19 julho, 2009

Russia exorta Israel para que pare actividade dos colonatos

A Rússia exorta Israel para que acabe com todas as actividades de colonização na Cisjordânia, declarou este domingo, durante uma visita à Síria, o enviado especial ao Médio Oriente de Moscovo, Alexander Saltanov.

Após uma reunião com o Ministro dos Negócios Estrangeiros sírio Walid Muallem, o Vice-Ministro dos Negócios Estrangeiros russo Alexander Saltanov declarou aos jornalistas: "Moscovo apela a um fim de todas as formas de actividades de colonização, incluindo o crescimento natural".

Durante o encontro, os diplomatas discutiram os meios de impulsionar o processo de paz na região, e constataram a "forte determinação da comunidade internacional para renovar o diálogo com o objectivo de resolver o conflito árabe-israelita", disse Saltanov.

A Rússia, juntamente com os outros três membros do Quarteto para o Médio Oriente - Organização das Nações Unidas, União Europeia e Estados Unidos – já concordara, numa reunião de Ministros dos Negócios Estrangeiros, em finais de Junho, que a única solução viável para o conflito israelo-palestino é a da criação de um estado palestino.

O Quarteto também concordou que a situação em Gaza é insustentável, e manifestaram sérias preocupações sobre a situação humanitária no enclave.

16 julho, 2009

À terceira foi de vez... Cynthia McKinney chega a Gaza

Cynthia McKinney

Fontes ligadas à ex-congressista americana Cynthia McKinney informaram que ela conseguiu entrar em Gaza através do Egipto.
Esta é a sua terceira tentativa.

As duas primeiras tentativas foram realizadas por mar, em colaboração com a organização de defesa dos direitos humanos “Free Gaza”.

Na primeira vez foi obrigada a voltar para trás devido ao navio onde seguia, o SS Dignity, ter sido abalroado em águas internacionais pela marinha israelita.
 SS Dignity, 2008.12.30
 
Na segunda tentativa foi sequestrada pelas forças navais israelitas que abordaram o barco, onde seguia, o apressaram e sequestraram todos os tripulantes e passageiros, os levaram para Israel, onde, no caso de Cynthia esteve detida por 7 dias até à sua expulsão por …”ter entrado ilegalmente em Israel”.

10 julho, 2009

Rabinos jejuam e apelam ao jejum de crentes e não crentes, em solidariedade com Gaza e pela Paz

Um grupo ad hoc de rabinos, Ta’anit Tzedek – Jewish Fast for Gaza (Jejum Judaico por Gaza), está a organizar um jejum comunal mensal para protestar contra as acções de Israel em Gaza, segundo informa a JTA ( Jewish Telegraphic Agency).

O jejum terá lugar na terceira quinta-feira de cada mês, desde o amanhecer ao pôr-do-sol, estando o primeiro jejum previsto para 16 de Julho.

Aos participantes está a ser pedido que assinem uma declaração no site do grupo, e que doem o dinheiro que pouparem em comida para a Campanha de Leite para o Pré-escolar, campanha patrocinada pela American Near Eastern Refugee Aid, uma campanha que tem por objectivo combater a desnutrição entre as crianças de Gaza, que frequentem o pré-escolar.

Os 13 rabinos que lançaram esta iniciativa - liderada pelo Rabinos Brian Walt, ex-diretor executivo da Rabbis for Human Rights - North America (Rabinos para os Direitos Humanos - América do Norte) e Brant Rosen da Congregação Judaica Reconstrucionista de Evanston, Illinois - disseram que o projecto é baseado na tradição judaica, em que "um jejum comunitário é realizado em momentos de crise, tanto como uma expressão de luto como um apelo ao arrependimento."

Os organizadores declararam ainda que o jejum tem quatro objectivos:
  • Apelar para o levantamento do bloqueio israelita da Faixa de Gaza, que está em vigor desde a vitória eleitoral do Hamas, no início de 2006;
  • Prestar ajuda humanitária e ao desenvolvimento para o povo de Gaza;
  • Apelar a Israel, aos Estados Unidos e à comunidade internacional para que negoceiem com o Hamas para pôr fim ao bloqueio;
  • Exortar o governo dos Estados Unidos para "que envolva vigorosamente tanto israelitas como palestinos na direcção de uma resolução justa e pacifica do conflito."
Para se inscrever nesta iniciativa não precisa de professar a religião judaica, nem sequer ser crente, basta apenas ser um ser humano solidário e pode sempre moldar o seu contributo à sua capacidade e disponibilidade fisica.

