29 setembro, 2010

A mídia comercial em guerra [no Brasil]

A mí­dia comercial em guerra | OUTRAS PALAVRAS

Um artigo muito interessante analisando as tomadas de posição de certa imprensa brasileira contra a candidata Dilma e o Presidente Lula, assinado por Leonardo Boff, teólogo [a quem o Vaticano quis silenciar], filósofo, escritor e representante da Iniciativa Internacional da Carta da Terra.

Uma "pista" deixada no facebook pelo meu amigo António.

É só seguir o link.

Um discurso que merece ser lido e ponderado

Declaração de interesses:

Ainda não decidi o meu sentido de voto e provavelmente só o decidirei no dia das eleições. No entanto, desde o momento em que Fernando Nobre decidiu apresentar a sua candidatura a Presidente da República, que decidi  subscrever a sua propositura.

E falo-ei no dia seguinte à marcação da data das eleições

Fernando Nobre merece travar este combate, agora que lançou o seu repto, pelo muito que já fez em prol dos mais carenciados em Portugal e por esse mundo fora. E estou certo que a sua participação na campanha eleitoral  irá obrigar a uma reflexão sobre a nossa sociedade  mais próxima da realidade e extravasando a usual e serôdia dictomia entre "esquerda" e "direita".

Fernando Nobre está a travar uma luta desigual. Não sendo visto como um potencial vencedor, a sua candidatura tem sido tratada como uma quase "curiosidade", nesta fase de pré-campanha. Só assim se explica o deficiente tratamento do seu discurso à Convenção Nacional dos Voluntários da sua candidatura no passado dia 25 de Setembro.

Por entender que deve ser lido e ponderado, aqui fica na íntegra.



Caros amigos e amigas, concidadãos

Esta é a candidatura. Este é o tempo. Estamos a caminho de recomeçar Portugal.

Conhecem-me e sabem porque me candidato à Presidência da República.

Não sou um produto e não sou o produto de um partido.

Sou um homem que entende que é tempo de continuar a devolver ao País tudo o que ele me deu.

Na minha vida não procurei ganhar dinheiro nem lugares. Sou médico e fiz uma opção há muitos anos: a minha vida só faria sentido na medida em que pudesse dar a outros a oportunidade de cumprirem os seus sonhos e terem uma vida mais digna.

Não sou por isso nem melhor nem pior que tantos outros – sou como sou.

Não tenho um currículo de décadas no Parlamento. Não fui primeiro-ministro.

Em vez de estar em sessões cheias de deputados, estive em hospitais de campanha, com mais feridos do que conseguíamos tratar.

Em vez de fazer discursos, fazia intervenções cirúrgicas.

Em vez de liderar congressos partidários, liderava missões de ajuda humanitária, sempre e exclusivamente atento às necessidades e ao sofrimento do outro.

Há quem diga que isso não me qualifica para ser Presidente. Essas pessoas dizem que não tenho experiência política, que não conheço os corredores do poder, que não sou um candidato credível porque para se ser credível é necessário trabalhar no aparelho de um partido.

Habituei-me a respeitar as opiniões dos outros, mas permitam-me que tenha a minha.

Que visão distorcida da democracia!

Se para se ser Presidente da República é necessário, como Manuel Alegre, ter uma carreira de 34 anos de deputado, então eu não sou um bom candidato.

Se para se ser Presidente da República, é necessário ter sido ministro, primeiro-ministro e Presidente da República como Cavaco Silva foi nos últimos 29 anos, então certamente que não sou um bom candidato.

Mas eu estou aqui! Estou aqui por acreditar que a democracia é muito mais do que partidos políticos. É muito mais do que trocas de favores entre pessoas que depois se protegem nos seus telhados de vidro. É muito mais do que o poder exercido pelos mesmos de sempre, num sistema que vive do conflito estéril e não da esperança.

Eu venho em nome da Cidadania! Eu venho pela necessária Mudança! Eu venho pela insubstituível Esperança!

E por isso vos digo, olhos nos olhos, eu sou o candidato de todos os portugueses. Trago-vos a minha experiência de vida, a minha história, as minhas convicções, talvez até os meus defeitos. Mas não duvidem que à vossa frente está um homem por inteiro.

Não duvidem que aqui e agora, do meu coração para o vosso, eu selo um pacto com todos os portugueses. Que como eu, estão inquietos e preocupados com o estado da nossa democracia. Preocupados com o seu futuro e o dos seus filhos. Preocupados com o estado a que chegou a nossa Nação.

Não me entendam mal: eu nunca fui nem sou contra os partidos políticos. O meu combate não é populista. Acredito apenas que os partidos políticos precisam de se repensar.

Convicção e responsabilidade. Duas palavras tão gastas nas últimas semanas. Em caso de dúvida entre uma e a outra, o actual Presidente da República, Prof. Cavaco Silva, disse-nos que a responsabilidade deve estar à frente da convicção.

Eu acredito nas convicções.

E combato por elas no terreno sem dúvidas metódicas. Se me dessem a escolher entre morrer ou perder a dignidade das minhas convicções, eu não hesitaria por um segundo que fosse.

Não existe esperança sem convicções. Não existe paixão sem convicções. Não existe coerência sem convicções. Não existe Democracia sem a convicção absoluta dos nossos princípios.

A responsabilidade só vem depois. Se viesse antes, como defendeu o Professor Cavaco Silva, as convicções de cada um seriam moldadas às responsabilidades de cada momento.

E é também por isso que aqui estou. Por acreditar que sou o único candidato que, em todas as circunstâncias, colocará a convicção em primeiro lugar.

Não defendo hoje uma coisa e o seu contrário amanhã, não ataco hoje José Sócrates para o defender amanhã, não sou capaz de fazer o que for preciso para conseguir mais votos.

Nos momentos mais altos da sua história, o Partido Socialista e o Partido Social Democrata dividiram-se algumas vezes em nome de convicções. Mário Soares e Francisco Sá Carneiro, em vários momentos, apelaram aos seus para que não apoiassem ideias ou pessoas sem verdadeiramente acreditar nelas.

O PS está dividido em relação a Manuel Alegre e eu pergunto: como poderia não estar dividido?

Muitos sectores do próprio PSD não estão confortáveis com a ideia de apoiar Cavaco Silva. Mas pergunto também: como poderiam não estar divididos?

Eu conheço muito bem o mais fundamental da nossa República: as pessoas. Não fiz outra coisa na vida senão trabalhar com elas e por aquelas que mais necessitavam. E isso deu-me três coisas: liberdade, independência e amor pelos outros.

É com a liberdade, a independência e o amor que tenho pelos outros que vos digo: apelem às vossas convicções para escolherem o melhor candidato. Não votem em quem não confiam apenas por pertencer ao partido x ou ao partido y. O vosso imperativo de consciência, a vossa liberdade, é absoluta. E soberana. Absolutamente soberana.

Quando em Fevereiro deste ano anunciei a minha candidatura à Presidência da República, fi-lo também por um imperativo de consciência.

Portugal, com quase quatro décadas de democracia, está num impasse total. As pessoas não têm esperança, não têm trabalho, não têm confiança no futuro. Os políticos profissionais parecem feitos de plástico. A palavra vale pouco. O dinheiro explica tudo. O espírito do salve-se quem puder avança pelo nosso quotidiano público e, nessas ocasiões, eu sei quem nunca se salva: os mais jovens, os mais pobres, os mais fracos, os mais esquecidos.

