23 março, 2009

Um documento jurídico, por Uri Avnery

(Nota: Os destaques e paginação são da nossa responsabilidade)
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A MAIS importante frase escrita em Israel esta semana foi perdida no tumulto geral de excitantes eventos.

Realmente emocionante: Num acto final da vilania, típico de todo o seu mandato como primeiro-ministro, Ehud Olmert abandonou o soldado Gilad Shalit, ao seu cativeiro.

Ehud Barak decidiu que o Partido Trabalhista deve aderir ao governo ultra-direitista, que inclui completos fascistas.

E isto, também: o ex-presidente de Israel foi oficialmente indiciado por violação.

Nesta cacofonia, quem iria tomar atenção a uma frase escrita por advogados num documento apresentado ao Supremo Tribunal?

A DISCUSSÃO JURIDICA diz respeito a uma das leis mais revoltantes alguma vez promulgada em Israel.

Diz que à esposa de um cidadão israelita não é permitido a ele se juntar, em Israel, se ela viveR nos territórios palestinos ocupados ou num país árabe "hostil".

Os cidadãos árabes de Israel pertencem a Hamulas (clãs), que ultrapassam as fronteiras do estado. Árabes geralmente casam dentro do seu Hamula. Este é um antigo hábito, profundamente enraizado na sua cultura, provavelmente originário do desejo de manter a propriedade da família em conjunto. Na Bíblia, Isaac casou com a sua prima, Rebecca.

A “Linha Verde”, que foi fixada arbitrariamente pelos acontecimentos da guerra de 1948, divide famílias.

Uma aldeia “encontrou-se” em Israel, a próxima permaneceu fora do novo Estado, o Hamula vive em ambas. A Nakba também criou uma grande diáspora palestina.

Um cidadão árabe, do sexo masculino, em Israel, que deseje casar com uma mulher do seu Hamula irá encontrá-la muita das vezes na Cisjordânia ou num campo de refugiados no Líbano ou na Síria.

A mulher, geralmente, irá juntar-se ao seu marido, levada pela sua família.

Em teoria, o seu marido poderia juntar-se a ela em Ramallah, mas o padrão de vida de lá é muito inferior, e toda a sua vida - família, trabalho, estudos - está centrado em Israel.

Devido à grande diferença no padrão de vida, um homem, dos territórios ocupados, que case com uma mulher de Israel também irá normalmente juntar-se a ela e receber a cidadania israelita, deixando para trás a sua antiga vida.

É difícil saber quantos palestinos, homens e mulheres, têm chegado a Israel, durante os 41 anos da ocupação israelita, e que, desta forma, se tornaram cidadãos.

Um departamento governamental fala de vinte mil, outro de mais de uma centena de milhar. Seja qual for o número, o Knesset adoptou uma lei (oficialmente "temporária") para pôr fim a este movimento.

Como é habitual entre nós, o pretexto foi a segurança. Afinal, os árabes que estão naturalizados em Israel poderiam ser "terroristas". Verdadeiro é nunca terem sido publicadas estatísticas sobre esses casos - se existem. Mas desde quando é que uma afirmação sobre "segurança" necessita de evidências para se comprovar?

Por trás do argumento da segurança espreita, naturalmente, o demónio demográfico.

Os árabes constituem agora cerca de 20% dos cidadãos de Israel. Se o país vier a ser inundado por uma torrente de noivas e de noivos árabes, esta percentagem poderá subir até - Deus nos livre! - 22%. Como é que o "Estado judeu" parecerá então?

O assunto chegou até ao Supremo Tribunal. Os peticionários, judeus e árabes, argumentaram que esta medida contradiz as nossas Leis Básicas (o nosso substituto para uma inexistente Constituição) que garantem a igualdade de todos os cidadãos.

A resposta dos advogados do Ministério da Justiça deixa o gato fora do saco. Nela se afirma, pela primeira vez, em linguagem clara, que:

"O Estado de Israel está em guerra com o povo palestiniano, pessoas contra as pessoas, colectivo contra colectivo."


DEVE-SE ler esta frase várias vezes para apreciar todo o seu impacto.

Esta não é uma frase que escapou da boca de um político em campanha eleitoral e que desapareceu ao respirar, mas uma frase escrita por advogados cautelosos, pesando cuidadosamente cada letra.

Se nós estamos em guerra com "o povo palestino", isto significa que cada palestino, esteja, ele ou ela, onde estiver, é um inimigo. Isso inclui os habitantes dos territórios ocupados, os refugiados dispersos por todo o mundo, bem como os cidadãos árabes de Israel propriamente dito.

Um pedreiro de Taibeh, em Israel, um agricultor perto de Nablus, na Cisjordânia, um polícia da Autoridade Palestina, em Jenin, um combatente do Hamas, em Gaza, uma menina numa escola no acampamento de refugiados de Mia Mia, perto de Sidon, no Líbano, um gerente de loja, naturalizado americano, em Nova York - "colectivo contra colectivo".

Evidentemente, que os advogados não inventaram este princípio. Tem sido aceite desde há longo tempo na vida quotidiana, e todas as armas do governo agem em conformidade.

O exército desvia os olhos, quando um posto avançado "ilegal" é estabelecido na Cisjordânia, sobre a terra dos palestinos, e envia soldados para proteger os invasores.

Os tribunais de Israel habitualmente impõem penas mais severas aos árabes arguidos do que aos judeus culpados de crime idêntico.

Os soldados de uma unidade do exército encomendam T-shirts mostrando uma mulher grávida árabe com a reticula de uma mira de espingarda sobreposta na sua barriga e as palavras "1 tiro, 2 mortes" (como publicado no Haaretz).