07 julho, 2009

Nobel da Paz irlandesa, ex-Congressista americana e mais 6 dos “Free Gaza 21”serão hoje libertados por Israel



O ministério do Interior de Israel anunciou que vai libertar hoje a Prémio Nobel da Paz
Mairead Corrigan Maguire e a ex-Congressista americana, Cynthia McKinney com mais 6 outros activistas da paz, após terem sido sequestrados pela força, no passado dia 30 de Junho, há já 7 dias atrás, pela marinha israelita, em águas internacionais, de um navio com bandeira grega, que transportava ajuda humanitária para a faixa de Gaza.

Não há confirmação da identidade dos restantes 6 activistas, mas por exclusão de partes, tendo em conta que já foram libertados 5 cidadãos do Bahrein e 2 jornalistas da Al Jazeera, no passado dia 30 de Junho, e 6 cidadãos britânicos ontem, deverão ser:

Huwaida Arraf, E.U.A. - Huwaida é presidenta do Movimento “ Free Gaza”, e co-coordenadora da delegação nesta viagem.
Adam Shapiro, E.U. A. - Adam é um documentarista americano e activista dos direitos humanos.
Kathy Sheetz, E.U. A. - Kathy é enfermeira e realizadora de filmes. Ia monitorar a aplicação dos direitos humanos.
Adam Qvist, Dinamarca - Adam trabalha na área da solidariedade na Dinamarca. Ia monitorar a aplicação dos direitos humanos
Derek Graham, Irlanda - Derek Graham é electricista, organizador do Movimento “ Free Gaza”, e Imediato do “Spirit of Humanity”.
Lubna Masarwa, Palestina / Israel - Lubna é uma activista palestina dos direitos humanos e uma das organizadoras do Movimento “ Free Gaza”.

Destaca-se que os cidadãos americanos foram os últimos a serem libertados, e entre eles uma ex-congressista americana.

06 julho, 2009

BANANAS, por Uri Avnery, ou como um exército de cidadãos se transforma numa máquina de opressão

NEM TODOS os dias, nem mesmo em cada década, o Supremo Tribunal Militar censura o Procurador-Geral. A última vez que isso aconteceu foi há 20 anos atrás, quando o Procurador-geral se recusou a produzir acusação contra um oficial que ordenara aos seus homens que quebrassem os braços e as pernas de um palestino que se encontrava amarrado. O polícia alegou que considerava ser este o seu dever, depois de o ministro da Defesa, Yitzhak Rabin, ter exortado a "quebrar os seus ossos".


Bem, esta semana aconteceu de novo. O Supremo Tribunal tomou uma decisão que foi equivalente a uma bofetada na cara do actual chefe do departamento jurídico do Exército, o Brigadeiro Avichai Mendelblit.

O incidente em questão ocorreu em Ni'alin, uma aldeia que foi roubada de uma grande parte das suas terras pela Barreira de Separação [o Muro]. Tal como os seus vizinhos em Bil'in, os moradores manifestam-se todas as semanas contra a Barreira. Geralmente, as reacções do exército em Ni’alin são ainda mais violentas do que em Bil'in. Quatro manifestantes já lá foram mortos.

Neste particular incidente, o tenente-coronel Omri Borberg deteve um manifestante palestino, que estava sentado no chão, algemou-o e vendou-lhe os olhos, e sugeriu a um dos seus soldados "anda cá, vamos dar-lhe uma borracha". Ele ordenou ao soldado categoricamente que disparasse uma bala de borracha.

Para quem não sabe: "balas de borracha" são balas de aço revestidas com borracha. A uma certa distância podem causar ferimentos dolorosos. A curta distância podem ser fatais. Oficialmente, os soldados estão autorizados a utilizá-las desde que guardem uma distância mínima de 40 metros.