Não tenho partidos políticos nem influências atrás de mim, mas tenho um País à minha frente. Um País que merece melhor.

Um País que deve oferecer a todos uma vida digna. Um País que quer recomeçar e que tem esperança na mudança. E tenho comigo muitos milhares de pessoas, cidadãos livres como eu.

São vocês quem dá vida a esta candidatura e a este projecto para tornar Portugal melhor.

Tenho ao meu lado gente ilustre de todos os partidos, autarcas, gente da economia, da cultura, dos sindicatos, do jornalismo, do entretenimento, da ciência, da medicina, do desporto. Portugueses que atingiram o cume da pirâmide profissional e são reconhecidos pelo que são e fizeram. Orgulho-me do seu apoio e espero estar à sua altura.

Mas espero principalmente estar à altura da Lília, de Faro; do Zé Pereira, do Porto; do João, de Viseu; do Francisco, de Santarém; da Paula, de Lisboa; do Baptista, da Guarda; do Pedro, da Madeira, e de tantos e tantos outros.

Eles, e cada um deles, são a minha Comissão de Honra. São eles, anónimos portugueses, que lutam, sonham e sofrem por este País sem esperar nada em troca. Foi por eles que decidi avançar e ser candidato. Hoje, se estou aqui, é por todos eles que o faço.

Sou livre de aparelhos, mas estou totalmente preso às minhas convicções. Sou afinal como a grande maioria de nós.

Juntos conseguiremos. Nunca se esqueçam: os nossos melhores dias ainda estão para vir.

Quero dizer-lhes o que penso sobre este País e como ele pode mudar.

O maior drama que temos perante nós é sem dúvida o desemprego.

Eu conheço estudantes que terminaram os seus estudos e esperam anos por um emprego digno.

Eu conheço trabalhadores que dedicaram décadas da sua vida a uma fábrica que encerrou sem os avisar.

Eu conheço trabalhadores ditos independentes que passam anos e anos da sua vida sem saber se no dia seguinte continuarão a ter trabalho.

Eu conheço os que já perderam a esperança de voltar a trabalhar e de quem o Estado parece esquecer-se agora, depois de anos de impostos e de contribuições.

E eu conheço idosos que têm reformas de 65 euros.

Penso nos concelhos onde hoje 1 em cada 5 habitantes querem trabalhar e não têm emprego. Falo nas pessoas de Mesão Frio, de Baião, de Espinho, de Castelo de Paiva, de Cabeceiras de Basto, de Resende... Nas pessoas de quem pouco se fala e em quem pouco se pensa. Eu serei sempre a voz destes excluídos e de todos os excluídos.

Penso nas famílias a quem o drama do desemprego mudou a vida: nas casas que ficaram por pagar, nos medicamentos que ficaram por comprar, na comida que falta na mesa, nos projectos de vida adiados.

Porque pensar no desemprego não é pensar num número. Pensar no desemprego é ser capaz de ver as pessoas desesperadas, humilhadas, que cada número esconde.

Alguém disse que um morto é uma tragédia e um milhão de mortos não passa de uma estatística. Habituámo-nos a tratar os assuntos como se tudo se pudesse remeter para a comparação de percentagens nos períodos homólogos. Esquecemo-nos que as estatísticas significam pessoas – cada décima equivale a muitas pessoas que, como eu, são feitas de carne, osso e sentimentos.

Uma sociedade deve avaliar o seu grau de desenvolvimento tanto pela riqueza que gera como pelos pobres que não ignora.

Temos de começar a dar menos desculpas e a arranjar melhores soluções. Para que o desemprego se reduza rapidamente precisamos de estabilidade política, de aumentar a credibilidade do Estado e de apoiar determinadamente as empresas que o mereçam e que saibam assumir a sua responsabilidade social.

Precisamos de saber cortar na despesa pública desnecessária e acreditar que nada é mais prioritário que ajudar um trabalhador a voltar à vida activa.

Os nossos Centros de Emprego são muitas vezes espaços de tristeza e de humilhação. Tantas ideias lançadas, tantos objectivos eloquentes e tão pouco se pensa naquilo que, sendo pequeno, pode mudar as coisas para melhor. Porque não humanizamos os nossos Centros de Emprego? Porque não apostamos numa maior proximidade entre os cidadãos em dificuldade e o Estado? Porque não formamos jovens qualificados que possam acolher com dignidade os desempregados nos Centros de Emprego? Jovens que aconselharão o cidadão, tornando o contacto com estes serviços numa experiência mais positiva, mas também responsabilizadora.

Um Estado que não é capaz de se governar não é capaz de governar os seus cidadãos. E aqui o Presidente da República tem um papel central. Mesmo não governando, o Presidente é quem orienta, quem aconselha, quem influencia as decisões. É um árbitro, mas é também um mobilizador, um catalisador, um galvanizador.

Como é possível que um ano depois das eleições legislativas se viva num clima de campanha eleitoral permanente? Como é possível que Governo e oposição pareçam trabalhar mais para as notícias nas televisões do que para os Portugueses?

A estabilidade vai de mãos dadas com a credibilidade. Seis meses antes do momento da sua aprovação, já o Orçamento de Estado para o próximo ano andava na rua, feito uma bola de trapos.

Perante os ataques das empresas de rating internacionais, o que tem este País para lhes oferecer?

Oferece-lhes a sua instabilidade política.

Oferece-lhes a incerteza e a variação consecutiva das suas políticas.

Oferece-lhes números para todos os gostos, quando estes deveriam ser um motivo de unidade nacional.

Oferece-lhes propostas de revisão constitucional despropositadas face ao tempo que vivemos.

Oferece-lhes a ideia de que a entrada do FMI em Portugal é quase uma fatalidade ou uma irrelevância.

Basta! Sejamos sérios, sejamos consequentes, sejamos competentes, sejamos patriotas!

O “Estado Social de Direito” não pode ser só um chavão na boca de políticos antes das eleições. A defesa do emprego, de uma educação de qualidade para todos, de uma segurança social pública e de um Serviço Nacional de Saúde eficaz e universal é um dever para todos nós. Eu conheço bem os países em que as políticas públicas e as instituições não funcionam e não conseguem oferecer aos seus cidadãos os mínimos de dignidade. Não posso aceitar isso para o meu País.

O Estado Social baseia-se na solidariedade e na repartição da riqueza. Eu abdico de parte dos meus rendimentos para que o sistema me ajude quando eu precisar e para que possa ajudar os outros. É o mais perfeito modelo até agora conseguido, que permite acabar com a pobreza extrema e dar oportunidades a quem de outro modo nunca as teria.

Não é aceitável que se desbarate este património a favor de quem vive apenas pelo lucro e para o lucro.

Ser cidadão é ser parte de um todo, onde todos entram. Defender a justiça social é simplesmente isso. Ninguém fica de fora. Ninguém fica para trás. Não contem comigo para acabar com o Estado social em Portugal. Isso seria um retrocesso civilizacional inaceitável.