ESTES ANÓNIMOS advogados talvez devessem receber agradecimentos pela ousadia em formular num documento judicial a realidade que anteriormente tinha sido escondida.

A simples realidade é que 127 anos após o início da primeira onda de imigração judaica, 112 anos após a fundação do movimento sionista, 61 anos após o estabelecimento do Estado de Israel, 41 anos após o início da ocupação, a guerra israelo-palestina continua, ao longo de todas as frentes, sem diminuir de vigor.

O objectivo inerente à aventura sionista foi e é de transformar o país - pelo menos até ao rio Jordão - num estado judeu homogéneo.

Ao longo da história sionista-israelita, este objectivo não foi abandonado nem por um momento. Cada célula do organismo israelita contém este código genético e, portanto, age em conformidade, sem a necessidade de uma directiva específica.

Na minha imaginação vejo este processo como o impulso de um rio para chegar ao mar. A ânsia de um rio pelo mar não lhe reconhece qualquer direito, excepto o decorrente da lei da gravidade.

Se o terreno o permitir, vai correr em linha recta, claro, se não - vai cortar um novo leito, torcer como uma cobra, virar à direita e à esquerda, rodar em torno de obstáculos. Se necessário, dividir-se-á em novos cursos. De tempos em tempos, novos arroios se lhe irão juntar. E a cada minuto irá lutar para chegar ao mar.

O povo palestino, evidentemente, opõe-se a este processo. Eles recusam-se a mover, colocando barragens, tentando empurrar o fluxo de volta.

É verdade que, há mais de cem anos têm vindo a recuar, mas nunca se renderam. Eles continuam a resistir com a mesma persistência que o avanço do rio.

TUDO ISTO tem sido associado, do lado israelita, a uma obstinada recusa, usando de mil e uma formas, pretextos, slogans e santimoniais inverdades. Mas de vez em quando um inesperado flash de luz mostra o que está realmente acontecendo.Isso aconteceu esta semana quando, uma das escolas preparatórias pré-militares, criada para educar futuros oficiais, convocou uma reunião de antigos alunos, a maioria deles em serviço activo ou na reserva, e incentivou-os a falar livremente sobre suas experiências.

Uma vez que muitos deles tinham acabado de regressar da Guerra de Gaza, e as coisas ainda estavam “queimando nos seus ossos” (como se diz em hebraico), informações chocantes foram divulgadas. Estas rapidamente encontraram o seu caminho para os mídia e aí foram publicados em toda a sua extensão, nos jornais e na televisão.

Para os leitores desta coluna, por certo que não foi uma surpresa. Já antes tinha escrito sobre elas, por exemplo, no meu artigo "Bandeira Negra" (31 de Janeiro de 2009) [aqui reproduzido em português, a 3 de Março] e Amira Hass e Gideon Levy têm recolhido depoimentos de testemunhas oculares, habitantes de Gaza, relatando basicamente as mesmas histórias.

Mas há uma diferença: desta vez, os dados são divulgados pelos próprios soldados, aqueles que tomaram parte nos eventos ou viram com os seus próprios olhos.

O exército estava Chocado. Surpreso. Revoltado.

O Mentiroso oficial do Exército, que ostenta o título do Porta-voz do Exército, tinha anteriormente negado qualquer coisa do género.

Agora, ele promete que o exército irá investigar cada incidente ", conforme o caso o possa exigir".

O Procurador-Geral Militar ordenou, ao ramo de investigação da polícia militar, a abertura de um inquérito.

Uma vez que o mesmo Procurador-geral já tinha vindo gabar-se, no passado, que os seus oficiais haviam sido colocados, durante toda a guerra, em todos os postos de comando das linhas da frente, qualquer um teria de ser mais do que ingénuo para levar a sua declaração a sério.

Podemos confiar no exército para garantir que nada de tangível emergirá a partir da investigação.

Um exército investigando-se - tal como qualquer instituição investigando-se - é uma farsa.

Neste caso é ainda mais do que ridículo, uma vez que os soldados têm o dever de testemunhar sob os olhos de seus comandantes, enquanto os seus camaradas estão a ouvir.

Na reunião dos antigos alunos, eles falaram livremente, acreditando que apenas os presentes iriam ouvir. Mesmo assim, eles precisaram de muita coragem para falar. E uma vez que cada um deles poderia falar apenas sobre o que tinha acontecido na sua proximidade imediata, apenas alguns casos foram trazidos. O exército tem a intenção de investigar apenas essas pessoas.

Mas o quadro é muito mais vasto. Ouvimos falar de muitos casos do mesmo tipo, e eles foram claramente um fenómeno generalizado.

Uma mulher e os seus filhos foram expulsos por soldados da sua casa no meio dos combates e imediatamente a seguir mortos, a curta distância, por outros soldados que tinham ordens para atirar sobre tudo o que se movesse.

Pessoas idosas e crianças, caminhando em terreno aberto, foram fuziladas a sangue frio por atiradores, que as viam claramente através da sua mira telescópica, que tinham ordens para que todos os que se movessem deviam ser considerados "terroristas".

Casas foram destruídas sem qualquer razão, simplesmente porque estavam lá.

Pertences dentro dos apartamentos foram vandalizado apenas para diversão "porque pertencem a árabes".

Soldados destruíram sacos de alimentos destinados pelas agências da ONU para a população faminta, porque "iam para os árabes".

Eu sei que estas coisas acontecem em todas as guerras. Um ano após a guerra 1948, escrevi um livro sobre elas chamado "O outro lado da moeda".

Todos os exércitos combatentes têm a sua quota de psicopatas, de desajustados e de sadistas, lado a lado com soldados decentes. Mas mesmo alguns dos soldados normais podem ficar furiosos em batalha, perderem o sentido do certo e do errado e entrar em sintonia com o "espírito de unidade".

