamento.

2. Uma investigação sobre o trabalho e os procedimentos da Mahash [Departamento de Policia de Investigação israelita, subordinado ao Ministério da Justiça de Israel] durante as investigações sobre as mortes, para dela retirar as pertinentes lições, pessoais e institucionais.

3. Uma investigação sobre o trabalho do ex-procurador-geral Menachem Mazuz, do ex-director da Mahash, Eran Shendar e da equipa de investigação da Mahash, para dela retirar as pertinentes lições, pessoais e institucionais.


[1] Principais conclusões da Comissão Or

Responsabilidade da Polícia

A comissão governamental de inquérito criticou a polícia israelita por não estar preparada para os motins e por ter usado de força excessiva para dispersar os cidadãos que protestavam e se amotinavam.

Oito polícias foram repreendidos pela comissão, a maioria deles depois que se terem aposentado da Polícia. Dois polícias foram demitidos devido às conclusões.

Responsabilidade Oficial

Como o mandato da Comissão era de investigação, nenhuma acção foi tomada contra a maioria dos por ela admoestados, mas as recomendações foram feitas. A maioria dos políticos judeus estava determinada a não ser em grande parte responsáveis, com excepção do Ministério de Segurança Interna, o professor Shlomo Ben-Ami. A comissão recomendou que ele fosse exonerado do seu cargo, e mais tarde viria a ser ministro dos Negócios Estrangeiros.

Além disso, três individualidades árabes (dois membros árabes do Knesset e um dirigente do Movimento Islâmico em Israel) foram consideradas parcialmente responsáveis pelo incitamento que antecedeu os motins.


Antecedentes das manifestações

A Comissão Or considerou que os cidadãos árabes sofrem de discriminação em Israel [a primeira vez que tal foi publicamente admitido por uma comissão governamental] e foram feitas críticas ao governo por não dar atenção, de forma justa e igualitária, às necessidades dos cidadãos árabes de Israel.

A comissão concluiu que a frustração derivada dessa discriminação conduziu aos eventos de Outubro de 2000.

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