Sem hesitar, o soldado atingiu o prisioneiro no pé, mas esta foi uma "ordem manifestamente ilegal", que um soldado do exército é obrigada por lei a desobedecer.

Segundo a clássica definição de juiz Binyamin Halevy no caso do massacre de Kafr Kassem, em 1957, a "bandeira negra da ilegalidade" está ondeando sobre tais ordens. O prisioneiro, Ashraf Abu-Rakhma, foi atingido e caiu no chão.

Veteranos das manifestações de Ni'alin e Bilin sabem que incidentes semelhantes acontecem o tempo todo. Mas o caso de Abu-Rakhma foi especial por um motivo: ele foi documentado por uma jovem mulher de uma varanda próxima à cena do crime com uma das câmeras fornecidas aos aldeões pela B'tselem, uma organização israelita de direitos humanos.

Assim, o Tenente-Coronel cometeu um pecado imperdoável: foi fotografado no acto. Geralmente, quando os activistas pela paz divulgam esses erros, o porta-voz do exército chega com o seu saco de mentiras e surge com alguma declaração mentirosa ("Atacou o soldado", "Tentou tirar-lhe a arma", "Resistiu à prisão"). Mas mesmo um talentoso porta-voz tem dificuldades em negar algo que é claramente visto no filme.

Quando o Procurador-Geral Militar decidiu processar o oficial e o soldado por "conduta imprópria", Abu-Rakhma e algumas organizações de direitos humanos israelitas apelaram ao Supremo Tribunal. Os juízes aconselharam o Procurador a mudar a acusação. Ele recusou, e por isso o assunto chegou novamente ao tribunal.

Esta semana, numa decisão incomum pela sua linguagem severa, os três juízes (incluindo um juiz do sexo feminino e um outro religioso), fixaram que a acusação de "conduta imprópria" era em si mesmo imprópria. Assim ordenaram a acusação de ambos, oficial e soldado, por um crime muito mais grave, a fim de tornar claro para todos os militares que maltratar um prisioneiro "é contrário ao espírito do estado e do exército."

Após esta bofetada no rosto, qualquer pessoa decente ter-se-ia demitido por vergonha. Mas não Mendelblit. O barbudo brigadeiro que usa kippa é um amigo pessoal do Chefe do Estado-Maior, Gabi Ashkenazi, e está esperando promoção a Major-General, a qualquer momento.

Recentemente, o Procurador-Geral recusou-se a acusar um oficial superior que afirmou em tribunal, enquanto testemunhava a favor de um subalterno, que é correcto maltratar palestinos fisicamente.

Ashkenazi deve muito ao seu Procurador-Geral, e por outras razões. Mendelblit tem feito um enorme esforço para encobrir crimes cometidos durante a recente guerra de Gaza, desde o plano de guerra de Ashkenazi aos crimes cometidos individualmente por soldados. Ninguém tem sido levado a julgamento, ninguém sequer foi seriamente investigado.

NO DIA em que a decisão do Supremo Tribunal relativa a Mendelblit foi publicada, outro brigadeiro também fez as manchetes. Curiosamente, o seu primeiro nome também é Avichai (não é um nome muito comum), também é barbudo e usa um kippa.

Num discurso perante mulheres-soldado religiosas, o Rabino-Chefe do exército, Brigadeiro Avichai Rontzky, expressou a opinião de que o serviço militar das mulheres é proibido pela religião judaica.

Uma vez que todas as jovens mulheres judias em Israel são obrigadas por lei a servir por dois anos, e as mulheres desempenham muitas tarefas essenciais no exército, esta é uma declaração sediciosa. Mas ninguém ficou realmente surpreso com este rabino.

Rontzky foi escolhido para este cargo pelo ex-Chefe do Estado-Maior, Dan Halutz. Ele sabia o que estava a fazer.

O rabino não nasceu numa família religiosa. Na verdade, ele era bastante "secular", membro de uma unidade de elite do exército, quando ele viu a luz e "renasceu". Tal como muitos outros deste tipo, ele não ficou a meio caminho, foi para extremo mais radical, tornando-se colono e criando uma Yeshiva (seminário religioso) num dos mais fanáticos colonatos.

