Um artigo de Tobias Buck, em Jerusalém
Alguns dos mais conhecidos escritores e intelectuais de Israel pediram, na terça-feira, um boicote cultural e académico aos colonatos judaicos na Cisjordânia, lançando uma forte luz sobre as divisões do país num momento crítico para a diplomacia regional.
Três dos mais importantes escritores de Israel - Amos Oz, David Grossman e AB Yehoshua - apoiaram o apelo.
Juntamente com outros artistas e poetas, os escritores assinaram uma carta aberta afirmando: "A legitimação e a aceitação da colonização causa prejuízos perigosos às oportunidades de Israel alcançar um acordo de paz com seus vizinhos palestinos."
A carta coincidiu com um apelo semelhante de 150 académicos de Israel, que afirmaram que se recusariam participar "em qualquer tipo de actividade cultural para além da Linha Verde", que separa Israel da Cisjordânia. Nem participarão em quaisquer “debates, seminários ou palestras ou em qualquer tipo de iniciativa académica nos colonatos".
Ambas as cartas foram destinadas a mostrar solidariedade para com um grupo de actores israelitas, que declarou no fim-de-semana de que não iriam representar num novo centro cultural em Ariel, o quarto maior colonato judaico quarto na Cisjordânia, com 17 mil habitantes.
O governo respondeu ameaçando retirar o financiamento público de qualquer teatro envolvido no boicote. Benjamin Netanyahu, o primeiro-ministro, disse: "O estado de Israel está sob um ataque de deslegitimação por elementos da comunidade internacional. A última coisa que precisamos neste momento é de [uma] tentativa de boicote vinda de dentro. "
A polémica vem num momento delicado, com Netanyahu prestes a iniciar uma nova ronda de negociações de paz com a liderança palestina, em Washington, na noite de quarta-feira.
O futuro dos colonatos judaicos, como Ariel, construídos [ilegalmente] em terras [ilegalmente] ocupadas por Israel durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967, será uma questão crucial durante as negociações.
Ariel, encontra-se no interior da parte norte da Cisjordânia, é um dos colonatos que Israel pretende manter como parte de qualquer acordo final de paz. É às vezes referido como um colonato de "consenso", o que significa que a maioria dos israelitas o vê como parte do país, independentemente da localização.
Esta alegação já foi prejudicada por vozes de liderança dentro de Israel. "Nós gostaríamos de lembrar ao povo israelita, que como todos os colonatos, Arriei também está em território ocupado", declara o apelo dos académicos. "Se um futuro acordo de paz com as autoridades palestinas colocar Arriei dentro das fronteiras de Israel, então ele será tratado como qualquer outra cidade israelita".
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