01 setembro, 2010

Israel: Eleições à porta ou o caso do aprendiz de analista

Não sei se repararam mas desde sexta-feira, o movimento que defende a paz em Israel tem vindo a manifestar-se de uma forma firme e clara contra a ocupação ilegal dos territórios palestinos e contra a manutenção de colonatos ilegais.


Apesar de 4 deles já terem recuado face às ameaças governamentais e dos directores das companhias que não aderiram e onde representavam, esta tomada de posição foi algo de inesperado e que veio a demonstrar a cisão que existe entre diversos sectores da sociedade israelita sobre os colonatos e a ocupação ilegal.

De seguida 150 académicos de Israel, afirmaram em carta aberta que se recusariam participar "em qualquer tipo de actividade cultural para além da Linha Verde", que separa Israel da Cisjordânia, e que nem participariam em quaisquer “debates, seminários ou palestras ou em qualquer tipo de iniciativa académica nos colonatos".

Ontem, quase coincidindo no tempo, alguns dos mais conhecidos escritores e intelectuais de Israel pediram um boicote cultural e académico aos colonatos judaicos na Cisjordânia, entre eles três dos mais importantes escritores de Israel - Amos Oz, David Grossman e AB Yehoshua - apoiaram o apelo.

Juntamente com outros artistas e poetas, os escritores assinaram uma carta aberta afirmando: "A legitimação e a aceitação da colonização causa prejuízos perigosos às oportunidades de Israel alcançar um acordo de paz com seus vizinhos palestinos."

Ambas as cartas foram destinadas a mostrar solidariedade para com a iniciativa dos actores, já acima referida.

Hoje aparece Ehud Barak a cometer a “inconfidência” de que Israel estaria disposto a entregar partes de Jerusalém no âmbito das conversações de paz com palestinianos.

Suspeito que esta inconfidência seja uma manobra eleitoral de Ehud Barak, que assim procura “cavalgar” a onda da paz ciente que seja qual for o resultado das negociações a coligação que apoia o governo já não tem futuro e que as eleições estão aí ao virar da esquina.

De facto seja qual for a posição de Netanyahu, nas negociações que começam amanhã o destino da coligação está traçado.

Ou porque Netanyahu ciente da situação se irá procurar colocar na posição de “um corajoso paladino da paz, mas firme na defesa da segurança de Israel”, aceitando os parâmetros e acordos das anteriores negociações israelo-palestinas: Dois Estados; fronteiras de 1967, retirada dos TPO incluindo Jerusalém Oriental, “terras por paz”, programa de indemnizações aos refugiados, assim fazendo cair o governo de coligação mas ganhando o apoio do “amigo americano”.

Vai a votos, ganha as eleições e faz coligação com os trabalhistas e com o Kadima, que anda “desaparecido” ou…

porque escolheu o caminho da rutura usando as já conhecidas mantras “não há interlocutor credível” e/ou “as condições são inaceitáveis”; o Partido Trabalhista de Ehud Barak saí da coligação para cavalgar o processo de paz; vão a votos e Netanyahu perde as eleições porque não agradou nem aos que querem a paz e boas relações com os E.U.A., nem aos que pretendem instituir o Eretz Israel.

Se não falámos dos outros membros do Quarteto é porque, em minha opinião, eles pouco fizeram e fazem para ter expressão nesta equação. 

Uns porque estão rendidos ao “império”: Ban Ki-moon para sobreviver e a Federação Russa porque precisa da tecnologia americana. 

No caso da União Europeia porque não tendo uma política externa definida de acordo com os seus interesses geoestratégicos, acompanha, mesmo que sem convicção, o diktat do aliado e ainda (?) “protector”.

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