Rontzky é um homem à medida de quem o nomeou. Recorde-se que, quando lhe perguntaram o que ele sentia quando deixava cair uma bomba de uma tonelada, numa área residencial, o General da Força Aérea Halutz respondeu: "um ligeiro solavanco na asa".

Numa discussão acerca de quando se deveria tratar um ferido palestino durante o Shabat, Rontzky escreveu que "a vida de um goy é certamente importante ... mas o Shabat é mais importante." Significado: um goy a morrer não deve ser tratado num Shabbat. Mais tarde retractou-se. (Em hebraico moderno coloquial, um goy é um não-judeu. O termo tem claramente conotações depreciativas.)

O exército israelita tem algo que é chamado de "Código Ético". É verdade, o pai espiritual do Código, o Professor Asa Kasher, não defendeu as atrocidades da operação "chumbo fundido", mas Rontzky fui muito mais longe: afirmou inequivocamente que "Quando há um choque entre... o Código Ético e os Halakha (lei religiosa), certamente o Halakha deve ser seguido. "

Numa publicação distribuída por ele, foi dito que "a Bíblia proíbe-nos que desistamos nem que seja de um milímetro de Eretz Israel". Por outras palavras, o Rabino-Chefe do exército, um brigadeiro das Forças de Defesa de Israel, afirma que a política oficial do governo israelita – desde a "separação" de Ariel Sharon até ao recente discurso de Binyamin Netanyahu, sobre um "Estado palestino desmilitarizado" - é um pecado mortal.

Mas o ponto mais alto foi alcançado numa brochura que o corpo de rabinos do exército distribuiu aos soldados durante a Guerra Gaza: "Exercer misericórdia para com um inimigo cruel significa ser cruel para com inocentes e honestos soldados. Na guerra como na guerra ".

Isto foi uma clara incitação à brutalidade. Pode ser visto como um convite para os actos que constituem crimes - os mesmos actos que o seu colega, o Procurador-Geral Militar, fez todo o possível por encobrir.

NENHUM DOS dois barbudo brigadeiros teriam permanecido no cargo por um único dia se não desfrutassem do pleno apoio do Chefe do Estado-Maior. O exército é uma instituição hierárquica, e a responsabilidade total por tudo o que acontece recaí clara e inteiramente sobre o Chefe.

Diferentemente dos seus antecessores, Gabi Ashkenazi não se mostra e não fala em público com frequência. Se tem ambições políticas, está a esconde-las bem. Mas, durante o seu mandato, o exército assumiu um determinado carácter, que é perfeitamente representado por estes dois oficiais.

Isso não começou, naturalmente, com Ashkenazi. Ele está a continuar - e talvez a intensificar - uma tendência que começou há muito tempo, e que vem mudando o exército israelita tornando-o irreconhecível.

O fundador do sionismo, Theodor Herzl, escreveu excelentemente no seu livro "Der Judenstaat", o documento fundador do movimento: "Saberemos como manter os nossos clérigos nos templos, como saberemos manter o nosso exército regular nas casernas... eles não serão autorizados a interferir nos assuntos do Estado. "

Agora está a acontecer exactamente o contrário: os rabinos introduziram-se no exército, os oficiais do exército provêm das sinagogas.

O núcleo duro dos colonos fanáticos, que é quase totalmente composto por pessoas religiosas (muitos dos quais são "judeus renascidos") decidiu há muito tempo obter o controlo do exército a partir de dentro. Numa campanha sistemática, que está em pleno andamento, elas penetram o corpo de oficiais a partir de baixo - a partir dos escalões mais baixos, para os do meio, até aos mais altos. Podemos ver o seu sucesso nas estatísticas: de ano para ano o número de oficiais usando kippa é crescente.

Quando o exército israelita foi criado, o corpo de oficiais estava cheio de membros dos kibutz. Não só os kibbutzniks eram considerados a elite da nova sociedade hebraica, que foi baseada nos valores da moralidade e da cultura, como eram os primeiros a voluntariar-se para cada tarefa nacional, mas também existiram razões "técnicas".