Algo aconteceu com o nosso exército.

Os seus comandantes não se cansam de chamá-lo "o mais moral dos Exércitos do Mundo" e isto transformou-se num slogan, como "Guinness é bom para si". Mas o que aconteceu durante a operação em Gaza testemunha uma enorme deterioração.
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Esta deterioração é um resultado natural da definição da guerra, tal como é utilizada no documento apresentado ao Supremo Tribunal.

Este documento deve despertar choque e condenação e servir como que um grito de alerta para todas as pessoas a quem o futuro de Israel é caro.

Esta guerra tem de acabar.

O rio deve ser canalizado para um leito diferente, de modo a que as suas águas tornem a terra fértil - antes que nos tornemos irreversivelmente bestializados aos nossos próprios olhos e aos olhos do mundo.

21 março, 2009

Imagens de cadáveres de bebés palestinos e de mesquitas bombardeadas viram moda.

"1 tiro 2 mortes"



Esta é a tradução possível – porque eu não sou um profissional - de um corajoso artigo de Uri Blau, publicado no Haaretz, que também assim honra o jornalismo independente.
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NB: Este post é ainda um "avanço" que irá ser completado e revisto durante o dia de hoje, pois o artigo é muito extenso. No entanto basta clicar no link acima indicado para ter o original disponível em inglês.
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A recepção da loja de impressão no sul Tel Aviv trata um fluxo constante de clientes, muitos deles soldados em uniforme, que vêm encomendar a personalização das suas roupas com a insígnia da sua unidade, geralmente acompanhada de um slogan e um desenho da sua escolha.

Algures, no local, os desenhos são transformadas em chapas utilizadas para imprimir os itens ordenados, principalmente T-shirts e bonés de basebol, mas também casacos com capuz, anoraques e calças.

Um jovem árabe de Jaffa supervisiona os trabalhadores que imprimem as palavras e imagens, e posteriormente o produto acabado. Cadáveres de bebés, mães chorando sobre a sepultura das suas crianças, uma mira de uma arma centrada numa criança e mesquitas bombardeadas - são alguns dos exemplos das imagens que soldados das Forças de Defesa de Israel mandam imprimir, nos dias de hoje, para marcar o fim da sua formação, ou do seu tempo de serviço.

As frases que acompanham os desenhos também não são exactamente anémicas:

Uma t-shirt para snipers de infantaria ostenta a inscrição "O melhor é usar Durex", e a foto de uma mãe palestina chorando, agarrada ao seu bebe morto, com um ursinho ao lado dele.

Uma t-shirt de um atirador especial da Brigada Givati, do Batalhão Shaked, mostra uma mulher grávida palestina com uma mira sobreposta sobre a barriga, com o slogan, em inglês, "1 tiro, 2 mortos".

Uma camisa de "fim-de-curso", para aqueles que completaram um outro curso de snipers, mostra o desenvolvimento em três fases de um bebé palestino. De bebé, a jovem combativo, terminando num adulto armado, com a inscrição: "Não importa como começa, vamos por um fim a isto."
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Há também muito de camisetas com mensagens sexuais flagrantes.

Por exemplo, o batalhão Lavi produziu uma camiseta com um desenho de um soldado ao lado de uma jovem mulher com contusões, e a inscrição, "Aposto que foi violada!"

Nalgumas das imagens ressaltam acções cuja existência o exército nega oficialmente - como "a que confirma a morte" (disparar uma bala na cabeça de um inimigo à queima roupa, para garantir que ele está morto), ou danificar sítios religiosos, ou fazer mal a mulheres ou crianças não-combatentes.

Em muitos casos, o conteúdo é apresentado para aprovação de um dos comandantes da unidade. Este último, porém, nem sempre tem controlo sobre o que fica impresso, porque as ilustrações são uma iniciativa privada de soldados, de que eles nunca ouviram falar.

Desenhos ou slogans anteriormente proibidos em algumas unidades têm sido aprovados para distribuição noutras unidades.
Por exemplo, camisas com a inscrição, "We won't chill 'til we confirm the kill" (Nós não arrefecemos, até confirmar que morreu" foram proibidas no passado (o IDF alega que a prática não existe), mas o batalhão Haruv imprimiu algumas no ano passado.
O slogan "Deixem que todas as mães árabes saibam que o destino dos seus filhos estão nas minhas mãos!" tinha sido anteriormente proibido de usar numa camisa de uma outra unidade da infantaria.

Um soldado da Brigada Givati, declarou esta semana, no entanto, que no final do ano passado, o seu pelotão imprimiu dúzias de camisetas, jaquetas e calças com este slogan.

"Tem um desenho representando um soldado como o Anjo da Morte, ao lado de uma arma e de uma cidade árabe", explica ele. "O texto era muito poderoso. A parte mais divertida foi a de que quando o nosso soldado chegou para receber a camisa, o homem que as imprimiu era um árabe, e o soldado sentiu-se tão mal que disse à jovem que estava no balcão para ir buscá-las."
Será que o projecto vai aos comandantes para aprovação?

Resposta do soldado da brigada Givati:

"Normalmente, as camisas sofrem um processo de selecção por parte de alguns oficiais, mas, neste caso, elas foram aprovadas a nível do sargento do pelotão. Encomendamos camisas para 30 soldados e eles foram realmente nessa, e todos quiseram vários itens e pagaram em média 200 NIS." [Cerca de € 37].

O que acha do slogan que foi impresso?

"Eu não gostei tanto, mas a maioria dos soldados sim".

Muitas das camisas que causaram controvérsia foram encomendadas por diplomados dos cursos de snipers, que juntam militares de diversas unidades.

Em 2006, soldados do curso "Carmon Team" para atiradores especializados de unidades de elite imprimiram uma camiseta com um desenho de um palestino empunhando uma faca, centrado na reticula da mira de uma arma e o slogan, "Você tem que correr rápido, correr rápido, correr rápido, antes que tudo acabe." Por baixo está um desenho de uma mulher árabe chorando sobre um túmulo e as palavras: "E depois eles choram, e depois eles choram." [As inscrições são frases de uma canção popular.] Outra camisa de um atirador também apresenta um homem árabe na mira, e o anúncio, "Tudo com a melhor das intenções".

G., um soldado de uma unidade de elite que realizou um curso de atiradores, explicou que, "é um tipo de processo de ligação e também é sabido que qualquer pessoa que é um sniper é confuso da cabeça.

As nossas camisas têm uma data de expressões de duplo sentido, como por exemplo: "Más pessoas com bons objectivos». Cada grupo que termina um curso coloca coisas como essas. "

Quando são essas camisas usadas?

G. "São camisas para usar em casa, para fazer jogging, para usar no quartel. Não para sair. Às vezes as pessoas podem perguntar de quê que se trata." Acerca das camisas que apresentam uma mulher grávida, sob a mira de uma arma, ele respondeu: "Há pessoas que pensam que não é correcto, e eu penso da mesma forma, mas isto realmente não significa nada. Quero dizer, não é provável que alguém vá e dispare sobre uma mulher grávida. "

Qual é a ideia por trás da camisa de Julho de 2007, que tem uma imagem de uma criança com o slogan "Smaller - harder!" (Menor – Difícil)?

"É um garoto, de modo que você tem um pouco mais de problemas, moralmente, e também o alvo é menor".

Os seus superiores aprovam as camisas antes da impressão? "Sim, embora houve uma vez que eles rejeitaram algumas camisas que eram demasiado radicais. Eu não lembro do que estava inscrito nelas."

Essas camisetas também parecem bastante radicais. Porquê desenhar uma mira sobre uma criança - você atira em crianças?

"Como atirador, você enfrenta um monte de situações extremas. De repente você vê um menino que pega numa arma e cabe-lhe decidir se atira. Essas camisetas são meio a brincar. Uma fronteira com a verdade, e reflectem as situações extremas que poderão encontrar. Aquele que é honesto-para-com-Deus vê o alvo com os seus próprios olhos – esse é o sniper."

Já encontrou uma situação como essa?

"Felizmente, não envolvendo um garoto, mas envolvendo uma mulher - sim. Houve alguém que não estava a segurar uma arma, mas que estava perto de uma área proibida e poderia ter colocado uma ameaça."

O que fez?

"Eu não atirei" (ou seja, não matou).

Não lamenta isso, imagino.

"Não. Mas em quem tenha de atirar, eu atiro".

Uma camiseta impressa, esta semana para os soldados do batalhão Lavi, que passou três anos na Cisjordânia, tem inscrito: "Chegámos, vimos, destruímos!" - A par de imagens de armas, um soldado zangado e uma vila palestina com uma mesquita arruinada ao centro.

Uma camiseta impressa após a Operação Cast Lead em Gaza, para o Batalhão 890 de pára-quedistas, retrata um soldado parecido com o King Kong, numa cidade sob ataque. O slogan é claro: "Se acredita que pode ser arranjado, então acredite que pode ser destruído!"

Y., um soldado/estudante da Torah, projectou a camisa. "Você arranja quem [na unidade] saiba desenhar e depois entrega aos comandantes antes da impressão", explicou.

O que é que o soldado tem na sua mão?

Y. "Uma mesquita. Antes de ter desenhado a camisa tinha algumas dúvidas, porque queria que fosse como o King Kong, mas não demasiado monstruoso.

A parte em que ele agarra a mesquita - Eu queria que ele tivesse um rosto com aparência mais normal, assim não seria parecido com um cartoon anti-semita.

Algumas das pessoas que viram isto disseram-me: 'É isso que tem que mostrar para as FDI? Que destrói casas? "

Sou capaz de compreender as pessoas que, ao olhar para isto de fora, a vejam desse jeito, mas eu estava em Gaza e eles [os comandantes] mantinham a ênfase, de que o objectivo da operação era a destruição da infra-estrutura, de modo que o preço, que os palestinianos e os seus dirigentes, iriam pagar os faria perceber de que não vale a pena para eles andar no tiroteio. Portanto, essa é a ideia do "viemos para destruir" no desenho."

De acordo com Y., a maioria destas camisetas são usadas estritamente no contexto militar, não na vida civil. "E dentro do exército as pessoas olham para isto de maneira diferente", acrescentou.

"Eu não penso em ir a pé pela rua com esta camisa, porque [a situação] pegaria fogo. Mesmo na minha yeshiva [escola religiosa judaica] penso que as pessoas não gostariam disto."

Y. Também veio com um projecto para imprimir a camisa da sua unidade no final da formação básica. Mostra um punho cerrado estilhaçando o símbolo do Corpo de pára-quedistas.

De onde lhe veio a ideia do punho?

"É uma reminiscência do símbolo de Kahane [rabino Meir Kahane (1)]. Apropriei-me dele a partir de algo na Rússia, mas basicamente é suposto parecer o símbolo de Kahane, o de “Kahane estava certo" - é uma espécie de piada. O nosso comandante de companhia é uma espécie de Gung-ho".

A camisa foi impressa?

"Sim. Era uma camisa para a companhia. Imprimimos cerca de 100 como essa."
(NB: Este texto está incompleto. Assim ainda irá sofrer actualizações)
(1) Rabi Meir David Kahane, (1de Agosto de 1932-5 de Novembro de 1990), um rabi ortodoxo israelo- americano, conhecido pelas suas ideias nacionalistas, baseadas no conceito do "Grande Israel". Fundador do partido nacionalista Kach, e por ele eleito para o Knesset. Em 1986 o Kach foi declarado como um partido racista pelo Governo de Israel e assim Kahane banido do Knesset. Acrescente-se que depois do massacre da Caverna dos Patriarcas, em 1994, - um massacre de árabes, incluindo crianças, enquanto rezavam, por Baruch Goldstein, um activista do Kach - o movimento foi declarado fora da lei.

Sobre este tema poderá ainda ler o Público .

Gilad Shalit: 1000 dias desperdiçados... para nada!



Esta é a cópia alterada da imagem, por razões técnicas, de um contador que o Haaretz colocou na sua edição electrónica para recordar a todos, o tempo que o jovem Gilad Shalit já perdeu da sua vida.

Hoje perfaz mil dias de cativeiro, o jovem prisioneiro de guerra.

Do outro lado, nas prisões de Israel, prisioneiros de guerra e prisioneiros políticos, homens mulheres e crianças, perfazem, num só dia, 11.000 dias de cativeiro.

Todos sabemos que o inimigo não é ele, mas sim um Estado que por todos os meios procura manter e expandir os seu domínio colonial e que por isso desespera na derrota, agravando cada vez mais a repressão.

O inimigo não é ele.

Ele é o rosto de uma juventude sem alternativa e sem futuro, porque sem Paz.

20 março, 2009

Acabou-se o crédito moral!

Agora são os soldados que contam as atrocidades que foram cometidas. De viva voz!

Mas já antes tais crimes eram conhecidos e denunciados, veja-se o post "Bandeira Negra " da autoria de Uri Avnery, aqui publicado, a 3 de Fevereiro.

O que agora fica claro, se dúvidas existissem, até que ponto a ideologia colonialista e racista penetrou na sociedade israelita.

Um palestino há muito que deixou de ser um ser humano. Aos olhos de muitos israelitas, é apenas uma coisa, nalguns casos, um mero número, e as coisas destroem-se se perdem a sua utilidade.

Entre os "eleitos" e os da "raça superior" as diferenças, infelizmente, desvanecem-se a cada instante.

É tempo de lhes dizer: Acabou-se o crédito moral!

Estes assassinos não merecem referir, nunca mais, esses 6 milhões de mortos, que hoje são cada vez mais nossos do que deles.

Porque nós perpetuamos a sua memória, e encontramos também nela a força para combater a injustiça e os crimes contra a humanidade.

Mas para muitos deles, essas memórias, são apenas oportunistas bandeiras de auto-vitimização, álibis do momento, meros spots ou jingles da sua propaganda que nada fica atrás da dos carrascos dos seus antepassados.

Memórias conspurcadas, desde há mais de sessenta anos, pelo sangue de tantos outros inocentes como eles.

Eles são nossos! Porque para nós a sua memória é o acicate para que tal nunca mais se repita, muito menos na Palestina.

19 março, 2009

Acordo sobre Governo palestino de unidade nacional

Fawzi Barhoum, um porta-voz do Movimento da Resistência Islâmica, Hamas, declarou à Maan, na passada quarta-feira à noite que as facções chegaram a um acordo sobre os termos que nortearão a criação de um governo de unidade nacional.

"Há um acordo sobre a natureza do próximo governo "que será de unidade nacional”, e temporário até à realização das próximas eleições palestinas.

Afirmou ainda que responsáveis palestinos, reunidos no Cairo estão "a estudar a questão da composição política e das questões ministeriais."

Barhoum acrescentou que, a Alta Comissão Coordenadora prosseguiu com os debates e reuniões na passada quarta-feira no Cairo "com toda a seriedade e interesse sobre todos os casos trazidos pelas cinco comissões no que respeita à questão palestina", salientando que, estão a considerar uma série de obstáculos e de questões pendentes relacionadas com o Governo, Segurança e Eleições, com o objectivo de concluirem os debates decidindo.

Falando sobre o processo da Segurança, Barhoum afirmou que: "Essa questão ainda está em discussão na Alta Comissão Coordenadora, a fim de recolher opiniões de todos." Sobre as eleições legislativas, Barhoum salientou que existem opiniões diferentes quanto ao sistema, onde o Hamas quer oferecer a oportunidade a todos os palestinianos de participarem no processo eleitoral, com base num "sistema misto".

14 março, 2009

Anais do Seminário: Palestina - Conhecer para Agir

Iremos procurar publicar as comunicações que foram proferidas no Seminário: "Palestina - Conhecer para Agir", organizado pela Amnistia Internacional (Portugal), ATTAC (Portugal), CIDAC, Fórum pela Paz, Graal, neste sábado, em Lisboa.
Este é o primeiro documento e refere-se à comunicação de Tariq Al-Khudayri (1).
 
" O dilema do Estado Palestiniano".

O filósofo alemão, Kant, comentou uma vez: "Se a história mundial culminar na paz universal, sê-lo-á através da sua moralização ou através de uma catástrofe de tal magnitude que não permita qualquer outra saída?"

Ao avaliar o processo de paz no Médio Oriente, que há demasiado tempo tem considerado como solução a existência de dois Estados na Palestina, confrontamo-nos com uma situação que pode conduzir à segunda alternativa acima descrita, ou seja, a catástrofe, já que uma aproximação baseada na moral nunca foi eficaz.

Para chegar a este ponto, temos de recordar que o dilema fundamental do povo palestino nos tem acompanhado desde a divisão da Palestina através da resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas (181), em Novembro de 1947, cujo principal objectivo era criar um estado para o povo judeu cujos antepassados ocuparam parte desta terra como estado que sobreviveu por algum tempo, há dois mil e quinhentos anos.

Esta resolução que ignorou as trágicas consequências sobre a actual população árabe que a ocupa há cerca de um milénio e meio pode também ser criticada pelo seu plano irrealista, geograficamente falando, de acomodar dois estados, já que o Estado palestino estava a ocupar dois territórios separados, um adjacente à margem ocidental do rio Jordão e o outro no Mar Mediterrâneo.

Essa resolução, aprovada sob a pressão das potências vitoriosas da Segunda Guerra Mundial, foi seguida por um processo de limpeza étnica lançado por militantes sionistas antes do estado de Israel ser oficialmente criado em 15 de Maio de 1948.
Esta acção compeliu um grande número de palestinos a sair das suas casas, com a maioria deles a fugir para países vizinhos, tomando-se no primeiro grupo de refugiados.

Depois dessa data, cinco dos sete países árabes que até então eram independentes, estiveram envolvidos em guerra com Israel, a fim de ajudar os palestinos a manter a sua posição nos territórios que lhes tinham sido atribuídos pela Resolução da ONU. Israel, com a sua bem equipada força militar, que inclui pessoal treinado nalguns países ocidentais, conseguiu ocupar mais terra, afastando mais palestinianos dos territórios que lhes foram atribuídos pela Resolução, aumentando o número de refugiados.

Assim, Israel alargou a sua área de 54% para 74% da Palestina original.

A ONU, nos seus esforços para resolver o problema, designou um mediador independente para esse fim. Após o assassinato do mediador por uma organização de militantes sionistas, a ONU convocou uma Conferência de que resultou o que ficou conhecido como protocolo de Lausanne, cujos termos foram acordados entre quatro países árabes e Israel.

No entanto, Israel nunca respeitou as cláusulas quanto à devolução dos territórios recentemente ocupados ou ao regresso dos refugiados palestinianos, fazendo uso da sua posição de membro de pleno direito da ONU para bloquear tal recurso.

Em 1956, Israel tentou expandir o seu território pelo Sinai através de uma acção militar, apoiada e em colaboração com o Reino Unido e a França, que estavam a tentar obter o controlo do canal do Suez, recentemente nacionalizado pelo Egipto. Mas quando foi lançado um ultimato pelos E.UA. e pela URSS, para acabar com esta acção militar colonial, condenada em todo o mundo, a tentativa de Israel e dos seus aliados falhou. Contudo, Israel tomou outra iniciativa, mais uma vez, em 1967, quando suas forças militares através de um ataque furtivo derrotaram três dos seus vizinhos estados árabes, para ocupar não só a Palestina, mas também alguns territórios do Egipto e da Síria.

Em 1982, Israel invadiu o Líbano para aniquilar facções palestinas que tinham começado a formar uma entidade nacional político-militar rio exílio, com o objectivo de lutar pelos seus direitos e obrigar Israel a acatar a Resolução 242 da ONU, que fora aprovada depois da guerra de 1967.

Essa acção também foi condenado pelas Nações Unidas, que exortou Israel a retirar de todos os territórios ocupados. Mais uma vez, Israel nunca obedeceu excepto parcialmente quando sentiu o resultado negativo e o pesado fardo de uma tal acção contra o Líbano, mas só depois de um grande número de refugiados palestinos no Líbano terem migrado para outros países árabes. 

Os palestinianos têm vivido uma história miserável de emigração-imigração, morte e devastação desproporcionadas face a qualquer objectivo moral.

Todos os esforços feitos para alcançar a paz através de uma solução dois-estados nunca foi seriamente considerada por Israel, sustentada sobretudo no apoio dos seus aliados, principalmente os Estados Unidos, que nunca conteve o seu expansionismo ou condenou as suas atrocidades.

Ainda antes da conferência de Paz de Madrid, negociação apenas significava para Israel uma oportunidade para manter o status quo, ao mesmo tempo que introduzia novos elementos para obter mais ganhos nas próximas negociações.

É um dado adquirido que Israel nunca assumiu nenhum compromisso concreto quanto à sua retirada dos territórios ocupados após a guerra de seis dias de 1967, em conformidade com a Resolução 242 da ONU, nem em relação ao regresso ou às compensações aos refugiados, nem tão pouco sobre o estatuto de Jerusalém.

Esta situação conduziu à adopção de uma atitude mais dura por parte dos palestinos, determinados a usar todos os meios para resistir a qualquer plano que pudesse acondicionar a ambição de Israel que nunca foi enunciada de forma clara e em pormenor, em qualquer momento, desde a primeira Conferência Mundial sionista de 1897.

Esta conferência reclamou a constituição de um estado para os judeus, a maior parte dos quais tinha sido vítimas na Rússia e noutros países europeus.

Hoje, influentes políticos de extrema-direita em Israel anunciam publicamente que toda a Palestina deveria estar sob controlo e integrando o estado israelita, incluindo alguns locais com autonomia administrativa para os palestinos que queiram aceitar tal situação, enquanto a sua maioria deveria ser deportada. Além disso, insistem que os países árabes devem aceitar Israel como parceiro, com fronteiras abertas para estabelecer relações normais. Como tal, os que expressem as suas opiniões contrárias ou recorram às armas a fim de proteger seus direitos contra este tipo de regime, como o Hamas, são considerados terroristas.

A comunidade internacional ainda tende para uma solução pacífica que culmine com dois estados. Mas se Israel insiste em manter a sua presença e a hegemonia, instalando os seus colonatos, enquanto força a mais mudanças demográficas nos territórios ocupados, ninguém consegue antever a possibilidade prática de uma tal solução. Neste contexto, as seguintes questões sobre a criação de um Estado palestiniano que possa manter um estatuto normal ao lado de Israel, carecem de respostas sérias e práticas:

  • Com a imparável construção de colonatos judaicos na Cisjordânia por parte de Israel que começou na década de 1970 e nunca mais parou, mesmo após o processo de paz de Oslo de 1993, como pode existir um Estado Palestino viável com tais colonatos espalhados no meio das suas terras com altos muros erigidos nos seus territórios?