É espantoso como este debate surge exactamente no momento em que Barack Obama conseguiu o que quase ninguém acreditava ser possível. Depois de um século em que vários presidentes o tentaram, foi assinada uma histórica Reforma da Saúde nos Estados Unidos.

Na cerimónia da assinatura, Obama disse ser um dos dias mais importantes da sua vida porque não se esquecia da imagem da sua mãe a discutir com as seguradoras ao mesmo tempo que lutava contra um cancro.

Não temos o direito de sermos nós a retroceder. Sejamos capazes de estar ao lado do progresso.

O Presidente da República tem o dever de devolver a esperança aos Portugueses e de, com eles, apontar um caminho. Tem o dever de ser um exemplo para todos.

Dizem, alguns, que um Presidente pouco ou nada pode fazer, que não deve intervir. Mas se houver uma criança em Portugal com fome, deve um Presidente seguir indiferente? Se houver uma idosa que não consegue pagar os medicamentos e que tem de escolher entre a conta na farmácia e a renda de casa, deve um Presidente ficar em silêncio? Se uma família for destruída pelo flagelo do desemprego e lançada na miséria e na rua, deve um Presidente calar?

Eu respondo-vos: comigo não.

O meu caminho é feito com um compromisso: apostar no aumento da competitividade da economia e num modelo social que, sabendo ser inclusivo, saiba também destacar os melhores e os mais esforçados. Só receia o mérito quem não está disposto a trabalhar para ele, sejam trabalhadores, empresários ou serviços públicos.

Lutar pela transparência e pela modernização do Estado significa lutar pelos cidadãos e pelas empresas. Para que os serviços a que têm direito e para os quais contribuem tenham mais qualidade e sejam mais eficazes.

Para que possam acreditar nas instituições públicas. Para que o Estado não seja um entrave ao desenvolvimento. Para que não se veja nas instituições públicas a suspeita da corrupção e do compadrio.

A burocracia excessiva da fiscalidade significa injustiça e ineficiência. A multiplicidade de instituições públicas com funções duplicadas ou insondáveis significa que o Estado tem sido o destino das clientelas partidárias.

Um sistema de justiça que não consegue responder a tempo às solicitações dos que dele precisam e parece enredado numa novela corporativa permanente precisa de ser repensado.

São apenas três exemplos do que poderemos mudar.

Precisamos de uma fiscalidade simples, justa e eficaz, que não trate à partida o cumpridor como suspeito e o devedor como condenado. Que não seja a teia de regras impossíveis que é, mas que possa funcionar com eficiência como o primeiro instrumento de redistribuição dos recursos, e não premeie, pela sua complexidade e lentidão, os que melhores advogados podem pagar.

Precisamos de um Estado e de uma Administração Pública acima de qualquer suspeita, que esteja ao serviço dos cidadãos e que saiba usar os recursos públicos.

Precisamos de pensar os recursos que são necessários para as nossas verdadeiras prioridades comuns. Num estudo recente, eram divulgados os números das entidades que recebem dinheiro do Orçamento: são 13 740 entidades públicas, das quais 356 institutos públicos, 639 fundações, 343 empresas públicas e 87 parcerias público-privadas.[1] Não precisamos deste universo incontrolável de serviços e de compromissos financeiros dispensáveis.

Do que precisamos sim, é de saber que temos os melhores, os mais competentes, os mais sérios nas funções que são pagas por todos os Portugueses.

Precisamos de um sistema de justiça que responda a tempo, que dê confiança aos Portugueses e não seja um entrave ao investimento.

Os sinais de que estamos no caminho errado vêm de muitas origens. Não somos capazes nos tribunais de cobrar uma dívida em tempo útil. Não acreditamos numa justiça que chega apenas cinco ou dez anos depois. Olhamos o que temos à nossa volta nas ruas e vemos medo. E não é só o medo do desemprego, da exclusão e da falta de solidariedade. É também o receio pela nossa própria segurança.

Meus amigos,

Sou o candidato da cidadania.

Digo-o porque não sou filiado num partido, como não o é a esmagadora maioria dos Portugueses. Mas digo-o principalmente por saber que tenho comigo pessoas que pensam de maneira diferente, mas que se revêem num Presidente da República que possa ser um mobilizador e um exemplo. Um Presidente que exija dos demais poderes o efectivo cumprimento da Constituição e uma política de desenvolvimento inclusivo e sustentável para Portugal.

O que nos une é querer o melhor para a nossa Pátria, em torno de um Presidente que possa ser efectivamente livre, isento e em quem se possa confiar. Tenho uma vida de trabalho que fala por mim e nunca precisei dos jogos políticos para cumprir os meus sonhos.

Serei um Presidente que não se preocupará com resultados eleitorais futuros, seus ou de outros. Serei um Presidente que nunca será refém de impensáveis acordos partidários que, no futuro, trarão incerteza e mais instabilidade. Serei um Presidente que não terá atrás de si um histórico de contradições. Serei um Presidente de convicções, apenas porque sou um homem de convicções.

Revejo-me no destemor de Humberto Delgado e na dignidade de Ramalho Eanes. Revejo-me no sacrifício de Aristides de Sousa Mendes e na igreja solidária de D. Manuel Clemente. Revejo-me na coragem de Salgueiro Maia e na coerência combativa de Carvalho da Silva. Revejo-me na determinação de Sá Carneiro e nas convicções de Mário Soares.

Revejo-me nos desígnios do Príncipe Perfeito e nas caravelas a avistar novos mundos. Revejo-me no progresso republicano e na resistência que permitiu o 25 de Abril.

Revejo-me no granítico norte e no sereno sul. Revejo-me na solidariedade para com os desfavorecidos e na visão de futuro dos empreendedores. Revejo-me no silêncio dos excluídos e no grito dos indignados. Revejo-me no mérito e na força do exemplo. Revejo-me em todos e em cada um dos portugueses, homens livres, cidadãos iguais perante a lei e a Constituição da República.

Nesta campanha, ninguém tem de se preocupar em rotular-me. Não sou nem “do sistema” nem “anti-sistema”, como outros candidatos parecem hesitar. Basta-me ser quem sou e sou apenas e só por Portugal.

Aos que nas próximas eleições vão votar pela primeira vez, aos que deixaram de acreditar, aos que se sentem esquecidos, aos que acham que o seu voto não conta, eu digo: este é o tempo de recomeçar Portugal porque o Portugal com que sonhamos é possível. Portugal é a soma dos nossos sonhos. Chegou a hora de ninguém se acomodar. Chegou a hora de nos erguermos. Chegou a hora de acreditar na nossa Nação.

A minha última palavra é para os jovens. Os que não votam, os que votam pela primeira vez, os que estão nas universidades, os que acabam de conseguir o primeiro emprego, os que estão à procura.

Não vos prometo o que não posso cumprir. Peço-vos apenas para não deixarem de acreditar no nosso País.

Também aqui estou por vocês, para que de futuro nunca mais se possam definir como uma geração traída.

Estou certo de que seremos surpreendidos com a capacidade que as novas gerações têm para inventar novos caminhos, inventar caminhos que antes de serem pensados não cabiam em lugar algum. Ao contrário da geração dos vossos pais, vocês não precisam de perguntas para encontrar as respostas.