O núcleo do exército veio do estádio pré-Palmach. As companhias do Palmach constituíam um exército regular completamente mobilizado, uma parte da organização militar clandestina, o Haganah. Podiam existir e operar livremente apenas no kibbutzim, onde a sua identidade podia ser camuflada. Como resultado, quase todos os excelentes comandantes na guerra de 1948 foram provenientes do Palmach, membros dos kibbutz ou perto deles.

Eles tudo fizeram para imbuir nas novas Forças de Defesa com o espírito de um exército de cidadãos, pioneiro, moral e humanista, exactamente o contrário de um exército de ocupação.

É verdade, a realidade sempre foi diferente, mas o ideal era importante como um objectivo para que lutar. Como eu mostrei no meu livro de 1950, "O outro lado da moeda", a nossa "pureza das armas" sempre foi um mito. Mas a aspiração de ser um exército com valores humanistas era importante. Atrocidades foram escondidas ou negadas, porque eram consideradas vergonhosas e desonrosas para o nosso campo.

Nada se tem mantido de tudo isso, excepto palavras. 


Desde o início da ocupação em 1967, o carácter do exército mudou completamente. O exército, que foi fundado, a fim de proteger o estado de perigos externos tornou-se um exército de ocupação, cuja tarefa é a de oprimir outro povo, esmagar sua resistência, desapropriar terras, proteger ladrões de terras chamados colonos, bloquear passagens, humilhar seres humanos, todos os dias. Evidentemente, não é só o exército que mudou, mas também o Estado que dá ao exército as suas ordens, bem como a contínua lavagem cerebral.

Num tal exército, ocorre um processo de selecção natural. Pessoas diferentes, com elevados padrões morais, que detestam estas acções, saem mais cedo ou mais tarde. O seu lugar é tomado por outros tipos, pessoas com diferentes valores, ou sem valores de todo, "soldados profissionais" que "apenas seguem ordens".

Evidentemente, tem que se ter cuidado ao generalizar. No exército de hoje ainda existem algumas pessoas que acreditam que estão cumprindo uma missão, para quem o Código Ético é mais do que apenas uma compilação de frases hipócritas. Essas pessoas estão repugnadas com o que vêem. De vez em quando ouvimos os seus protestos e vemos as suas revelações. No entanto, não são elas que dão o tom, mas figuras como Rontzky e Mendelblit.

Isto deve-nos preocupar muito. Não podemos tratar o exército como se fosse um reino estrangeiro que não nos diz respeito. Não podemos dizer a nós próprios: "não queremos ter nada a ver com o exército de um Moshe Ya'alon, de um Shaul Mofaz, de um Dan Halutz ou de um Gabi Ashkenazi." Não podemos virar as costas ao problema. Devemos enfrentá-lo, porque ele é o nosso problema.

O estado precisa de um exército. Mesmo depois de alcançar a paz, vamos precisar de um exército forte e eficaz, a fim de proteger o estado até que a paz crie raízes profundas, e poderemos talvez então criar um organismo regional de acordo com as orientações da União Europeia.

O exército somos nós. O seu carácter tem impacto sobre toda a nossa vida, sobre a vida do nosso próprio Estado. Já foi dito: "Israel não é uma 'república das bananas. É uma república que desliza sobre bananas. " E que bananas!

03 julho, 2009

"Free Gaza 21": Notícias da prisão e o segredo do gás natural

O capitão Denis Healey conseguiu passar a seguinte mensagem de dentro da prisão em Israel, onde está sequestrado juntamente com mais 11 dos activistas do “Spirit of Humanity”, incluindo a ex-congressista, Cynthia McKinney e a laureada Nobel da Paz, Mairead Maguire.

"Pelo menos quatro de nós fomos ouvidos ontem, e foi-nos dito que iríamos ser deportados. Porém não nos disseram para onde ou quando. O barco foi confiscado e todos os mapas roubados pela marinha israelita. Na prisão disseram-nos que iríamos receber, hoje, todas as nossas coisas de volta, mas, até agora, tal não se concretizou.

