A Concentração de Solidariedade com a Palestina e o povo de Gaza, realizada ontem, 27 de Dezembro, pelas 18:30, no Largo de São Domingos, (Praça da Tolerância), em Lisboa, por ocasião da passagem do segundo aniversário do início da criminosa e sangrenta agressão israelita à Faixa de Gaza, reuniu mais de 50 cidadãs e cidadãos e representações das seguintes organizações: Associação Abril, Comité de Solidariedade com a Palestina, PAGAN, SOS Racismo e Tribunal Mundial sobre o Iraque.
A concentração tinha como objectivo:
- Evocar o 2.º Aniversário do massacre de Gaza;
- Exigir o fim do cerco ilegítimo da Faixa de Gaza por Israel;
- Exigir a materialização do Direito à Autodeterminação do Povo Palestino
- Exigindo a Paz!
A iniciativa excedeu as expectativas iniciais, dados os circunstancialismos – ser uma iniciativa cidadã, o curto espaço de tempo para convocação, a época do ano e a falta de solidariedade de organizações que tendo tradições no trabalho de solidariedade com o povo da Palestina, nem sequer se dignaram responder ao convite que lhes foi endereçado, ao contrário de outras que não podendo assumir uma posição em tempo útil, não deixaram de desejar sucesso para a iniciativa, como a Amnistia Internacional – Portugal e a CGTP-IN.
A concentração foi encerrada com uma breve síntese do evento feita por Ana Benavente, um dos quatro cidadãos*, enquanto tal, que lançaram a iniciativa, e com uma declaração/apelo:
Recordamos! Não esquecemos! Exigimos a Paz!
Registámos a presença da Lusa que gravou um pequeno apontamento.
Uma das perguntas da Lusa foi se a realização desta concentração naquele local não seria uma provocação.
A resposta, menos articulada é certo do que a seguir se apresenta, foi que a Concentração se realizou naquele local por ser um local central na cidade de Lisboa e não por nele existir um Memorial que sendo “evocativo do massacre judaico”** de 1506, é mais inclusivo e abrangente, pois que nele se evoca todas as “Vítimas da Intolerância” e “todas as vítimas que sofreram a discriminação e o aviltamento pessoal pelas suas origens, convicções ou ideias”.
Aliás evocar um massacre junto do memorial de um outro massacre, ser uma provocação, não tem sentido, porque o sujeito colectivo de qualquer massacre é sempre o mesmo – o ser humano - e as razões objectivas filiam-se normalmente na intolerância, no fanatismo e no ódio, religioso, filosófico, ideológico, político, racial ou de género e na ganância.
O profundo respeito pelas vítimas de origem e/ou fé judaicas não nos impede de condenar, aliás como acontece a cada vez mais judeus, por esse mundo fora, as políticas e acções criminosas do Estado de Israel, e isto sem pôr em causa o seu direito a existir em pé de igualdade com o futuro Estado da Palestina.
* Os outros são Guadalupe Magalhães, Pedro de Azevedo Peres e Vitor Garrido.
** Aliás de judeus, de cristãos novos e de muitos outros arrebanhados na sanha do ódio e fanatismo religioso e da ganância de uns tantos.
2 comentários:
Engraçado que não vejo essas manifestações quando existem judeus chacinados...
O melhor é reclamar, em primeiro lugar, junto da CIL.
Depois se tal massacre vier acontecer - e espero bem que não - pode sempre, como eu fiz aliás organizar uma.
Se eu entender que existem boas razões até a poderei subscrever.
Se tivesse analisado um pouco mais o meu blog veria que nele não existe anti-semitismo.
Mas que quer que eu diga de um Estado de Israel, que quase todos os dias, senão em todos, comete crimes contra o direito internacional, os direitos humanos e humanitários.
Israel está perante uma escolha decisiva em circunstâncias difíceis - com um governo de coligação de direita instalado.
Assim ou escolhe a paz e inflecte para um quadro democrático, ou mantêm a ocupação, desenvolvendo a colonização de territórios palestinos ocupados ilegalmente - Cisjordânia e Jerusalém - e o cerco à Faixa de Gaza - o maior campo de concentração de todos os tempos, com um milhão de seres humanos, como nós, sobrevivendo à míngua de tudo, e continuará na rota para a sua transformação total num Estado pária para todos os que defendem a liberdade, os direitos humanos e a dignidade humana de forma consequente.
Shalom
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