Nunca abdiquem das vossas convicções. Podem ser de Esquerda ou de Direita, conservadores ou revolucionários, mas sejam e acreditem que podem marcar o vosso tempo.

É por isso que nas nossas escolas, nas escolas do futuro onde aprenderão estas crianças e as próximas, deve ensinar-se o valor do carácter. É o carácter que distingue a fronteira entre uns e outros. A ética dos valores deveria estar equiparada à tabuada ou ao alfabeto.

É de um desígnio que precisamos. De um desígnio para um País que não tem de viver de costas voltadas para si próprio ou para a sua extraordinária história.

Se todos nascemos livres e iguais em dignidade e direitos, não há tempo melhor que este para assumirmos essa responsabilidade.

Viva Portugal!

27 setembro, 2010

"... o sonho comanda a vida...", António Gedeão.

Hoje tive uma ideia, que ofereci. Sem registo de propriedade. Assim, tal e qual. Espero que seja de utilidade. E mais não digo.

Por isso aqui vos deixo, de António Gedeão: "Pedra Filosofal":


Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.

Eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.

Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.

Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida,
que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.

In Movimento Perpétuo, 1956

26 setembro, 2010

Primeiro-ministro defende criação de Estado palestino na AG da ONU

Do discurso que o primeiro-ministro José Sócrates proferiu ontem, na Assembleia Geral das Nações Unidas, respigo e subscrevo a reafirmação do apoio:

"A criação de um Estado palestiniano independente, democrático, contíguo e viável, a viver lado a lado, em paz e segurança mútuas, com o Estado de Israel, é o objectivo para o qual todos temos de contribuir"

Ao invés da maioria dos políticos portugueses que tem o péssimo hábito de apenas salientarem o que de mal dizem ou fazem os seus adversários e esconderem ou apoucarem os aspectos positivos, eu, que tenho José Sócrates como adversário político, não me coíbo de aplaudir e subscrever o seu discurso, no que conheço,  nos termos noticiados no Público.

Infelizmente o discurso original do primeiro-ministro ainda não está disponível para a maioria dos portugueses. 

No site do Governo não está publicado - aliás parece que fecha ao fim de semana já que a última notícia é datada do dia 23 -, e as intervenções do primeiro-ministro ficam-se pelo dia 20.

No site do MNE - onde poderia (e deveria) constar - pior ainda ficamos pelo dia 21. 

Assim não posso estabelecer o link para o discurso original ... mas posso indicar-vos um link para o site dedicado à 64.ª Assembleia Geral onde terão acesso ao resumo em inglês do discurso e ao vídeo do mesmo, onde a voz do nosso primeiro-ministro fica coberta pela tradução simultânea... em inglês.

Um último comentário. Qual será a razoabilidade de, no site do MNE, versão portuguesa, na secção "Informação Política / Declarações Políticas", aparecer em inglês uma declaração do Secretário de Estado João Cravinho intitulada " Statement by João Gomes Cravinho, Secretary of State for Foreign Affairs and Cooperation, on behalf of the Government of Portugal.". Aliás não é a única. Será para que os portugueses que não dominem o inglês não possam saber o que João Cravinho declarou em nome de Portugal?

Moratória israelita expira a 30 de Setembro

Segundo um despacho da AFP, a moratória de dez meses “congelando” a construção em território palestino da Cisjordânia, ilegalmente ocupado e colonizado por Israel, deverá expirar no final de Setembro, de acordo com uma ordem militar, e não hoje, dia 26, como tem vindo a ser entendido. 

A ordem militar n.º 1653, que foi emitida imediatamente após a decisão do gabinete israelita, de 26 de Novembro de 2009, que aprovou a moratória sobre a construção na Cisjordânia, define 30 de Setembro como a data em que expirará os efeitos da moratória.
 
Até agora, a data aceite para o fim do congelamento tem sido 26 de Setembro - exactamente 10 meses após a data daquela decisão ter sido anunciada.
 
O gabinete do primeiro-ministro não fez quaisquer comentários sobre a discrepância entre as duas datas.

25 setembro, 2010

Ed Miliband vence por margem mínima

FT.com / UK / Politics & policy - Ed Miliband wins Labour leadership by wafer-thin margin

Ed Miliband, ex-ministro da Energia, ganhou com 50,65% dos votos contra os 49,4% do seu irmão mais velho David Miliband, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros.

Ed conquistou maiores apoios junto dos sindicatos e dos militantes, enquanto David venceu junto dos membros trabalhistas do Parlamento.

No seu discurso afirmou que a sua primeira tarefa é unir o partido. "Tenho de unir este partido e falo-ei"
" Sei que perdemos a confiança, sei que perdemos o contacto. Sei que temos de mudar. Hoje uma nova geração assume a direcção do Partido Trabalhista, uma geração que entende o significado da mudança," afirmou.

Disse ainda que o seu objectivo é " uma sociedade mais próspera, mais justa, mais igualitária.

24 setembro, 2010

Norman Finkelstein em Portugal de 29/09 a 01/10

Para divulgar este acontecimento tive que arranjar o tempo que me tem faltado e

Segundo a divulgação do CES - Centro de Estdos Sociais da Universidade de Coimbra, que adapto socorrendo-me maioritariamente do seu texto:

Entre 29 de Setembro e 1 de Outubro estará em Portugal o professor Norman Finkelstein. Polémico especialista na problemática do Médio-Oriente, Norman Finkelstein dará uma conferência em Lisboa e outra no Porto, devendo orientar um seminário no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra.

Em Lisboa, Norman Finkelstein apresentará uma conferência intitulada «The Repercussions of Israel’s Cast Lead Operation for the Future of its Occupation of the Palestinian Territories», a 29 de Setembro na Escola Secundária Luís de Camões, às 18.30.

A mesma conferência será levada ao Porto no dia 30 de Setembro , às 18 horas, na Cooperativa Árvore.

A 1 de Outubro [em Coimbra] Norman Finkelstein conduz a partir das 11 horas, na sala de seminários do CES, o seminário «Myths and Realities of the Israel-Palestinian Conflict».

São promotores das conferências e do seminário o Centro de Estudos Sociais,  a Comissão Nacional de Apoio ao Tribunal Russel para a Palestina, a Fundação Mário Soares, o Grupo de Acção Palestina, o Sindicato dos Professores da Grande Lisboa, e o Sindicato dos Professores do Norte.


Nota biográfica:

Norman Finkelsten é um estudioso internacionalmente conhecido de temas que dizem respeito ao Sionismo, a Palestina e a ocupação israelita dos territórios palestinianos. É autor de vários artigos e livros com muito interesse nesse campo e é conferencista activo a favor dos direitos políticos e humanos do povo palestiniano e contra a ocupação israelita. Judeu americano, filho de sobreviventes do Holocausto, Finkelstein aplica um humanismo universalista radical e consistente à sua crítica da ocupação israelita e dos seus apologistas.

A sua crítica implacável da ocupação e dos seus apologistas tem-lhe custado muito, tendo a recusa da DePaul University em conceder-lhe emprego sido o resultado de intervenções sem precedentes e pressões notórias do lobby sionista (nomeadamente de Alan Dershowitz).

A vida e o trabalho do Finkelstein também foram objecto de um documentário com o título “American Radical”.