O governo israelita está a realizar perfurações nos campos de gás natural na zona-tampão (1). Gás que pertence ao povo de Gaza. Parece ser esta uma das razões que justificam a nossa detenção. Talvez estejam preocupados que possamos voltar e dizer ao mundo o que temos visto. "

Quando perguntado se achava que o Movimento Free Gaza voltaria de novo, a sua resposta foi: "Claro que sim. Iremos obter uma outra embarcação, ou mais do que uma e rumaremos a Gaza novamente.

(1) A esse propósito leia: “Guerra e gás natural: A invasão de Israel e os campos de gás no offshore de Gaza” por Michel Chossudvsky

5 dos "Free Gaza 21", todos do Bahrein, acabam de ser libertados

Esta manhã, cinco dos "Free Gaza 21" que foram sequestrados em águas internacionais pela marinha israelita, todos cidadãos de Bahrein deixaram Israel, num jacto privado que foi enviado pelo rei do Bahrein.

Os dois jornalistas da Al Jazeera deverão ser libertados igualmente ainda hoje e ser-lhes-á devolvido o seu equipamento com excepção das filmagens que fizeram da abordagem realizada ao "Spirit of Humanity" por homens-rã israelitas e da violência exercida sobre alguns dos activistas dos direitos humanos.

Todos os outros activistas, dentro dos condicionalismos da sua situação, estão bem, mas continuam presos por um país que ilegalmente abordou o seu pequeno barco, o rebocou e confiscou a carga de ajuda humanitária que já tinha sido inspeccionada em Chipre.

O silêncio da União Europeia - 9 dos sequestrados são Europeus - é impressionante, face à abordagem de um navio em águas internacionais e ao sequestro dos seus passageiros, mas não foge ao que já nos habituou.

O silêncio da Administração Obama ainda é mais penoso até face às suas declaradas intenções: Acresce recordar que 4, dos 21 sequestrados, são americanos, e entre eles conta-se a ex-congressista Cynthia McKinney.

Quanto à comunicação social... o silêncio é de chumbo.

Sugestão: Escrevam aos seus directores solicitando uma atenção mais cuidada sobre os assuntos do Médio Oriente.

Relator Especial da ONU denunciou a detenção ilícita dos "Free Gaza 21"

O Relator Especial da ONU sobre a situação dos direitos humanos nos territórios palestinos ocupados desde 1967, Richard Falk, denunciou a detenção ilícita em alto mar por forças navais israelitas de um navio que transportava remédios e materiais para reconstrução para o sitiado povo de Gaza.

"Esta acção israelita implementa o seu cruel bloqueio de toda a população palestina da Faixa de Gaza, em violação do artigo 33 º da Quarta Convenção de Genebra que proíbe qualquer forma de punição colectiva dirigida a um povo ocupado", disse o especialista em direitos humanos.

Na ocasião Richard Falk chamou a atenção para um recente relatório sobre o impacto sobre a saúde resultante do bloqueio, que dura já há dois anos, emitido pelo Comité Internacional da Cruz Vermelha, sublinhando que as acções israelitas, não só restringem abastecimentos vitais como alimentos, medicamentos e combustível abaixo dos níveis de subsistência, mas ainda de uma forma sem precedentes, rejeitando a entrada m Gaza de materiais de construção e peças sobresselentes necessárias à reparação dos danos generalizados, causados pelos seus ataques na Faixa de Gaza, que se prolongaram por 22 dias, com início a 27 de Dezembro de 2008.

"Este padrão de bloqueio contínuo sob estas condições, significa uma tão grave violação das Convenções de Genebra que constitui um crime continuado contra a humanidade", acrescentou o perito independente para os direitos humanos.

O barco em questão tinha sido inspeccionado antes da partida pelas autoridades do porto de Chipre em resposta às exigências israelitas a fim de determinar se havia armas a bordo. Nada foi encontrado, e as autoridades israelitas foram disso informadas.

No entanto, os 21 activistas da paz que estavam no barco foram presos, mantidos em cativeiro, e foram acusados de "entrada ilegal" em Israel, embora eles não tivessem qualquer intenção de ir para Israel. O grupo incluía figuras proeminentes, tais como o irlandês Prêmio Nobel da Paz, Mairead Maguire, e a ex-congressista americana Cynthia McKinney.