  • Que tipo de Estado Palestino seria se a sua capital se situasse numa pequena cidade longe da histórica cidade de Jerusalém que abriga a herança cultural do seu povo há mais de treze séculos?

  • Que tipo de Estado Palestiniano seria se negligenciasse os direitos do seu povo espalhado por campos de refugiados em diferentes países, sem um esquema de compensação ou reabilitação no seu próprio Estado?

  • Como pode a paz ser negociada apenas com alguns dos representantes Palestinianos enquanto uma grande facção dos que foram eleitos democraticamente é negligenciada?

  • Por último, mas não menos importante, que tipo de acordo pode ser feito que garanta que as duas partes do território atribuídas aos palestinos, Gaza e Cisjordânia, pela Resolução das Nações Unidas (181) não tenham proximidade geográfica?
O conflito do Médio Oriente tem de ser dirigido por uma liga internacional independente e moralmente obrigada, que possa considerar seriamente a iniciativa dos países árabes de 2002 em toda a sua extensão, sem demora ou negociação fragmentada que possa alterar ou modificar qualquer dos seus termos, A única excepção seria para planear as modalidades de implementação, sem modificar os seus princípios em relação à terra, o estatuto dos refugiados ou o futuro de Jerusalém, tal como preconizado por inúmeras resoluções da ONU.

Para discutir as questões envolvidas, gostaria de salientar as seguintes observações para garantir uma abordagem sóbria e verdadeiramente imparcial:
  • Nem todos os Árabes são Muçulmanos, e nem todos os Muçulmanos são Árabes.
  • Nem todos os Judeus são Sionistas, e nem todos os Sionistas são Judeus.
  • O fundamentalismo religioso é um estado de espírito relacionado com crenças espirituais, e que nem todos os fundamentalistas são fanáticos.
  • O fanatismo pode abrir espaço para actos terroristas. Mas temos de enfrentar o facto de que os actos e os comportamentos terroristas podem ser despoletados por sentimento, individuais ou colectivos, de injustiça relacionada com problemas políticos ou económicos, incluindo o colonialismo. Lutar contra a tirania e pela liberdade nunca deve ser classificado como um acto de terror.
  • Entre a liderança Palestiniana, a Organização de Libertação da Palestina (OLP) e as suas facções associadas, muitos de seus altos funcionários são cristãos cujas iniciativas como organizadores e intelectuais têm sido notadas a nível regional, bem como intemaciona1.
  • Uma boa parte dos Judeus por todo o mundo, em particular alguns dos seus líderes espirituais, opuseram-se à criação de um estado para o povo judeu, devido às suas crenças de que o Judaísmo é uma religião mundial, em vez de uma sociedade étnica confinada a um estado. Neste contexto, tem de se reconhecer que existem muitos judeus que se consideram árabes, já que fazem parte da população dos territórios árabes e têm ali as suas raízes, bem como os seus santuários religiosos há séculos.
(1) TARIQ Al-KHUDAYRI

Nasceu em 15 de Dezembro de 1929, em AI-Amarah, no Iraque.

Licenciado em Gestão de Re­cursos Químicos, pela Universi­dade Americana de Beirute, Libano;
Mestre em Engenharia Química de Petróleos, pela Uni­versidade Estadual de Oklahoma, E.U.A.;
Doutor em Engenharia Química, pela Universidade Esta­dual de Michigan, E.U.A.;

Professor, Chefe do Departamen­to de Engenharia Química e, mais tarde, Reitor-Assistente do Colé­gio de Engenharia da Universi­dade de Bagdad, Iraque, de 1960 a 1968.
Profissionalmente, foi:
Consultor em Engenharia e Indústria de várias empresas públicas e privadas, incluindo: Ministério do Petróleo e Ministério da Indústria, Iraque;
Instituto de Investigação Industrial, Líbano;
Centro de Desenvolvimento Industrial dos Estados Árabes, Egipto. (1967-1973).
Conselheiro Regional em De­senvolvimento Industrial, nomea­do pela Comissão Social e Econó­mica das Nações Unidas para a Ásia Ocidental (1973-1982). Presidente do Programa de Cooperação Técnica para os Estados Árabes, da Organização para o Desenvolvimento Indus­trial das Nações Unidas (1982­1990)
Membro do American lnstitute of Chemical Engineers.
Membro do Conselho Consultivo Interna­cional da publicação Energy Communication, durante mais de 10 anos.
Membro do Conselho do Sindicato dos Engenheiros e da Ordem dos Engenheiros Ira­quianos. entre 1965 e 1968.

Publicou numerosos trabalhos relacionados com tecnologia quí­mica, economia de projectos de engenharia e desenvolvimento industrial, com particular ênfase em ensaios sobre diversos temas socioeconómicos relacionados com o mundo árabe.

Como membro da Organiza­ção Árabe para os Direitos Huma­nos, participou em numerosos seminários e conferências, produ­zindo publicações sobre assuntos relevantes, particularmente os relacionados com aspectos sociopolíticos nos países árabes.

Estudioso de Filosofia, empe­nhou-se em estudar os acontecimentos históricos que influenciaram as tendências do compor­tamento social e o nível de vida no mundo árabe, publicando as respectivas notas.