O seu livro mais recente, «This Time We Went Too Far: Truth and Consequences of the Gaza Invasion» (OR Books, New York, 2010) é uma análise crítica do massacre perpetrado em Gaza de Dezembro 2008-Janeiro 2009 da Operação Chumbo Derretido. O seu livro The Holocaust Industry (A Indústria do Holocausto, traduzido para o português no Brasil pela editora Record, 2001) analisa criticamente as várias formas de aproveitamento oportunista pelo Estado de Israel e os seus apologistas da realidade do Holocausto para encobrir os crimes reais cometidos pela ocupação aos palestinianos.

Para mais informações consulte-se o seu website em: http://www.normanfinkelstein.com/

16 setembro, 2010

Consequências do "fast-food"...



O novo e provocante anúncio sobre as consequências da "fast-food", produzido pela organização americana, sem fins lucrativos, Physicians Committee for Responsible Medicine*, (PCRM), [Comité de Médicos para uma Medicina Responsável], foi rodado numa morgue, e pretende chamar a atenção para a ligação entre as mortes por doença cardíaca e esse tipo de alimentação.

Previsto para ser apresentado, a partir de hoje, 16 de Setembro, no The Daily Show e nas estações locais de Washington, tem como alvo o menu altamente gordo da McDonald's e como primeiro objectivo chamar a atenção dos habitantes de Washington "para as altas taxas de mortes por doença cardíaca e a alta densidade de restaurantes fast-food existentes na cidade".

Estudos têm demonstrado que as pessoas que consomem “fast-food” têm maior risco de ficarem obesas, um factor que contribui para as doenças do coração. Altos teores de gordura e de sal estão presentes na maioria dos menus dos restaurantes de "fast-food".

* Fundada em 1985, o Physicians Committee for Responsible Medicine (PCRM)[Comité de Médicos para uma Medicina Responsável] é uma organização americana de saúde sem fins lucrativos que promove a medicina preventiva, conduz investigações clínicas e incentiva a adesão aos mais elevados padrões de ética e eficácia na investigação.

14 setembro, 2010

Hoje, 14/9, 19:00 Concentração pelo Boicote-Desinvestimento-Sanções a Israel

Blogmaton adere à campanha internacional de Boicote-Desinvestimento-Sanções a Israel, pela Palestina e pela Paz

"Em plena campanha internacional de Boicote-Desinvestimento-Sanções a Israel, uma equipa israelita é aceite na Liga dos Campeões e joga amanhã hoje contra o Benfica, no seu primeiro de três jogos na Europa.

Uma concentração de protesto terá lugar amanhã hoje, 14 de Setembro, a partir das 19 horas, à saída do túnel proveniente do Centro Comercial Colombo."

Este é teor de um comunicado que me foi enviado ontem, pelo Comité Palestina, e que só há pouco tive conhecimento e que subscrevo, apesar de não poder estar presente.

Este comunicado foi acompanhado por um documento em pdf que irá ser distribuído durante a concentração subscrito pela Associação de Amizade Portugal-Sahara Ocidental, pelo Comité de Solidariedade com a Palestina e pelo Colectivo Mumia Abu-Jamal.

Nesse comunicado faltou assinalar que em Agosto, a Federação Palestina de Futebol apresentou uma reclamação na FIFA sobre a decisão israelita de impedir seis jogadores da selecção palestina de deixar a Cisjordânia para um jogo amistoso contra a Mauritânia. Que se saiba a FIFA ainda não respondeu a este acto de discriminação.

Aliás esta foi mais uma razão para a minha decisão em apoiar a campanha de Boicote, Desinvestimento e Sanções pela Paz no Médio Oriente.

Ao longo do tempo sempre concordei em apoiar o boicote aos produtos, bens e serviços provenientes de organizações instaladas nos territórios palestinos ilegalmente ocupados por Israel - leia-se colonatos - sempre na expectativa de que a voz do povo de Israel se fizesse ouvir pelo fim da ocupação ilegal, contra a colonização e o apartheid, e pela Paz, na defesa de valores éticos e morais que tanto proclama e que muito pouco afirma em acções concretas.

O meu amigo Uri Avnery, que muito prezo, não é favorável à Campanha de Boicote, Sanções e Desinvestimento, mais alargada, contra Israel. Teme que isso una ainda mais os judeus, em torno de consignas nacionalistas, conservadoras e ultra-ortodoxas. Penso que esse clímax já ocorreu nas últimas eleições para o Knesset, em 2008.

Assim chegou o tempo, talvez mais tarde do que cedo para mim, de assumirmos as nossas responsabilidades individuais e colectivas, e exigirmos dos nossos fornecedores, dos nossos Governos e das Organizações internacionais uma maior responsabilidade na definição dos caminhos da paz que passam de uma vez por todas pelo boicote, aos produtos e serviços israelitas, pelas sanções a todos os níveis pelo não cumprimento das decisões dos órgãos internacionais, nomeadamente as resoluções dos competentes órgãos das Nações Unidas, ou pelo desrespeito das normas de direito internacional, de direito humanitário e dos direitos humanos e ainda pelo desinvestimento, nomeadamente através de subsídios e linhas de crédito atribuídas pela União Europeia e outras organizações internacionais ou nacionais.

Acresce ainda dizer no tocante ao boicote desportivo e neste caso concreto ao futebol que a desculpa do costume "A política nada tem a ver com o futebol" dos diversos organismos internacionais e nacionais, nao tem qualquer fundamento.

Se não vejamos:

Se equipas de um país (Israel) que aleatoriamente e ciclicamente não permite a saída de desportistas nacionais de um território que ilegalmente ocupa (Palestina) - a última discriminação ocorreu em Agosto e foi acima referida - e onde vigora um regime de repressão, opressão e apartheid, imposto pela força militar de ocupação, podem competir em países onde a liberdade, a democracia e os direitos humanos são valores fundamentais, normalizando e branqueando assim a sua imagem, perante o público internacional. A sua participação ganha então foros políticos.

Aliás a expressão “…sem qualquer discriminação com base na política, género, religião, raça ou qualquer outra razão;” plasmada nos estatutos da UEFA, correcta nos seus princípios fundadores, não faz qualquer sentido se for interpretada de maneira a aceitar que, um qualquer Estado, agrupamento ou indivíduo possa ter o direito de se entregar a alguma actividade ou de praticar algum acto destinado a destruir os direitos e liberdades correctamente enunciados nesses mesmos fundamentos, sem ser sancionado.

11 setembro, 2010

nine/eleven: Duas histórias de crimes contra a Humanidade.

11 realizadores de 11 países contribuiram com uma curta metragem de 11 minutos reflectindo sobre a tragédia e a morte, tendo por mote os acontecimentos de 11 de Setembro de 2001.

É o contributo de Ken Loach, narrado pelo chileno Vladimir Vega, que aqui fica. Para que um e outro 11 de Setembro permaneçam na nossa memória.

Para que tais crimes não mais se repitam, se os pudermos impedir, e para que as palavras como "liberdade", "dignidade", "terrorismo", não possam ser confundidas, e voltem a ter valor semântico.


11 de Setembro: 1973, Santiago, Chile - 2001, Nova York, EUA



Um Brasil no Oriente?