02 julho, 2009

Os 21 activistas do "Free Gaza" estão presos em Israel



De acordo com um amigo da ex-congressista americana Cynthia McKinney, este recebeu um telefonema da própria, proveniente da prisão israelita de Ramle. Na ocasião Cynthia McKinney declarou:

Estávamos num barco, em águas internacionais, levando ajuda humanitária ao povo de Gaza quando os navios da Marinha israelita nos cercaram, nos ameaçaram ilegalmente, desmantelaram o nosso equipamento de navegação, abordaram-nos e confiscaram o navio.

Em seguida fomos retirados do navio sob custódia, levados para Israel e encarcerados.

Funcionários da imigração israelita disseram que não nos querem manter aqui, mas continuamos a estar presos.

Os responsáveis no Departamento de Estado e na Casa Branca não concretizaram a nossa libertação nem tomaram uma forte posição pública para condenar as acções ilegais da Marinha israelita de impor um bloqueio da ajuda humanitária aos palestinianos de Gaza, um bloqueio que foi condenado pelo Presidente Obama.

01 julho, 2009

Nós não somos a "Estória"; Não se trata apenas do sequestro de 21 pessoas

Em 30 Junho de 2009 as Forças de Ocupação israelitas abordaram o Spirit of Humanity, um navio do Movimento “Free Gaza“, e sequestraram 21 activistas dos direitos humanos e jornalistas que se dirigiam para a sitiada Gaza, para entregar ajuda humanitária tão necessária e materiais para a sua reconstrução. Entre os sequestrados por Israel incluem-se o Prémio Nobel da Paz Mairead Maguire e ex-congressista dos E.U.A. Cynthia McKinney.
Desde o seu rapto, dezenas de milhares de pessoas ao redor do mundo se mobilizam para exigir a sua libertação imediata e incondicional. O Movimento Free Gaza gostaria de agradecer a todos os que fizeram chamadas telefónicas, enviaram um fax ou e-mail, escreveram uma carta, ou uma manifestação organizada, em nome dos nossos 21 amigos presos.

Com o devido respeito, não é suficiente. Nós não somos a estória.

Desde a sua fundação, em 1948, o Estado de Israel tem regularmente raptado e torturado palestinos, atirando-os para prisões esquecidas onde eles podem definhar durante anos.

Hoje, mais de 11.000 palestinos presos políticos, sem o benefício do devido processo, alguns nem sequer foram acusados - homens, mulheres e crianças - sofrem torturas e isolamento em prisões israelitas, em campos de prisioneiros ao ar livre, em lugares escuros e secreto. Eles vêm de todos os sectores da sociedade: médicos, jornalistas, parlamentares, trabalhadores, lutadores da resistência, donas de casa, estudantes e outros. São nossas irmãs e irmãos.

Os 21 passageiros a bordo do Spirit of Humanity foram detidos ilegalmente pelo seu trabalho de solidariedade com a Palestina. Outros 11.000 membros da nossa comum família humana já estão presos apenas por serem palestinos.

O Cerco da Palestina não é simplesmente o bloqueio físico contra Gaza. O Cerco inclui as centenas de pontos de controlo por toda a Cisjordânia, separando famílias e comunidades e esmagando qualquer perspectiva de um Estado palestino viável. O cerco inclui os milhões de palestinos na diáspora, muitos deles despejados em sórdidos campos de refugiados na Jordânia, no Líbano e noutros países. O cerco está cada vez mais presente em todos os aspectos da vida palestina.

Este Cerco é apenas reforçado quando prestamos mais atenção à injustiça feita a estes 21 trabalhadores da solidariedade internacional do que a maiores injustiças que já estão a ser cometidas contra milhares de palestinos.

Nós no Movimento Free Gaza imploramos a todas as boas pessoas que ao redor do mundo trabalham arduamente para garantir a libertação dos nossos amigos para "adoptar" um prisioneiro palestino. Pedimos-lhe para saber mais sobre a crise e para que assumam a causa de um dos prisioneiros como sua.

Quebre o Cerco! Ajude a Palestina!

Para mais informações, visite http://www.FreeGaza.org, bem como os seguintes sites com informações sobre os prisioneiros palestinos: