27 outubro, 2010

Ontem estive num país onde a democracia esteve em coma durante mais de meia hora

Se não repararam é porque não abriram a televisão entre as 20:00 e as 20:45 de ontem ou então já estão completamente insensíveis e merecem o destino que escolheram: a triste e vil tristeza de apenas servirem para serem tratados como coisas descartáveis.

Durante mais de meia hora as três televisões portuguesas, transmitiram em directo, o antes, o durante e o depois da apresentação de uma candidatura presidencial.

Anteriormente já tinham feito a apresentação das suas candidaturas Defensor Moura, Fernando Nobre, Francisco Lopes e Manuel Alegre. Nenhum deles mereceu, felizmente, tão extensa e untuosa atenção.

Critérios redactoriais... uma treta. Só no tempo da ditadura se via tamanho dislate e bajulice.

Que a SIC e a TVI o façam é natural. Servem os "donos" e o candidato Cavaco é o que melhor serve os interesses dos seus "donos e senhores".

Agora a RTP 1? A televisão oficial portuguesa? Que falta de independência, profissionalismo e dignidade.

Eu não estou contra que se tenha feito a cobertura em directo, por todas as razões, mas com peso, conta e medida e de forma profissional.

Em televisão cada segundo conta. A notícia era a apresentação de um candidato à Presidência da República, importante só por si, sem dúvida, mas o que interessava conhecer e logo para fazer a notícia, era a sua afirmação de candidatura e das suas razões, e não o seu panegírico em discurso directo.

Aliás quando se tem os privilégios de uma tal cobertura mediática televisiva, que se vai manter porque ainda para mais é o PR em exercício, é mera hipocrisia declarar que se vai apenas usar 50% do permitido por lei para as campanhas presidenciais ou que não se vai usar outdoors. É a natural esperteza saloia a querer passar um atestado de acefalia à generalidade das cidadãs e cidadãos.

De resto nada de novo: a mera reafirmação de coisas mesquinhas, banais e populistas, que não ajudaram nos últimos 5 anos a fazer Portugal.

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