Um Brasil no Oriente? in "CartaCapital"

Um artigo muito interessante comparando duas das potências regionais emergentes e em fase de afirmação, Brasil e Turquia, quer apresentando dados sócio-económicos, quer quanto ao seu percurso como Nações, desde a sua definição como Repúblicas, há mais de um século.

De facto Brasil e Turquia são duas potências regionais que estão a ganhar a cada dia maior relevo e credibilidade na cena internacional.

O Brasil, no entanto, em minha opinião, apresenta maiores fragilidades - existe desde logo menor coesão nacional e maior influência cultural e política norte-americana - e enfrenta maiores riscos de intervenções "amigas" para o manter no "rumo certo".

A reacção norte-americana face ao acordo Brasil-Turquia-Irão, sobre a gestão do combustível nuclear - um passo muito positivo e que no caso só honrou a diplomacia brasileira e turca - a reacção, escrevia, foi arrogantemente despropositada e ao pretender apoucar e menorizar o meritório trabalho realizado só demonstrou a sua incapacidade para "ler" o mundo de hoje, e a sua frustração por assim ter ficado ainda mais claro que a questão da periculosidade do Irão, neste momento, é a de um "tigre de papel".

Em meu entendimento, os sucessivos “insucessos” dos EUA são de sua inteira responsabilidade e meros álibis para justificarem a sua política de agressão na região.

Mas leia o artigo de Antonio Luiz Costa.

Um Brasil no Oriente?


Há muitas analogias entre o crescimento de Ancara como potência regional no Oriente Médio e o de Brasília na América do Sul

Além da parceria na tentativa de negociar um acordo do Irã com o Ocidente, há muitas semelhanças entre os momentos históricos vividos pelo Brasil e pela Turquia. Com cerca de 40% da população e do PIB e 67% das exportações do Brasil (mas volume maior de importações) o país do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan pesa menos na economia global, mas sua importância geopolítica é comparável, pois está numa das encruzilhadas estratégicas mais importantes do planeta e possui uma força militar considerável.

É o segundo país da Otan em contingente militar (depois dos EUA), tem a terceira maior força aérea (depois dos EUA e Reino Unido) e é uma potência nuclear informal, com 40 a 90 armas nucleares made in USA em seus arsenais, embora só possa usá-las de acordo com o comando da Otan (assim como a Alemanha, a Itália, a Holanda e a Bélgica).

Os dois países são comparáveis em termos de renda per capita e desenvolvimento humano. A Turquia está ligeiramente à frente no primeiro quesito e um pouco atrás no segundo, mas na mesma categoria. Ambos sofreram com décadas de alta inflação, controlada em 1995 no Brasil e em 2005 na Turquia (que converteu a antiga moeda à razão de 1 milhão para 1) e, por vezes, se alternaram no papel de paí-s com juros mais altos no mundo. Ambos também são exportadores de novelas de tevê – e as turcas, picantes pelos padrões da região, são tão populares em todos os países muçulmanos que as permitem quanto às brasileiras na América Latina.

Ao contrário do governo brasileiro, o turco tem um discurso religioso e conservador e é tido como de centro-direita, mas suas políticas social, econômica e externa não são tão diferentes quanto isso poderia fazer supor. O partido de Erdogan, Justiça e Desenvolvimento, é visto como o defensor dos interesses das maiorias contra a elite privilegiada. Seu viés conservador aparece mais na promoção do uso do véu e redução do número de mulheres em cargos executivos (de 15% para cerca de 11%), embora, por outro lado, 30 das 50 mulheres do Parlamento turco sejam de seu partido.

Ambos passam por trajetórias políticas comparáveis há mais de cem anos. Na Turquia, como no Brasil, militares positivistas derrubaram uma monarquia anacrônica, impuseram uma modernização laica e conservadora, arrogaram-se o papel de guardiões da República e desferiram golpes de Estado contra governos democraticamente eleitos.

Nos dois, a elite econômica concentrou uma parcela desproporcional da riqueza nacional – Istambul é a quarta cidade do mundo em número de bilionários, depois de Moscou, Nova York e Londres –, desprezou o Terceiro Mundo e sua-s próprias massas “atrasadas” e quis fazer-se europeia ou norte-americana. As duas elites fracassaram ao alinhar-se às potências ocidentais com a esperança de entrar em seus clubes fechados – o Brasil no Conselho de Segurança da ONU, a Turquia na União Europeia.

As elites, cá e lá, resistiram e conspiraram – no Brasil, com a agitação em torno do “mensalão”, na Turquia com uma tentativa de golpe logo após a posse de Erdogan, em 2003, e agitação militar ante a eleição presidencial de Abdullah Gul, do partido de Erdogan, em 2007 –, mas foram forçadas a se conformar com a eleição de “populistas” e ver esses conseguirem inéditos êxitos sociais, econômicos e diplomáticos. De 2003 a 2010, o PIB da Turquia cresceu com inflação controlada a uma média de 4,3%, ante 4% do Brasil. Este cresceu menos até 2006, mas reagiu bem melhor à crise mundial que a Turquia, muito dependente da Europa no comércio exterior.

Neste ano, a Turquia além de se projetar no cenário internacional tanto quanto o Brasil, quando Lula e Erdogan mediaram a tentativa de acordo com o Irã juntamente com os chanceleres Celso Amorim e Ahmet Davutoglu, tornou-se uma estrela regional ao defender a flotilha que tentou romper o bloqueio a Gaza, liderada por uma ONG islâmica turca que tem o apoio oficioso do governo e do partido de Erdogan.

Após a ação brutal e desastrada de Israel, Ancara acusou Tel-Aviv de pirataria, arrancou uma condenação formal da Otan e exigiu a libertação imediata e incondicional dos tripulantes e passageiros, que Israel queria submeter a julgamento. Benjamin Netanyahu, que não se dobrava ante Barack Obama e Hillary Clinton quanto a fazer concessões aos palestinos, cedeu e em seguida viu-se forçado a relaxar o bloqueio a Gaza, que dizia ser o elemento mais importante de sua política de segurança. Foi um recuo como não se via em Israel desde que os EUA forçaram sua retirada do Sinai em 1978.

Da noite para o dia, o gesto de Erdogan fez mais pela causa palestina do que anos de retórica do iraniano Mahmoud Ahmadinejad, para não falar da solidariedade vazia dos líderes árabes. Uma pesquisa, logo após o incidente, mostrou que 43% dos palestinos consideravam a Turquia como seu maior aliado, ante apenas 6% que indicaram o Irã.

Os povos do Oriente Médio que, por várias gerações, viram a Turquia com desconfiança, pela aliança com a Otan ou pela lembrança do domínio otomano, passaram a enxergá-la como porta-voz do mundo muçulmano. A Turquia busca uma política de “problemas zero” com os vizinhos – principalmente o Irã e a Rússia, que lhe fornecem, respectivamente, 30% e 60% de suas necessidades de petróleo – e sua aproximação com os governos da Síria e do Irã, que os EUA quiseram relegar ao “eixo do mal”, vem mudando a geopolítica da região.

