19 fevereiro, 2011

Colonatos israelitas provocam primeiro veto da Administração Obama nas Nações Unidas

Um artigo de Maia João Guimarães no Público. A ler.


Actualizado em 2011.02.19-19:10
Entretanto talvez não fosse mal ter presente os outros membros permanentes do Conselho de Segurança, para além dos EUA: China, França, Rússia e Reino Unido.
E que os membros não permanentes são, actualmente: Portugal Alemanha e Bósnia-Herzegovina; Brasil, Índia, África do Sul, Colômbia, Líbano, Gabão e Nigéria.

É ainda de salientar que os países da UE  presentes, nomeadamente Portugal, votaram favoravelmente a resolução o que deixa os EUA ainda mais isolado e que os BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) também o fizeram.


Pressão dos EUA não travou votação no Conselho de Segurança de texto que classifica a colonização israelita em território ocupado como "ilegal".

Entre a espada e a parede, os Estados Unidos foram ontem obrigados a tomar posição sobre um texto que considerava "ilegais" os colonatos israelitas em território ocupado. E a posição foi vetar a proposta: o primeiro veto no Conselho de Segurança (CS) da ONU feito pela Administração do presidente Barack Obama.

Segundo a agência Reuters, todos os outros 14 membros do CS votaram a favor da proposta.

Os palestinianos decidiram forçar a votação,apesar de os EUA lhes terem "implorado" (a palavra é do diário hebraico Ha"aretz) que não o fizessem. O último veto norte-americano no CS datava de Novembro de 2006, quando o então embaixador John Bolton barrou uma proposta que condenava um ataque israelita à Faixa de Gaza, no Verão desse ano.

O texto ontem discutido continha passagens de críticas aos colonatos praticamente tiradas de discursos de responsáveis americanos. Mas, apesar de terem criticado a colonização israelita, os EUA nunca chegaram a usar a palavra "ilegal" para a classificar, sublinha o diário New York Times.

A Administração tinha pressionado os palestinianos para aceitarem discutir apenas uma declaração, menos forte do que uma resolução (e não vinculativa), que pediria ainda o recomeço das negociações entre israelitas e palestinianos. Teria sido ainda prometido o envio de uma missão de investigação aos colonatos. Houve telefonemas a Mahmoud Abbas, primeiro do próprio Presidente Obama, depois da secretária de Estado, Hillary Clinton.

Abbas tinha-se reunido ontem com a comissão executiva da Organização de Libertação da Palestina (OLP), onde foi decidido apresentar a resolução através dos Estados árabes. "A decisão foi tomada, apesar de pressão americana", comentou um membro do organismo à agência Reuters.

Quando começou a ser discutida a apresentação deste texto no Conselho de Segurança, já em Janeiro, os EUA tinham sugerido que a resolução não traria vantagens para o processo de paz, e este foi o argumento ontem repetido para justificar o veto.

Mas depois do falhanço norte-americano em conseguir um novo congelamento da colonização (que era o pré-requisito da Autoridade Palestiniana para continuar a negociar directamente com o Estado hebraico) e depois das revelações de grandes concessões palestinianas em anteriores negociações (que os responsáveis israelitas recusaram), o processo de paz é agora considerado morto e enterrado.

A linha de actuação da Autoridade Palestiniana tem-se focado antes em fortalecer instituições, e os seus responsáveis ameaçam declarar unilateralmente um Estado ainda este ano.

Um outro responsável palestiniano comentou à Reuters que, se Mahmoud Abbas decidisse retirar esta resolução, estaria a arriscar "uma catástrofe política". "As pessoas iriam para a rua e derrubariam o presidente", comentou, lembrando a onda de protestos na Tunísia e Egipto.

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