Publicou em Português:
Palestina - A Saga de um Povo
Al-Khudayri, Tariq Hugin Editores, 2002. ISBN: 9727941370 / 972-794-137-0EAN: 9789727941377

09 março, 2009

Comissões para a Reconciliação e Unidade Palestinas: Dia -11

(Este post será sujeito a melhorias no que diz respeito ao significado dos acrónimos e no referente aos tags)

De acordo com a agência de notícias Maan, as delegações do Hamas, DFLP, PAF, ASF, PPP, PNI, a Jihad Islâmica, FPLP-CG e da FPLP irão partir de Gaza e de outras localizações de exílio, nesta segunda-feira, estando prevista a sua chegada ao Cairo pelo anoitecer para dez dias de negociações, durante as quais serão estabelecidas as bases para a reconciliação nacional e para a formação de um governo de unidade palestino.

O porta-voz do Hamas, Fawzi Barhoom, declarou que as comissões têm a liberdade de trabalhar até que completem a sua missão, mas que estão a ser incentivadas a obterem resultados nos próximos dez dias.

Os resultados das discussões serão anunciados logo que todas as cinco comissões tenham concluído os seus trabalhos e que acordos para todas as questões tenham sido atingidos. Os resultados serão implementados quase que de imediato, acrescentou Barhoum.

Para facilitar o trabalho de cada uma das cinco comissões existirá um mediador egípcio em cada uma delas.

Barhoum sublinhou que cada comissão será constituída por três representantes da Fatah, três do Hamas, enquanto as outras facções serão representadas por um, às vezes dois membros, existindo ainda um membro independente em cada comissão.

Por sua vez Mizher Jamil, membro da direcção da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) afirmou que seu partido ficará feliz por se juntar ao governo resultante das negociações e que está ansioso para ter um papel na sua formação e na elaboração do seu programa nacional.

Ele explicou que a visão da FPLP para um governo de consenso nacional é a de um governo que inclua independentes e figuras públicas que irão aderir ao acordo de consenso nacional.

Pela sua parte, Ramzi Rabah, membro da direcção da Frente Democrática para a Libertação da Palestina (DFLP) afirmou que o seu partido está na expectativa de poder abordar as duas questões mais importantes nas negociações, primeiro a de uma nova lei que defina para as eleições um sistema de representação proporcional, e o segundo a definição de uma data para as eleições presidenciais e legislativas. O partido gostaria que essas eleições tivessem lugar, o mais tardar, a 25 de Janeiro de 2010.

O Secretário-Geral da Frente Árabe Palestina (PAF), Jamil Shihadah, também afirmou que o seu partido está pronto para o diálogo. "Vamos participar olhando para o que temos em comum".

Abu Walid Az-Zoq, membro da direcção da Frente da Luta Árabe (PSA) declarou que esperava que as comissões concluíssem os seus trabalhos antes mesmo do prazo de dez dias ter terminado.

As comissões terão a seguinte composição:

Formação do Governo Transitório
.
DFLP (Frente Democrática para a Libertação da Palestina) – Qays Abd Al-Karim
Jihad Islâmica - Mohammad Al-Hindi
FPLP (Frente Popular para a Libertação da Palestina) - Jamil Al-Majdalawi
PPP (Partido Popular da Palestina) - Ghassan Al-Khatib
Hamas - Khalil Al-Hayyeh
Fatah - Nabil Sha'th
FSP (Frente Popular Luta) - Riziq Namoura
PAF (árabe palestino Frente) - Mufleh Nady
FPLP-CG (Frente Popular para a Libertação da Palestina-Comando Geral) - Mohammad Abu Sheikhah
Independente - Rawya Al-Shawwa e Qais Abdul Karim

Reconciliação (incluindo os processos dos presos políticos)

DFLP - Nasser Saleh
Jihad Islâmica - Khader Habib
FPLP - Rabah Muhanna
PPP - Nafez Ghneim
PSF - Ali Matar
PAF - Salah Abu Rukbe
Hamas - Mohammed Awad
Fatah - Ibrahim Abu An-Naja
FPLP - GC - Luay Al-Qaryouti
Independente - Yasser Al-Nasser Saleh e Wadiyeh

Segurança


DFLP - Issam Abu Duqqah
Jihad Islâmica - Jamil Yousef
FPLP - Abu Ahmad Fouad
PPP - Mahmoud Anees
PAF - Samir Al-Bardini
Hamas - Mahmoud Zahar
Fatah - Nasr Yousef
FPLP - GC - Ismael Abu Abdo
Independente - Abdel Aziz Ash-Shaqaqi

Eleições
DFLP - Fahd Suleiman
Jihad Islâmica - Khaled Al-Batsh
FPLP - Khalida Jarrar ou Kayed Al-Ghoul (AIO*)
PPP - Taysir Muheissen
PSF - Rafiq Salim Sleiman
PAF - Ziyad Al-Areda
FPLP - GC - Aiman Abu Hachem
Independente - Ali Al-Jarbawi

Organização de Libertação da Palestina (reorganização)
.
DFLP - Ramzi Rabah
Jihad Islâmica - Ziad An-Nakhalah
FPLP - Maher At-Taher
PPP - Walid Maher Awad ou Ash-Sharif (AIO*)
PSF - Khalid Fawzi
PAF - Jamil Shihadeh
Hamas - Musa Abu Marzouk
Fatah - Ahmed Qurei
FPLP-CG - Omar Ash-Shuhabi
Independente - Abdullah Al-Hourani e Ramzi Rabah

*(AIO) – A indicar oportunamente

Existirão ainda duas comissões de acompanhamento, que incluirão tanto representantes da Fatah como do Hamas. Além do acompanhamento, terão por missão a libertação de presos políticos e de fazer parar campanhas de incitamento nos meios de comunicação social, bem como o compromisso da monitorização das decisões acordadas pelas comissões do Cairo.