Com exceção do Tadjiquistão (que fala uma língua aparentada ao farsi iraniano), as nações da Ásia Central – Azerbaijão, Turcomenistão, Cazaquistão, Quirguistão e Uzbequistão – falam línguas muito semelhantes ao turco e veem o país como modelo de nação que se modernizou sem abrir mão da identidade nacional e das raízes islâmicas. O crescimento da China e a recuperação da Rússia dissiparam os sonhos de hegemonia sobre a região que a Turquia alimentou após a queda da União Soviética, mas suas relações com esses países são boas e Ancara é a sua principal alternativa para reduzirem sua dependência dos dois gigantes e exportarem seu gás e petróleo ao Ocidente.

Ao mesmo tempo, a Turquia melhorou as relações com vizinhos europeus. A cúpula de 23 de junho, em Istambul, do Processo de Cooperação do Sudeste Europeu, que reúne a Turquia aos 12 países dos Bálcãs, apoiou oficialmente o governo de Ancara e condenou o ataque israelense à flotilha. A Sérvia esqueceu o rancor contra a antiga dominação otomana e pediu a mediação da Turquia em conflitos com as minorias muçulmanas do país.

O atual governo grego, em especial, tem procurado pôr um ponto-final em gerações de tensão com a Turquia, depois da amarga guerra pela independência contra os otomanos no século XIX, da derrota na guerra greco-turca de 1919-1922 (que causou a expulsão de 1,5 milhão de gregos da Ásia Menor) e da humilhação em Chipre, que, em 1974, fez cair a ditadura grega (que pretendia anexar a ilha, dividida a partir daí em duas repúblicas, uma das quais é um protetorado da Turquia). A necessidade tornou-se ainda mais premente com a crise financeira: a Grécia não tem mais como sustentar as Forças Armadas proporcionalmente mais caras da Europa contra a ameaça hipotética da Turquia, que é sua aliada na Otan. Suspendeu a compra de armas e quer negociar uma solução pacífica para a reunificação do Chipre, enquanto tenta atrair investimentos turcos para sua combalida economia.

A Turquia deixou de ser apenas uma periferia da Europa, ou uma cabeça de ponte para eventuais ações da Otan contra a Rússia ou o Oriente Médio, para ser uma liderança, se não o centro geopolítico de sua própria região. Mas seria simplista dizer que deixou de pretender ser a cauda da Europa para assumir o papel de cabeça do mundo muçulmano, ou do Oriente Médio.

O governo Erdogan elegeu-se prometendo pôr o país na União Europeia, que absorve 57% das exportações turcas e fornece 40% de suas importações. Por todos os critérios objetivos de estabilização da economia, gestão fiscal e reformas econômicas e políticas, fez mais para atender às exigências da organização que os governos seculares anteriores. Inclusive no que diz respeito aos direitos humanos: a ideologia islamista do partido de Erdogan mostrou-se mais compreensiva em relação à minoria curda que o nacionalismo extremado dos secularistas herdeiros da revolução de Kemal Atatürk.

Até os anos 1990, o governo turco negava a própria existência da língua curda, mas hoje há uma tevê e uma faculdade nessa língua. O governo tem aceitado o retorno de curdos que haviam se refugiado no norte do Iraque. Investimentos consideráveis têm sido feitos para promover o desenvolvimento da região curda, em busca de uma solução pacífica – por enquanto, frustrada pela intransigência dos separatistas curdos.

Apesar disso (e de a Turquia oferecer a possibilidade de reduzir a dependência europeia de gás russo intermediando exportações da Ásia Central e Oriente Médio), cresceu ainda mais a oposição à sua adesão, com Alemanha e França a insistir no caráter “cristão” da Europa. Por outro lado, o apoio popular turco à União Europeia caiu de 70%, em 2002, para 50% hoje. A crise europeia não eliminou, em princípio, o interesse de Erdogan, que continua a tentar mostrar-se otimista, mas tornou a aceitação na organização ainda menos provável. Desemprego em alta, exploração populista do ressentimento contra imigrantes e disputas entre os próprios europeus tornam ainda mais distante a possibilidade de um acordo para a integração de um grande sócio muçulmano, que implicaria a liberdade de seu povo migrar e trabalhar em países europeus.

A própria Europa, por seus preconceitos, e os EUA e Israel, por sua agressividade, vêm empurrando a Turquia para uma posição cada vez mais distante do Ocidente. O primeiro sinal da nova política, na primeira semana do governo Erdogan, foi o veto ao uso das bases e do e-spaço aéreo turco para a invasão estadunidense do Iraque, em 2003. Neoconservadores estrilaram, mas o novo governo recebeu total apoio dos militares e do povo e o próprio Bush júnior não ousou punir o país, dada sua importância estratégica.

Ainda em 2007, Israel via a Turquia como aliada e Shimon Peres foi o primeiro presidente israelense a falar no Parlamento turco. A virada deu-se com a retaliação desproporcional de Israel a Gaza em 2008. Isso ofendeu tanto a solidariedade religiosa dos turcos com os palestinos quanto a diplomacia turca, na época engajada em mediar um acordo entre Síria e Israel, a pedido de Tel-Aviv. No ano seguinte, com a eleição de um governo israelense ainda mais radical, as relações turco-israelenses esfriaram proporcionalmente.

O governo turco condenou repetidamente o terrorismo de Estado israelense, ajudou famílias palestinas com documen-tos otomanos provando sua posse da terra desde antes da chegada dos israelenses e não fez objeções a um seriado sobre Gaza que pintou os israelenses como vilões na tevê turca. O governo israelense não conteve o discurso agressivo de radicais como o chanceler Avigdor Lieberman, que rejeitou a mediação turca com a Síria e começou a congelar a venda de armas avançadas à Turquia. Em outubro de 2009, a Turquia suspendeu uma manobra militar conjunta da Otan com a aviação de Israel – e se essa ainda foi uma medida simbólica, que não suspendeu os acordos mais gerais e o comércio de armas entre os dois países, os acontecimentos deste ano precipitaram uma ruptura real.

Além de retirar seu embaixador de Tel-Aviv – e ameaçar não restaurar relações diplomáticas plenas se Israel não pedir desculpas formais e suspender o bloqueio a Gaza –, a Turquia congelou praticamente todos os acordos militares com Israel, exceto as vendas já fechadas. São 16 acordos no valor total de 56 bilhões de dólares, incluindo mísseis, tanques e aviões de combate.

Após o confronto com Israel, sionistas e republicanos carregaram contra Ancar-a. O Instituto Judeu para Assuntos de Segurança Nacional (Jinsa) cobrou a expulsão da Turquia da Otan: “Como membro, tem acesso à inteligência relacionada a terrorismo e ao Irã… Se a Turquia acha que seus melhores amigos são o Irã, o Hamas, a Síria e o Brasil (olhando para a Venezuela no futuro), a segurança dessa informação (e a tecnologia ocidental nas armas no arsenal turco) está em risco”. O Wall Street Journal, representante da oposição, tem atacado a Turquia sistematicamente, acusando seu governo de cumplicidade com extremistas. O conservador The Weekly Standard sugeriu um golpe militar na Turquia como “mal menor”.
Washington reagiu de maneira destemperada à mediação turco-brasileira que tentou evitar sanções ao Irã, mas foi mais cauteloso ante a crise turco-israelense, que ameaça pôr a perder sua estratégia global. Para a centro-direita liberal, a democrática e basicamente ocidentalizada Turquia, por insubmissa que seja, é um contrapeso importante ao Irã e às forças radicais no Oriente Médio – assim como o nacionalismo moderado do Brasil é visto por muitos como contrapeso à Venezuela e ao bolivarianismo.

