Uma atmosfera positiva prevalece no Cairo nas conversações relativas ao cessar-fogo com Israel, à reconstrução de Gaza e à reunificação do governo palestino, afirmou o líder do Hamas, Salah Bardawil na terça-feira à noite.
Falando ao telefone a partir do Cairo, Bardawil declarou à Maan que "O Hamas negociou a proposta egípcia sobre o cessar-fogo com Israel positivamente. No entanto, o Hamas pediu explicações sobre algumas propostas israelitas, especialmente quanto à sua oposição à entrada de certos materiais para a Faixa de Gaza, que Israel alega são utilizados no fabrico de armas."
Momentos antes referira que Israel havia bombardeado a Faixa de Gaza, em pelo menos dois lugares.
Também afirmou que um acordo foi alcançado quanto à formação de comités de unidade palestina para supervisionar a reconstrução de Gaza e de outras comissões para planear as conversações sobre a reconciliação nacional palestina marcadas para dia 22 de Fevereiro.
"A delegação do Hamas discutiu os três temas, cessar-fogo, conciliação e a reconstrução de Gaza com o director dos serviços secretos egípcios Omar Suleiman," disse Bardawil.
Condições de Israel, respostas do Hamas
Segundo Bardawil, Israel oferece permitir a entrada de 75% dos bens actualmente proibidos de entrar em Gaza em troca da libertação do soldado israelita Gilad Shalit em cativeiro. Os restantes 25% são bens que Israel afirma que poderão ser utilizados para fazer armas.
"Não temos nenhuma objecção ao cessar-fogo em troca do levantamento do cerco e à abertura dos postos de passagem. Não nos opomos a que se aborde o caso Shalit em conjunto com as negociações de cessar-fogo, mas pedimos explicações sobre a natureza deste material que Israel não quer deixar entrar", acrescentou, afirmando que o seu movimento estaria pronto para uma troca de prisioneiros com Israel a partir de amanhã, quarta-feira.
Bardawil acrescentou que o Hamas, como parte de um cessar-fogo, concordará em parar de disparar projécteis contra Israel. No entanto, Hamas pedirá a ajuda do Egipto para convencer outras facções a conterem-se.
No que diz respeito à exigência de Israel para que o Hamas pare o contrabando através de túneis sob a fronteira Gaza-Egipto, a resposta do Hamas é que o Hamas não é um estado e que necessitará da cooperação para reprimir o contrabando.
No entanto, explicou, "O Hamas não vai concordar em parar com o contrabando de armas em Gaza, porque isso significaria o fim da resistência."
"A política não deve interferir na reconstrução de Gaza"
Segundo Bardawil, o Hamas disse aos egípcios que a reconstrução de Gaza deve ser despolitizada. O grupo sugeriu que o Hamas, Fatah, e as outras facções formem comités conjuntos para supervisionar a construção.
Outra opção seria uma comissão não-partidária de especialistas em direitos humanos e de outros tecnocratas que coordenaria a reconstrução com os Estados doadores.
Destacou ainda que o mecanismo de reconstrução seria anunciado na conferência de Estados doadores a ser realizada no Cairo, a 2 de Março.
Hamas-Fatah reconciliação
Bardawil sublinhou que o Egipto tem a intenção de convidar as facções palestinianas para uma reunião em 22 de Fevereiro para clarificar a forma como irá prosseguir a reconciliação nacional.
Disse ainda que cinco comissões serão formadas para tratar de aspectos específicos do conflito interno palestino, incluindo a segurança e a estrutura da Organização de Libertação da Palestina (OLP).
As comissões vão começar a funcionar com a assistência de uma comissão Árabe que ajudará a criar uma "atmosfera positiva", disse ele.
Concluiu declarando que o Hamas pediu aos egípcios para formar uma comissão jurídica para o acompanhamento das detenções pela Autoridade Palestina de membros do Hamas na Cisjordânia.
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