Sabe que a oposição é uma aposta arriscada e um golpe de Estado poderia radicalizar a população em um sentido antiocidental. Talvez todo o mundo árabe, visto que Erdogan tornou-se o líder mais popular da região. No momento em que o peso relativo dos EUA e do Ocidente no mundo está encolhendo, seus governos se debatem com crises financeiras e a estratégia militar no Afeganistão e Iraque caminha para um completo fracasso, Washington não está em condições de correr mais esse risco.

Robert Gates, o secretário de Defesa dos EUA, preferiu culpar a União Europeia por recusar à Turquia a ligação orgânica com o Ocidente que ela deseja. O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, respondeu responsabilizando a pressão de Bush júnior sobre o mundo muçulmano.

Mais lhes vale tentar reconquistar a Turquia com vantagens comerciais e políticas. O governo Erdogan não vai durar para sempre, mas a tendência natural do país, se não puder se integrar inteiramente ao Ocidente, é assumir um papel cada vez mais importante como potência emergente independente e mediadora entre o Ocidente e a Periferia, ao lado dos BRIC e do Irã.

Antonio Luiz M. C. Costa

Antonio Luiz M.C.Costa é editor de internacional de CartaCapital e também escreve sobre ciência e ficção científica

9/11 Perguntas que continuam por responder

Esta entrevista realizada a Peter Dale Scott por Paul Jay, para a The Real News Network (TRNN), não é mais um caso da "teoria da conspiração" é antes o destacar das perguntas que hoje ainda continuam por responder tendo por base a analise de factos e evidências e raciocínio lógico.

Peter Dale Scott: " Eu sei de certeza que houve um encobrimento do 11/9"

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Bio

Peter Dale Scott, ex-diplomata canadiano e professor de Inglês na Universidade da Califórnia, em Berkeley, é poeta, escritor e investigador. Os seus livros mais recentes são: The War Conspiracy: JFK, 9/11 and the Deep Politics of War (2008); The Road to 9/11: Wealth, Empire, and the Future of America (2007); Drugs, Oil, and War (2005), e Mosaic Orpheus (poesia, 2009).

15/9: Facebook & Twitter, utilizados no diálogo sobre combate à pobreza pelo PNUD

Rádio ONU: Facebook terá conversa da ONU sobre combate à  pobreza

A Chefe do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Helen Clark, responderá a perguntas de internautas ao vivo; "Conversa Global" é o primeiro evento deste tipo realizado nesta organização.

As Nações Unidas estão a organizar um diálogo no site de media social Facebook sobre o combate global à pobreza.

O evento, baptizado de "Conversa Global" será o primeiro desta natureza, e antecederá a Cimeira das Nações Unidas sobre as Metas do Milénio, uma agenda internacional para erradicar ou reduzir males sociais até 2015.

A conversa, a realizar no próximo dia 15, será dirigida pela chefe do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, PNUD, e ex-primeira-ministra da Nova Zelândia, Helen Clark.

Durante 5 horas, começando às 14:30 de Lisboa até 19:30, Clark conversará com internautas pelo Facebook e fará alguns comentários pelo Twitter.

O objectivo do PNUD é incentivar a participação do público no plano de acção pelas Metas do Milénio que também será discutido com os chefes de Estado e de governo durante a cimeira, marcada para o próximo dia 24 em Nova York.

Quem estiver interessado em participar no diálogo com Helen Clark, pode enviar as suas perguntas pelo Facebook ou pelo Twitter usando o endereço @undp e #endpoverty.

Nasceu uma nova estrela... para mim.

A minha neta Marta, dia 9 às 16:56.

07 setembro, 2010

Shana tova: os votos de Uri Avnery no novo ano judaico

Um ano com o
Fim da ocupação,
Fronteiras permanentes,
Evacuação dos colonatos,
Dois estados,
Duas capitais em Jerusalém,
Segurança e prosperidade
Para todos.

Um ano de paz.

Feliz Ano Novo!

O novo ano judaico (Rosh Hashanah) celebra-se este ano a partir do por-do sol do dia 8 de Setembro e dura dois dias.

Os nossos votos para o Uri e para todos os jueus amantes da paz: Shana tova umetukah (Um bom e doce ano)

Campanha: “Europa é tempo de ratificar a Convenção dos Trabalhadores Migrantes!”


Há cerca de 20 anos (18 de Dezembro de 1990) a Assembleia Geral da ONU adoptou a Convenção Internacional sobre a Protecção dos Direitos de Todos os Trabalhadores Migrantes e dos Membros das suas Famílias, documento essencial para a protecção dos direitos humanos dos milhões de migrantes que, actualmente, se espalham por todo o mundo.

Por ocasião do 20º aniversário da adopção da referida Convenção, no próximo dia 18 de Dezembro, o International Resource Centre on the Human Rights [December 18] (Centro Internacional de Recursos sobre os Direitos Humanos) e a European Platform for Migrant Workers Rights (Plataforma Europeia para os Direitos dos Trabalhadores Migrantes) lançaram a campanha “Europe, it’s time to Ratify the Migrant Workers Convention!”, que tem como objectivo a ratificação e o cumprimento da Convenção por todos os 27 Estados das União Europeia, o que até hoje ainda não sucedeu (ver status).

Esta é a tradução do texto da petição, encontrado-se no fim o respectivo link:

Há 20 anos a Assembleia Geral da ONU adoptou a Convenção Internacional sobre a Protecção dos Direitos de Todos os Trabalhadores Migrantes e dos Membros das Suas Famílias, também conhecida como a Convenção dos Trabalhadores Migrantes

Acreditamos que este 20.º aniversário oferece uma excelente oportunidade para que a União Europeia seja fiel aos seus valores fundamentais e que se mantenha firme na protecção dos direitos dos trabalhadores migrantes.

A Convenção constitui o mais alargado quadro legal no direito internacional para a protecção dos direitos dos trabalhadores migrantes e membros das suas famílias e fornece orientações aos Estados sobre a forma de respeitar os direitos dos migrantes durante o desenvolvem e implementam políticas de migração laboral.
A Convenção dos Trabalhadores Migrantes é um dos nove principais instrumentos das Nações Unidas sobre direitos humanos. Ela já foi ratificada por 42 Estados e outros 16 já a assinaram e estão em processo de ratificação.

No entanto, até à data, nenhum Estado Membro da UE assinou ou ratificou a convenção. A não ratificação coloca os valores fundamentais da UE em causa. Os Estados-Membros da União Europeia não podem ficar para trás, antes devem demonstrar em termos concretos, a sua vontade de serem responsabilizados pelos migrantes, como têm feito há décadas em relação aos tratados internacionais que protegem os grupos vulneráveis, como mulheres e crianças.

Os Estados-Membros da União Europeia devem assegurar que os direitos fundamentais dos trabalhadores migrantes e dos membros da sua família estão garantidos. Apelamos aos 27 Estados-Membros a ratificação desta Convenção internacional.

Para assinar siga o link.